“Nesta quinta-feira, Geledés realizou um feito histórico ao ser a primeira organização de mulheres negras do Brasil a participar de forma protagonista de uma sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas”, concluiu a advogada e coordenadora de Geledés, Maria Sylvia de Oliveira. A coordenadora fez uma fala em sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU que teve início no dia 11 de setembro.
Em diálogo interativo sobre a Promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de Não Repetição, nesta quinta-feira, 14, Geledés abordou a questão da Justiça Reparatória. “Avalio que com essa intervenção, Geledés abre uma possibilidade bastante importante de atuação em organismos internacionais. A organização passa para outro patamar ao se tornar uma voz relevante do movimento de mulheres negras junto a um órgão internacional desta estatura, levando demandas diretas dessas populações”, afirma Maria Sylvia de Oliveira.
Maria Sylvia abriu sua fala no Conselho de Direitos da ONU destacando a necessidade de melhor compreensão sobre a ocorrência do tráfico transatlântico na América Latina e no Caribe como “um fato histórico que exige obrigatoriamente o direito à reparação da população afrodescendente”
Neste sentido, Geledés propôs ao Conselho que recomende ao Estado brasileiro destinar um orçamento para políticas públicas que promovam a igualdade racial como uma forma de reparação. Ainda sobre esta temática, Maria Sylvia sublinhou a urgência da promoção racial constar na alta prioridade dos planos governamentais.
Explicou que justamente essa falta de prioridade nos governos faz com que haja uma invisibilidade orçamentária. “Mesmo que (os orçamentos) existam, é difícil saber quanto os governos gastam para promover uma sociedade livre de racismo. Entendemos que não pode haver justiça e reparação sem políticas públicas”, alertou ela.