Bancada feminina: Vamos sair da lista da vergonha

A bancada feminina no Congresso reforçou, em várias atividades realizadas nesta terça-feira (5), a campanha pela aprovação, na reforma política, da proposta que garante 30% das vagas nos parlamentos (municipais, estaduais e federal) para as mulheres. E receberam um importante apoio. O vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, declarou apoio ao pleito feminino.

Por Márcia Xavier, do  Vermelho 

“(A sub-representação feminina no parlamento) Não é compatível com a posição do Brasil perante o mundo e nem é compatível com a nossa participação na sociedade”, afirmou Vanessa ao vice-presidente.

A bancada feminina esteve em audiência com o vice-presidente, no final da tarde, quando pediu apoio para a ação afirmativa, instituindo a reserva de cadeiras nos parlamentos brasileiros destinados a mulher.

“Vamos sair da lista da vergonha”, declarou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), procuradora da Mulher no Senado, em referência ao fato do Brasil ocupar a 124ª posição em uma lista entre 188 países quanto à participação das mulheres no Poder Legislativo.

“Não é compatível com a posição do Brasil perante o mundo e nem é compatível com a nossa participação na sociedade”, afirmou a senadora ao vice-presidente. Ela disse que além de todas as barreiras culturais, existem obstáculos na legislação que permita a ampliação dos espaços de poder para as mulheres.

Temer declarou que “não tenho nenhuma objeção, acho que vocês estão certas (em sua proposição)”, admitindo que embora esteja fora do parlamento e deva ter cuidado com interferências do Executivo no Parlamento, pode manifestar sua opinião favorável à postulação, tanto do ponto de vista político quando jurídico.

Outras ações

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Mais cedo, no Hall da Taquigrafia da Câmara, as parlamentares fizeram um ato político. Portando chapéus, elas fizeram reverências às mulheres, ao mesmo tempo em que denunciavam as características masculinas do Congresso Nacional, que possui uma chapelaria, espaço onde se guardam chapéus, que faziam parte da indumentária dos homens.

Em seguida, as mulheres foram ouvidas em audiência pública na comissão especial que trata da reforma política (foto ao lado). No debate sobre mecanismos legislativos para promover maior participação e representatividade feminina no processo político-eleitora, as oradoras manifestaram concordância com a proposta da bancada feminina.

Para a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vic Barros, “o parlamento está diante de um momento decisivo ao debater a reforma política para aprofundar a democracia brasileira e garantir mais proximidade entre o debate que se faz no parlamento e aquilo que a sociedade almeja em cada região do nosso país”. E, segundo ela, o aprofundamento da democracia passa necessariamente por ampliação da participação das mulheres nos espaços de poder.

A ministra Eleonora Menicucci também defendeu a ampliação da participação das mulheres na política. Segundo ela, é preciso alterar a situação da mulher, que possui dupla jornada de trabalho, o que a afasta da política. Ela lembrou que as mulheres saíram de casa para o trabalho na rua, mas os homens não saíram da rua para ocupar espaço dentro de casa.

Ela também defendeu o financiamento público de campanha, destacando que os homens – por questões seculares – têm mais condições de financiamento. E insistiu em dizer que o parlamento não pode ter a face masculina, “porque nós somos mais da metade do eleitorado e mãe da outra metade e s não somos representadas”, dizendo que devemos quebrar a cultura de que o mundo político é masculino e branco.

Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier

 

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