Brasileiro vence racismo para virar ídolo no Southampton

De todos os grandes campeonatos europeus, aquele em que os jogadores brasileiros têm a menor inserção é na Inglaterra, devido aos pré-requisitos necessários para entrar no país como atleta profissional sendo um extra-comunitário (de nações fora da União Europeia). Quando se tem ciência disso, a informação de que um atacante do Páis desfila pelos gramados ingleses sempre chama atenção. Mais ainda quando se trata do desconhecido Guilherme do Prado, ou apenas Guly, ídolo da fanática torcida do tradicional Southampton.

Já com 30 anos de idade e misturando um pouco do português com o Italiano (atuou na Itália de 2002 a 2011), o meia comentou sobre a campanha de seu clube nesta temporada, que devolveu o clube à primeira divisão após sete anos de uma amarga ausência ( teve direito até a uma inesperada queda para a terceira divisão nacional nesse período). A Itália, por sinal, é o lugar onde ele viveu duas experiências que marcaram para sempre a sua carreira: ganhou o apelido Guly de um companheiro no Catania que não conseguia falar Guilherme e sofreu uma partida inteira com gritos racistas da torcida do Hellas Verona.

“Era um jogo do playoff da Série B, quem perdesse a disputa cairia para a terceira divisão. Eu estava no Spezia, emprestado pela Fiorentina, e nós ganhamos o primeiro por 2 a 1 em casa. Fiz gol, joguei muito bem. Na volta, eu não podia encostar na bola que vinham me xingando de “macaco” e os urros como se fossem gorilas”, relatou, dizendo não se preocupar com isso. “São pessoas limitadas.”

A trajetória do jogador, inclusive, foi marcada por histórias difíceis desde que saiu da Portuguesa Santista, em 2002, onde era comandado pelo “sempre bravo” Muricy Ramalho e tinha medo de falar. “Cheguei na Fiorentina depois de três anos na Europa, mas tive duas lesões no joelho, fiquei muito tempo parado. Eles me emprestaram para alguns lugares e eu fiquei rodando lá, até vir para o Southampton”, contou.

E foi na Grã-Bretanha que ele encontrou o seu melhor futebol. Quarto maior artilheiro do time no ano, anotando dez gols em seus 36 jogos na Segunda divisão inglesa, Guly se derrete ao falar daquela que virou a sua casa.

“Eu cheguei da Itália e vi que aqui o público segue muito o time, não importa o que acontece. Tive medo e esperança ao abandonar o Brasil, mas sempre tive o sonho de jogar aqui. Hoje consegui realizar”, disse, exaltando a festa pela conquista da subida à elite. “Foi sensacional”. Bem por isso que o brasileiro ainda não se vê deixando o clube em um curto espaço de tempo. Com a oportunidade de jogar diante de astros do futebol mundial, como Rooney, Drogba, Tevez, Aguero e Van Persie, ele espera permanecer por mais alguns anos no Southampton.

“Foi difícil no começo por causa da língua, mas depois a gente aprende e vai se virando. Pretendo ficar porque aqui estou muito bem, estou feliz e quero ajudar o time a se manter na primeira. Todo mundo vive o clube”, explicou o meio-campista, que tem mais um ano e meio de contrato na agremiação.

Além do time do Sul inglês, que somou 88 pontos na campanha, quem também garantiu presença na elite foi o Reading, primeiro colocado com 89. No próximo sábado, dia 19, o West Ham decide com Blackpool, em jogo único, quem conquistará a terceira vaga para o Campeonato Inglês.

Fonte: Terra

+ sobre o tema

Quem mandou matar Emilly e Rebeca?

Chega um tempo em que a dor não basta....

Torcida santista reprovam no Orkut ofensas racista a Diego Maurício

O duelo entre Santos e Flamengo nesta quarta-feira foi...

Fugindo da guerra, congoleses enfrentam violência, racismo e desemprego para recomeçar no Brasil

Se não tivessem desembarcado no Brasil cinco anos atrás, os irmãos...

para lembrar

Documentário “Eu Não Sou Seu Negro” estréia no Brasil

2017 foi agraciado com grandes produções negras nos cinemas,...

Somos racistas

Fonte: Brasilia eu vi - por Leandro Fortes Enquanto interessava às...
spot_imgspot_img

Ensino agoniza com calor, descaso e ataques a professores no RS

O Rio Grande do Sul tem registrado nos últimos dias ondas de calor extremas. Algumas cidades chegaram a registrar recordes históricos de temperaturas, como...

Antes do primeiro choro, os lindos negros estão em desvantagens

Negros estão em desvantagem em quase todos os aspectos da vida em sociedade. Digo quase todos porque ganhamos na música, na dança, no futebol,...

Que tipo de racista eu sou?

A pergunta foi feita pela psicanalista Isildinha Baptista Nogueira em um evento da SP Escola de Teatro. Mulher negra em um ambiente eminentemente branco e...
-+=