‘Abuso sexual em abrigos no RS é o que ocorre dentro de casa’, diz ministra

Enviado por / FonteUOL, por Jamil Chade

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, considera que a violência sexual registrada contra mulheres nos abrigos que recebem desalojados pelas enchentes no Rio Grande do Sul é o espelho do que as vítimas já enfrentam na esfera privada.

Em entrevista nesta quarta-feira, em Genebra, a ministra destacou que viajou até o Rio Grande do Sul na semana passada, em parte motivada pelas denúncias de abusos sexuais.

“Todo mundo se assustou. Mas nós sempre denunciamos tanto a violência doméstica como a violação de meninas e adolescentes dentro de casa”, disse. “E ninguém nunca considerou”, lamentou.

“Quando você está no abrigo, essas questões se tornam públicas. Você passa a estar num lugar público”. disse.

A ministra deixou claro que não quer tratar dessa violência como algo específico aos momentos de desastres.

“Não é por ela estar abrigada ou refugiada que isso ocorreu. Não quero colocar nesse nível. Acho que o que vem a público é o que ocorre dentro de casa. Por qual motivo temos tantas meninas com violência sexual e gravidas? Quando vemos os números, vemos que há a família. É o pai, é o irmão, o avô, ou o parente mais próximo”, disse.

“Quando você está a quatro paredes, a menina é ameaçada e fica quieta. Ou, quando ela denuncia, ninguém acredita. Quando você está num abrigo, que é publico, isso é evidente”, completou.

Cida Gonçalves explicou que um protocolo foi desenhado para ajudar essas mulheres e seu objetivo é que essas regras se transformem em diretrizes para a atuação do estado e de grupos em qualquer situação de emergência climática.

Isso inclui medidas especiais desde o momento do salvamento da pessoa, para onde são levadas e a preparação da equipe. “Existem coisas que podem ser feitas desde o começo”, disse.Continua após a publicidade

A proposta é que o protocolo não seja apenas para o Rio Grande do Sul, com abrigos e profissionais que possam atender as mulheres em qualquer situação no país.

A chefe da pasta foi até o Rio Grande do Sul durante o dia das mães e afirmou que manteve um diálogo tanto com a Secretaria de Mulheres do estado como com a Secretaria de Justiça e Cidadania. Ela também esteve reunião com movimentos sociais e grupos feministas. “Elas estão no campo, salvando vidas”, relatou.

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