Editora Malê lança “A MÃE DO MUNDO: vida e lutas de Mãe Beata de Yemanjá”, estreia em livro do jornalista Jefferson Barbosa

Perfil biográfico da ialorixá traz detalhes de sua incansável defesa dos direitos humanos e da liberdade religiosa, com textos de Flávia Oliveira, Eliana Alves Cruz, Sueli Carneiro e Xico Sá

Lançamento será na será na Livraria Blooks de Botafogo, no Rio de Janeiro, em 17 de novembro, e na Casa da Utopia, na sexta 24, dentro da programação paralela da FLIP

“Sou de uma religião em que o tempo é ancestralidade.

A fruta só dá no seu tempo, a folha só cai na hora certa.”

Mãe Beata de Yemanjá

Odoyá, salve mãe Iemanjá, a Rainha do Mar!”. Algo parecido com a conhecidíssima saudação à Orixá mais popular do Brasil poderia ser entoado para homenagear a ialorixá Mãe Beata de Iemanjá. A rainha de todas as águas, elemento indispensável à vida, e mãe de todos os santos do candomblé, era também a orixá de cabeça de Beatriz Moreira Costa. Mulher negra, baiana de Cachoeira, bisneta de escravizados, e mãe de quatro filhos, ela foi uma das mais ativas sacerdotisas a favor da luta pela liberdade religiosa no país.. 

Não por acaso, o título desta obra é A mãe do mundo, livro de estreia do jornalista Jefferson Barbosa. que “bordou um perfil biográfico amoroso de uma mulher forjada no afeto”, como aponta sua colega, Flávia Oliveira, no texto de orelha. O lançamento será na Livraria Blooks, no Rio de Janeiro, em 17 de novembro, sexta-feira, às 18h. O autor também fará uma sessão de autógrafos na Casa da Utopia, no dia 24 de novembro, dentro da programação paralela da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). 

Salve, portanto, “a mãe de muitos, avó de tantos, cuidadora de todos, Mãe Beata de Yemanjá”, ainda nas palavras da jornalista. Após se mudar para a Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, em busca de mais oportunidades para os filhos, Mãe Beata trabalhou como empregada doméstica, manicure, cabeleireira, pintora, artesã e figurante de novela da TV Globo, empresa onde trabalhou como costureira até se aposentar. “Sua história se entrelaça com muitas outras, inclusive com a história do Brasil”,  aponta o autor. 

Isto porque sua dedicação à religião não era menor que sua vigorosa militância. A partir de seu olhar empático e generoso para com o outro, ao longo de 86 anos de vida, Mãe Beata se doou em firme atuação política, com efeitos de proporções nacionais. Na obra, o leitor irá conhecer em detalhes seu protagonismo em lutas contra o racismo, o machismo, a homotransfobia e a intolerância religiosa, de dentro para fora dos terreiros. 

As muitas lutas de Mãe Beata

Entre os destaques de sua incansável atuação está, por exemplo, seu papel fundamental, junto a outras mães de santo, na construção da Lei de Cotas e no processo político pela sua aprovação. Tão importante quanto foi a sua atividade à frente da ONG Crioula, uma das mais importantes organizações em prol da mulher negra e da saúde da população negra no Brasil. Ela também foi a responsável, em projeto com a PUC-Rio, pelo principal mapeamento dos terreiros de umbanda e candomblé em todo o território nacional. 

Este A mãe do mundo retrata sua caminhada como pioneira e revolucionária no ativismo de questões sociais a partir do Candomblé, seus passos e percepções sobre o mundo e suas microdinâmicas. Mãe Beata de Yemanjá é parte de um panteão de nomes da história afro-brasileira que não podem ser esquecidos”, afirma Jefferson em sua apresentação. Ele lembra que a militância da ialorixá foi tamanha, a ponto dela ter sido convidada a emprestar seu nome para denominar a principal organização pela liberdade religiosa, no país.  

Mãe Beata se junta a uma poderosa fileira de mulheres que mergulharam profundamente na experiência coletiva de suas comunidades religiosas. Mulheres que de forma proativa interferiram em rumos cruciais para garantir a existência e a continuação de seus cultos, em um país desde sempre hostil com as religiões cujas origens são o pertencimento negro”, atesta a escritora e roteirista Eliana Alves Cruz no prefácio do livro, que traz textos de contracapa da escritora e ativista Sueli Carneiro e do jornalista Xico Sá. 

Quase como uma Chefe-de-Estado, Mãe Beata representou e defendeu as causas dos povos de terreiro, das mulheres negras, e do povo negro em diversas ocasiões oficiais e solenes como a Rio 92, a Rio +20, e em muitas outras oportunidades ao longo do segundo mandato do governo Lula, quando teve um emblemático encontro com o Papa Francisco. Após sua passagem, em 2017, seu filho, o babalorixá Pai Adaílton, é o sacerdote que atualmente dá continuidade ao seu trabalho religioso e político, na liderança do terreiro fundado por ela. 

Atravessamentos e semelhanças

O autor a conheceu em 2015, ainda estudante, ao entrevistá-la em seu terreiro, Ilê Omiojúàrô, para o coletivo de mídia livre Voz da Baixada. “Manifestei o desejo de escrever sobre sua história de vida”. Essa ideia o acompanhou durante todo o período do curso de Jornalismo da PUC-Rio, onde se formou. “Fui atravessado por ela”, relembra ele, que precisou organizar um imenso mosaico de informações sobre Mãe Beata, entre diversas entrevistas, referências em trabalhos acadêmicos, artigos jornalísticos, textos de sua autoria dela própria e de suas narrativas orais, registros em vídeo, além checagem direta com personagens envolvidos nos fatos e histórias rememoradas neste perfil. 

Vale notar alguns importantes pontos de contato entre o escritor e a personagem. Jefferson também é nordestino, nascido na Paraíba, e reside atualmente na Baixada Fluminense. Mas a principal semelhança entre eles está na mesma militância. Jefferson é fundador dos importantes coletivos Voz da Baixada e PerifaConnection, além de integrante da Coalizão Negra por Direitos. Foi produtor de reportagem na TV Globo, conselheiro da Agência Lupa, e hoje escreve em veículos como Folha de S.Paulo, Quatro Cinco Um, NEXO e Serrote. É uma voz ativa e combativa pelos mesmos valores e direitos que Mãe Beata defendia. Foi desta identificação que nasceu a profunda admiração que guiou sua investigação e, aos poucos, resultou nesta detalhada e afetuosa biografia. Odoyà! 

O Jornalista Jefferson Barbosa – Divulgação

Assessoria de comunicação:

Rafael Millon: [email protected] I 21 98558-9849

Felipe Maciel: [email protected]  I 21 98158-4599

Dados do livro: 

Título: A MÃE DO MUNDO: vida e lutas de Mãe Beata de Yemanjá

Autor: Jefferson Barbosa

Assunto: Beata, de Yemanjá, (1931-1917), biografia, diversidade religiosa, lutas sociais, candomblé, mulheres negras, mãe de santo

Páginas: 129

Selo: Malê

Formato: 14×21   

Preço R$58,00

Serviço

“A mãe do mundo” – Noite de autógrafos com Jefferson Barbosa no Rio de Janeiro

Livraria Blooks de Botafogo

Dia 17 de novembro, sexta-feira, às 19h

Praia de Botafogo, 316 – Espaço Itaú de Cinema 

“A mãe do mundo” – Sessão de autógrafos com Jefferson Barbosa em Paraty

Casa da Utopia na FLIP – https://www.instagram.com/casadautopia/ 

24 de novembro

Rua Dr Pereira, 262- Centro Histórico de Paraty (RJ).

+ sobre o tema

‘Negros Gigantes’: Alê Garcia lança na Bienal livro sobre pessoas negras que o inspiraram

O publicitário e escritor Alê Garcia, 42, lança neste...

Advogada acusa mecânico de racismo

Advogada acusa mecânico de racismo. Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul-...

Como o uso de dados pode ajudar a solucionar o racismo

Phillip Atiba Goff, co-fundador e presidente do Center for...

PM de Salvador ameaça comunidade após chacina, denuncia Anistia Internacional

Após moradores organizarem marcha contra ação do Rondesp que...

para lembrar

Novos ventos de mudança em África ou velhas narrativas de poder com novos intérpretes?

Ainda se assiste a um forte enraizamento de figuras...

E quando é um “playboy” quem desfere a facada?

Um tem 28 anos, é alto, forte, rico, branco...

Canal Viva: Globo é obrigada pela Justiça a editar suposta cena de racismo em reality

TV Globo foi surpreendida por uma decisão da Justiça,...

Zulu Araújo – O galã do preconceito

Primeiro domingo de setembro, ano 2011, século XXI, após...
spot_imgspot_img

Denúncia de tentativa de agressão por homem negro resulta em violência policial

Um vídeo que circula nas redes sociais nesta quinta-feira (25) flagrou o momento em que um policial militar espirra um jato de spray de...

Relatório da Anistia Internacional mostra violência policial no mundo

Violência policial, dificuldade da população em acessar direitos básicos, demora na demarcação de terras indígenas e na titulação de territórios quilombolas são alguns dos...

Aos 45 anos, ‘Cadernos Negros’ ainda é leitura obrigatória em meio à luta literária

Acabo de ler "Cadernos Negros: Poemas Afro-Brasileiros", volume 45, edição do coletivo Quilombhoje Literatura, publicação organizada com afinco pelos escritores Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. O número 45...
-+=