“Cabral está desesperado”, diz líder comunitário da Rocinha sobre sumiço de Amarildo

O líder do movimento Favela Não Se Cala, André Luiz Abreu de Souza, 38, um dos grupos que convocou a passeata desta quinta-feira (1º) na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, afirmou que o governador Sérgio Cabral (PMDB) está “desesperado” com a repercussão midiática do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, 42.

Amarildo, morador da Rocinha, não é visto desde o dia 14 de julho, quando foi levado por policiais para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade.

“É lógico que ele está desgastado. E vai tentar de todas as formas achar o corpo e o culpado, pois ele está desesperado com a repercussão do Amarildo. Ele está vendo que as UPPs, o carro-chefe do governo dele, não garante a segurança pública, e sim um processo de higienização social”, disse. “A UPP é a última tábua que ele se agarra antes de afundar.”

Para Souza, o sumiço de Amarildo é “apenas mais um” caso de desaparecimento em comunidades pacificadas. “Queremos saber onde estão os ‘Amarildos’. Muita gente já sumiu em circunstâncias suspeitas com essa política de segurança adotada pelo Cabral”, afirmou o líder do movimento Favela Não Se Cala.

Questionado sobre uma suposta relação entre o desaparecimento do pedreiro e a ação de traficantes de drogas da região, Souza afirmou ser “fácil para o governo do Estado criminalizar o caso Amarildo”, pois a polícia só teria demonstrado interesse em investigar depois que o sumiço do morador da Rocinha ganhou destaque na imprensa. “Eles vão ter dificuldade para encontrar o corpo. É mais fácil jogar a culpa no tráfico de drogas”, finalizou.

Procurada pelo UOL, a assessoria do governador afirmou que ele já se manifestou sobre o caso. “A Unidade de Polícia Pacificadora é perfeita? Claro que não. Se some o Amarildo [na Rocinha], vamos descobrir onde está o Amarildo”, afirmou Cabral na quarta-feira (31), durante a solenidade de reabertura da sede da ONG Afroreggae na comunidade do Alemão.

A Polícia Civil e o governo estadual do Rio anunciaram dar prioridade a este caso que causou comoção. O Ministério Público já trata o caso como homicídio.

O pedreiro foi detido ao ser confundido com um traficante que comanda a Rocinha e, segundo os policiais, posto em liberdade em seguida. As câmeras da UPP da Rocinha, no entanto, não registraram a entrada ou saída de Amarildo do local. Segundo a polícia, o equipamento estava com defeito.

Protesto
Moradores e líderes comunitários da favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, iniciaram, por volta das 19h, uma passeata contra o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, retirado da porta de sua casa no último dia 14 de julho e levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Às 21h, eles chegaram à rua Aristides Espíndola, no Leblon, onde mora o governador do Estado, Sérgio Cabral, e onde cerca de 50 pessoas estão acampadas desde a noite de domingo (28).

Os manifestantes cantavam palavras de ordem contra o governador –“Cabral bandido, cadê o Amarildo?”– e cantavam um trecho da música “Rap da Felicidade” –“Eu só quero é ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci”.

Durante a passeata, eles fecharam os dois sentidos da Autoestrada Lagoa-Barra e o túnel Zuzu Angel. O líder do movimento Favela Não Se Cala, André Luiz Abreu de Souza, 38, um dos grupos que convocou a passeata, afirmou que o governador Sérgio Cabral (PMDB) está “desesperado” com a repercussão midiática do desaparecimento do pedreiro.

*Colaborou Paula Bianchi

Por:Hanrrikson de Andrade

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 Fonte: UOL 

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