Fotógrafa russa se surpreende com racismo no Brasil e decide captar a beleza de mulheres negras

Enviado por / FonteDo Hypeness

Muita gente ainda acha que não existe racismo no Brasil. Se você faz parte deste time, é porque provavelmente não convive intimamente com nenhum negro. Porém, uma fotógrafa russa que vive no Brasil há oito anos decidiu mostrar ao mundo a hipocrisia dos brasileiros ao não falar sobre esse tema.

A fotógrafa Alyona Gamm conta que quando chegou aqui, em 2007, não percebia o racismo. Mas, à medida que passou mais tempo no país e começou a namorar um menino negro, percebeu o quão difícil era lidar com o preconceito. “Já ouvi conversa de família branca brasileira falando que não iam ficar felizes se a filha deles namorasse um negro. Perguntei a eles ‘o que vocês têm contra negros?’ Me responderam que nada contra, só preferem genro branco… Fiquei chocada naquele dia. Acho que foi o dia em que me dei conta que existe racismo no Brasil“, conta ela, em conversa com o Hypeness.

brazilblackbeauty1

Alyona acrescenta ainda que já presenciou muitas cenas de racismo ao lado de seu namorado. “Quando ele era mais novo, na adolescência, foi barrado na farmácia, o segurança pensou que ele era assaltante…“, lembra. Mas foi quando soube da história dos cinco meninos negros que haviam sido assassinados pela polícia no Rio de Janeiro que decidiu que também poderia lutar contra o preconceito à sua maneira: usando a fotografia.

Não demorou para que Alyona decidisse criar um ensaio para era exaltar a beleza da mulher negra e dos seus cabelos afros. “A maioria das mulheres negras no Brasil alisa o cabelo, porque cabelo negro é considerado ‘feio’. Alguém de repente vai pensar que isso é somente questão de beleza, mas eu acho que isso é mais sério – as negras negam sua identidade, sua beleza natural, seus cabelos afro, porque por algum motivo cabelo afro é considerado feio no Brasil“, diz ela, que também publica suas fotos através do Instagram.

Alyona sugere que uma das melhores maneiras de combater o preconceito é colocar a mão na consciência: será que você nunca teve algum pensamento racista? Nunca julgou alguém pela cor da pele ou pela aparência? Aceitar o problema e falar abertamente sobre o tema parece simples, mas são uma das formas que temos para desbancar de vez o preconceito em nossa sociedade.

As fotos abaixo são a maneira encontrada por ela de levantar o diálogo sobre o tema ao mostrar a beleza das mulheres negras. Vem ver:

brazilblackbeauty2 brazilblackbeauty3 brazilblackbeauty4 brazilblackbeauty5 brazilblackbeauty6 brazilblackbeauty7 brazilblackbeauty8 brazilblackbeauty9 brazilblackbeauty10 brazilblackbeauty11 brazilblackbeauty12 brazilblackbeauty13 brazilblackbeauty14

Alyona não quis deixar seu namorado de fora, olha só:

brazilblackbeauty16 brazilblackbeauty15

Todas as fotos © Alyona Gamm

+ sobre o tema

Cabelos de Sheron Menezzes são referência fashion para a moda da mulher negra

Cabelos de Sheron Menezzes são referência fashion para a...

Beyoncé passeia com a filha em ‘canguru’

Beyoncé passeia com a filha em 'canguru'. A cantora...

Beyoncé publica vídeo dos bastidores de seu retorno aos palcos

Quase cinco meses após dar à luz a sua...

18 anos sem Mussum

Há 18 anos, mais exatamente em 29 de julho...

para lembrar

Vereadora alvo de ofensa racista: ‘Disseram que era liberdade de expressão’

Em entrevista ao UOL News, a vereadora Paolla Miguel (PT-SP)...

Não queremos mais Marielles

Às vésperas do Dia Internacional dos Direitos Humanos, vereadores negros...

Supervisor acusa vereador de Embu das Artes de racismo: “Todo preto fede”

O supervisor Izac Gomes, de 57 anos, acusou hoje...

Cotas no ensino superior: uma política bem-sucedida

Para um país que historicamente se pensava como uma...
spot_imgspot_img

Comida mofada e banana de presente: diretora de escola denuncia caso de racismo após colegas pedirem saída dela sem justificativa em MG

Gladys Roberta Silva Evangelista alega ter sido vítima de racismo na escola municipal onde atua como diretora, em Uberaba. Segundo a servidora, ela está...

‘Minha tia perdeu uma vida inteira’, diz sobrinho de idosa resgatada após 72 anos de trabalho análogo à escravidão

Veja o vídeo da matéria A família de Maria de Moura, de 87 anos, resgatada em condição análoga à escravidão em março de 2022, denunciou ao Fantástico deste...

Reitor da USP repudia ataques a cotas; veja entrevista

Os comitês que decidem quais alunos podem entrar nas universidades por meio das cotas raciais passaram por uma série de polêmicas nos últimos dias...
-+=