Candidatos brancos ignoram questão racial no debate

Para especialista, ausência de negros e negligência ao tema lança manto de invisibilidade sobre racismo estrutural

O debate da Band chamou atenção pela falta de diversidade tanto na bancada como na equipe de imprensa escolhida para questionar os candidatos. Foram muitos tuítes de telespectadores questionando, além da ausência de pessoas negras, a questão racial não estar entre os temas discutidos, embora os negros correspondam a 56% da população brasileira.

Para Liliane Rocha, CEO e Fundadora da Gestão Kairós e Mestre em Políticas Públicas pela FGV,  a ausência de negros entre os candidatos e entre os jornalistas lançou um grande manto de invisibilidade sobre o racismo estrutural brasileiro. Em sua opinião, foi criado um ambiente propício para que uma temática crucial – da equidade racial e inclusão – fosse totalmente negligenciado. Ela enumera os temas que poderiam ser tratados:

– Estamos em um ano em que há o desafio de revisitar a Lei de Cotas, um tema que está latente entre a população negra, e que em nenhum momento foi conversado em profundidade. Nem empregabilidade negra, nem a violência, inclusive do aparato estatal sofrido pela população negra, nem formas de assegurar a população negra mais presente na alta liderança das grandes empresas ou no Congresso e por aí se vai. 

A Gestão Kairós lançou a ‘Cartilha do Voto Inclusivo: Diversidade e Democracia’, em que orienta a população sobre a importância de votar com consciência e as possibilidades de alcançar uma eleição “mais diversa, justa e igualitária” . E defende uma representatividade que espelhe a demografia da sociedade brasileira com voto em mulheres, negros, mulheres negras, LGBTQPIAN+, pessoas com deficiência, lembrando que entre as “11 principais pré-candidaturas, há três mulheres, sendo os demais homens, héteros, cisgêneros, cristãos e economicamente privilegiados”. 

Liliane afirma que o debate deixa sensação de desgosto para o povo brasileiro.

– Neste primeiro debate, num ano como esse e neste contexto global, vemos apenas pessoas brancas, despreparadas e sem querer fazer esforço para falar de forma direta da questão racial, da questão indígena e das pessoas com deficiência. Uma fagulha de alegria foi ter pelo menos ter duas mulheres no debate que mostram que representatividade importa. 

Veja alguns tuítes sobre o tema:

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