A Fundação Cultural Palmares (FCP) e o Comitê Cultural das Embaixadas de Países Africanos no Brasil se organizam para promover o IV Festival Mundial das Artes Negras (Fesman). O diálogo ocorre para que esta edição aconteça no Brasil em 2020 como parte das celebrações da Década Internacional dos Afrodescendentes, estabelecida pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015.
Por Daiane Souza, do Palmares
“O Fesman é a oportunidade de reforçar os laços entre o nosso país e os países do continente africano: difundir a cultura entre os países participantes”, afirma Vanderlei Lourenço, presidente da FCP, que participou ontem (23) da segunda reunião para tratar do tema. Dessa vez, recebido por Paulin M. Tchenzette, primeiro conselheiro da Embaixada de Camarões, que sedia o decanato do Comitê. O decanato representa as 54 embaixadas dos países africanos no Brasil.
Para Tchenzette é muito importante a proposta feita pela FCP e, segundo ele, o Comitê está se preparando para receber a equipe técnica do órgão em reunião pré-agendada para o mês de setembro. Em julho, Lourenço foi recebido na Embaixada do Senegal, onde apresentou à embaixadora Fatoumata Correa, e ao primeiro conselheiro Papa Diomaye LOVM, os principais projetos do órgão para promover a cultura afro-brasileira.
Durante este encontro foram trabalhadas possibilidades de parcerias no sentido de promover espaços de intercâmbio da cultura negra entre Brasil e África. Da reunião vêm sendo trabalhadas alternativas que estruturem o Comitê Organizador do IV evento. Na sequência, será composta uma programação intensa para que a festa se estenda por vários estados, do país com a maior presença negra fora da África.
Carolina Petitinga, coordenadora-geral substituta do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), ressalta o valor da proximidade do governo brasileiro com esses países. “Há um interesse grande por parte deles sobre a nossa riqueza cultural e a Palmares é um elo de fortalecimento dessa riqueza a partir do reconhecimento internacional. Estamos com as portas sempre abertas a essas parcerias”, destaca.
FESMAN – O Fesman é a maior reunião das artes e da cultura negra do mundo. O evento foi idealizado há cinco décadas por Léopold Sédar Senghor, político, escritor e presidente do Senegal de 1960 a 1980. No período entre as duas Guerras Mundiais, juntamente ao poeta antilhano Aimé Césaire, conceituou o termo “negritude”, dando origem ao movimento literário que exaltava a identidade negra em sua época.
A primeira edição do Fesman foi realizada em 1966, em Dacar, no Senegal, com o tema Significado das Artes e Cultura Negra na vida dos Povos e para os Povos. Outras duas edições aconteceram em 1977 na Nigéria e em 2011 novamente em Senegal. Nesta última, o Brasil foi convidado de honra do Festival.
O terceiro Fesman uniu 80 países que, em duas semanas apresentaram, apoiaram e/ou prestigiaram expressões negras como Arquitetura; Artes e Artefatos Antigos; Artesanato; Artes contemporâneas; Cinema; Culturas Urbanas; Dança; Design; Literatura; Moda; Música; e Teatro.
Do encontro cultural entre nações participam, não somente Brasil e África, mas também países convidados que reconhecem os valores por trás das artes negras.