Caso Jandira: especialistas em saúde pública afirmam que aborto precisa ser debatido

Especialistas em saúde pública afirmaram que o aborto é um tema que precisa ser debatido por autoridades e pela população. Para a médica Ligia Bahia, do Laboratório de Economia da Saúde da UFRJ, casos como o de Jandira poderiam ser evitados.

— O caso de Jandira é um exemplo do que chamamos de aborto inseguro. É aquele realizado fora de uma unidade médica credenciada. No Brasil, pelo fato de o aborto ser ilegal, a intervenção realizada em clínicas clandestinas é a mais comum. As mulheres se colocam numa situação de extremo risco quando se submetem a esse tipo de operação — disse Ligia.

A médica enfatizou que o aborto inseguro vem provocando graves consequências na rede pública:

— Hospitais fazem muitos atendimentos por conta de complicações de aborto. O ideal seria a sociedade debater esse tema sem ideologia, focando apenas a grave questão de saúde pública.

O presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, Marcelo Burla, chamou a atenção para os riscos de um procedimento como esse:

— Um aborto ilegal abre possibilidades para infecções e hemorragias, e não faltam casos de imperícia que resultam na permanência do feto no útero. Não há mais como defender a falta de debate sobre o tema.

Em nota, Ana Rocha, titular da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do município do Rio, se manifestou sobre o caso de Jandira: “Não podemos ficar indiferentes à morte de mulheres, seja qual for a situação’’.

Marta Dantas, subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres do governo estadual, informou que o Hospital-Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, o Hospital da Mãe, em Mesquita, e o Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, têm serviços de contracepção de emergência e fazem encaminhamentos para programa de planejamento familiar da Secretaria de Saúde.

Fábio Teixeira

 

 

Fonte: Agência Patricia Galvão

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