Em 1988, tomei conhecimento do Geledés no Tribunal Winnie Mandela e iniciei minha contribuição para a organização em 1990, na área de comunicação. Em 1993, comecei a integrar a equipe da revista Pode Crê como auxiliar no Projeto Rappers. Naquele momento, mal sabia que esta instituição me colocaria em contato com uma pessoa que mudaria toda a minha trajetória profissional.
Em 1995, conheci a programadora Gisele Mills, vinda dos EUA para fazer uma agenda em Geledés. Gisele, que trabalhava na WC3, propôs que eu aprendesse HTML, uma tarefa desafiadora inicialmente, afinal, na época, pouco se falava no assunto, e pensar na construção de um site institucional para organizações do movimento negro era algo não cogitado por ser caro. Em 20 de novembro de 1997, Geledés fez história ao tornar-se a primeira organização negra a ter um site na internet, conforme destacado na reportagem da Folha de S.Paulo. Nessa fase, o site era institucional, reproduzindo apenas artigos de Sueli Carneiro, hoje presentes no livro “Escritos de uma Vida” e sendo um espaço para a divulgação de outras agendas de organizações da sociedade civil.
O tempo passou, a internet também evoluiu rapidamente. Em 2008, conversando com Sueli Carneiro, entendemos que, pela conjuntura atual, havia um grande risco de a organização fechar. Foi então que decidimos construir um local que abrigasse de forma virtual todas as frentes da organização. Inicialmente, a ideia era atualizar o site, mas após extensas pesquisas e testes, lançamos o Portal Geledés em 20 de novembro de 2009.
Durante a criação, definimos que o Portal não seria um site de notícias, mas concentrar-se-ia em pesquisas sobre questões de gênero e raciais, visando criar um banco de dados de “escritos negros” para apoiar pesquisas acadêmicas. Este conceito atraiu contribuições de amigos, parceiros e outros colaboradores, solidificando o Portal Geledés como uma referência em pesquisa para escolas e academia.
Ao longo dos anos, diversos sites, blogs e portais surgiram, inspirados pelo padrão que estabelecemos ao abordar questões com recorte de raça e gênero. A missão do Portal sempre foi proporcionar um banco de dados de pesquisas sobre questões raciais e de gênero, destacando as ações da instituição.
A jornada que começou em 20 de novembro de 1997 culminou com o reconhecimento, em 13 de novembro de 2023, como um canal relevante de comunicação racial no país. Agradecemos a todos que fizeram parte desta história. Obrigado!