Os resultados do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável na ONU, que teve início na sede da organização em Nova York, nos Estados Unidos, nesta segunda-feira, 10, e terminou ontem, não poderiam ser melhores para Geledés – Instituto da Mulher Negra. Como vem acontecendo em outros fóruns da ONU, o instituto, com status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da ONU desde setembro de 2022, vem realizando incidências bastante produtivas junto às diferentes delegações dos Estados membros das Nações Unidas.
Ao fazer uso da palavra, durante a sessão intitulada como “Perspectivas de grandes grupos e outras partes interessadas no meio dos ODS: Rumo a uma transformação inclusiva”, o Estado brasileiro, através de seu representante Vicente Araújo, Coordenador de Desenvolvimento Sustentável do Itamaraty, destacou a participação ativa e inclusiva de atores não estatais, particularmente da sociedade civil organizada e de grupos comunitários no engajamento da Agenda 2030, cuja meta é a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Neste cenário, Araújo exaltou nominalmente a atuação de Geledés no fórum diante do propósito de o Brasil reconhecer o racismo sistêmico para conseguir avançar na pauta da sustentabilidade. “O Instituto da Mulher Negra é um exemplo inspirador dos esforços para engajar grupos injustamente marginalizados na implementação da Agenda 2030. Geledés é inspirado no conceito das sociedades secretas femininas da cultura ioruba. E isso me leva a uma variável crucial desse processo. Não pode haver desenvolvimento sustentável sem combater o racismo”, afirmou Araújo. O diplomata sublinhou o trabalho das organizações civis que, segundo ele, “enriqueceram as discussões entre os Estados membros para a construção de uma Declaração Política significativa e inclusiva para a Cúpula”.
A representante de Geledés no fórum, a socióloga Letícia Loebet, avaliou como positiva as gestões do instituto na ONU, com destaque para o alinhavo da temática racial com outras organizações. A socióloga aproveitou o momento para anunciar um evento exclusivo a ser protagonizado por Geledés que deverá ocorrer paralelamente à cúpula de sustentabilidade prevista para ocorrer em setembro na ONU.
“Fortalecemos nossa articulação com outras organizações da sociedade civil em nível global que nos apoiarão na realização de um evento paralelo na cúpula agendada para setembro, cuja temática será o enfrentamento ao racismo em nível global para o alcance dos objetivos da Agenda 2030”, afirmou Letícia Loebet.
É importante destacar que entre os diversos espaços da ONU neste último ano, Geledés também participou do Comitê contra Tortura, do Comitê de Direitos Humanos, do Grupo de Trabalho sobre Afrodescendentes e do Fórum Permanente sobre Pessoas de Afrodescendência, além da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, esta última dentro da OEA – Organização dos Estados Americanos.