Encontrada no Peru escultura de Aleijadinho

Obra é a 1ª do artista achada fora do País

Uma imagem sacra esculpida por volta de 1760 por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi localizada em uma igreja da cidade de Cusco, no Peru, na semana passada. É a primeira obra do mestre do barroco encontrada fora do Brasil e provavelmente foi levada pelos jesuítas, expulsos do País em 1759.

O busto de 20 centímetros, em madeira pintada, foi descoberto pelo pesquisador Marcelo Coimbra, de Itu. A atribuição da autoria ao mestre do barroco foi feita pelo historiador mineiro Márcio Jardim, autor do Catálogo Geral da Obra de Aleijadinho, lançado em outubro.

Coimbra viajou a Cusco para estudar o barroco andino, que, segundo ele, guarda semelhanças com a arte de Ouro Preto na época do Brasil colônia. “Estava observando o altar-mor da Igreja da Companhia de Jesus, na Praça das Armas, quando vi uma imagem com as características de Aleijadinho.”

Coimbra é coautor do catálogo e curador de várias exposições de obras do escultor mineiro. Ao pesquisar a história da imagem, descobriu que a escultura estava no local havia cerca de 250 anos. “O período coincide com a expulsão dos jesuítas do Brasil. Muitos deles se estabeleceram na América espanhola, até serem expulsos novamente, desta vez em 1768.”

Conforme a teoria do pesquisador, a imagem teria sido levada pelos jesuítas quando deixaram a região de Ouro Preto. Os estilemas (marcas pessoais do artista) são semelhantes aos de uma imagem de São Francisco de Paula, que está no Museu do Aleijadinho, em Ouro Preto.

“A imagem de Cusco deve ter sido feita entre 1755 e 1760, na fase da mocidade do artista, enquanto a de Ouro Preto foi feita 30 anos depois, já na fase madura do Aleijadinho, mas as semelhanças no estilo sugerem a mesma autoria”, disse.

No laudo de atribuição, Márcio Jardim encontrou marcas próprias de Aleijadinho no santo de Cusco, como os olhos achinesados, o nariz afilado, as sobrancelhas arqueadas em linha contínua com o nariz. Outra semelhança está no formato das obras. Embora de materiais diferentes, já que a escultura de Ouro Preto é de pedra-sabão, nos dois casos o artista esculpiu apenas as cabeças dos santos.

Inventário. Segundo Coimbra, o santo de Cusco deve entrar no próximo inventário das obras do escultor brasileiro, mas vai permanecer na igreja peruana. “Tratando-se de um Aleijadinho, logo vai virar atração. Ainda não identificamos o santo, mas parece tratar-se do mesmo São Francisco de Paula de Ouro Preto.”

A Igreja da Companhia de Jesus, marco do barroco andino, foi construída em 1571. Atingida por um terremoto em 1650, foi demolida e reconstruída. O altar-mor, de 1670, é o maior das igrejas do Peru e considerado um marco do período na região.

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Fonte: Estadão

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