Julgamento de Jean-Pierre Bemba na Corte de Haia aponta abusos a homens e mulheres
O ex-vice-presidente da República Democrática do Congo (RDC), Jean-Pierre Bemba, foi acusado nesta segunda-feira (22) de ter permitido “conscientemente” à sua milícia cometer cerca de 400 estupros entre 2002 e 2003, no início de seu julgamento na Corte Penal Internacional (CPI) de Haia.
O promotor da CPI, o argentino Luis Moreno Ocampo, afirma que Bemba chefiava 1.500 homens que cometeram centenas de estupros e saques.
– Bemba era o comandante militar com autoridade efetiva e o controle das tropas que cometeram os crimes.
Este opositor congolês, candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2006 na RDC, é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, entre os quais estupros, saques e assassinatos, cometidos na República Centro-Africana por sua milícia, o Movimento de Libertação do Congo (MLC).
Homens estupraram civis durante cinco meses
Em outubro de 2002, os 1.500 homens do MLC atravessaram o rio Ubangui, fronteira natural entre a RDC e a República Centro-Africana, para ajudar o presidente centro-africano, Ange-Félix Patassé, vítima de tentativa de golpe orquestrada pelo general François Bozizé.
Segundo a acusação, durante cinco meses, até março de 2003, estupraram mulheres, homens, crianças e idosos, saqueando e matando aos que opunham resistência.
– Grupos de dois e três soldados invadiam as casas. Estupravam as mulheres, independentemente de sua idade. Quando os civis resistiam, os matavam.
Mais de 700 vítimas participarão do processo
A CPI autorizou a participação no processo judicial contra Bemba de 759 vítimas, e deve examinar os processos apresentados por 500 pessoas que contabilizam cerca de 400 estupros, segundo fonte do tribunal.
Corpulento, o réu, que vestia terno azul marinho e gravata azul claro, mostrou-se impassível durante a leitura das acusações. Se for condenado, ele pode ser sentenciado à prisão perpétua.
Preso em 2008, em Bruxelas, depois de ter fugido da RDC em 2007, Bemba é julgado pela CPI como chefe militar e por não ter tomado as medidas para impedir os crimes de seus milicianos.
Segundo a defesa, as tropas do MLC combateram “com uniforme e sob a bandeira centro-africana”.
Fonte: R7