Geledés propõe a criação de um Major Group de Afrodescendentes na ONU

Enviado por / FonteKátia Mello

Artigo produzido por Redação de Geledés

Encontro promovido pela organização em Nova York, paralelo à Cúpula dos ODSs, contou com a presença da ministra Anielle Franco e especialistas internacionais

A criação do Major Group de Afrodescendentes na ONU foi uma meta anunciada nesta segunda, 18, por Geledés – Instituto da Mulher Negra durante o evento “Não há desenvolvimento sustentável sem enfrentar o racismo”, promovido pela organização com o apoio da Comunidade Bahá’í dos Estados Unidos, do NGO Major Group e do Major Group de Juventudes.  O evento aconteceu no escritório da Comunidade Internacional Bahá’í em Nova York, paralelamente à Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODSs).

A ministra Anielle Franco do Ministério da Igualdade Racial e Hawa Diallo, oficial do Departamento de Informação Pública da ONU, foram as únicas a participar de forma virtual no evento que contou ainda com a presença de Maria Gabriela Feitosa, do Major Group Juventudes, Rosario Garavito, do NGO Major Group, Carl Murrel, representante da Comunidade Bahá’í dos Estados Unidos e de Leticia Leobet, socióloga e representante de Geledés.

A própria execução do evento sinalizou por parte de Geledés uma aproximação da organização com outros Major Groups na ONU. Nesta direção, outro passo importante foram as conversas entre o instituto liderado por mulheres negras e o Itamaraty na sede da ONU em Nova York neste domingo,17.

Para se entender a relevância dos Major Groups é preciso saber que eles participam ativamente do processo anual de acompanhamento e revisão em nível global da Agenda 2030, que culmina no Fórum Político de Alto Nível anual para o Desenvolvimento Sustentável. Eles têm acesso, por exemplo, às informações e documentos oficiais relacionados aos 17 ODSs e suas 169 metas que traduzem o consenso possível entre os países sobre os principais desafios contemporâneos para o desenvolvimento sustentável. Um Major Group ainda pode realizar intervenções nas reuniões oficiais das Nações Unidas.

“O Major Group é um desses caminhos para as organizações participarem ativamente na ONU. Nosso papel é fazer com que as diferentes organizações possam fazer parte deste processo”, explicou Rosario Garavito, do NGO Major Group. Gavarito defendeu justamente estes novos espaços para que assuntos como a discriminação racial e a crise climática estejam alinhados. Falou ainda sobre a importância de novas e fortes vozes nos fóruns da ONU, com a inclusão de mecanismos específicos que possam dar conta de novas demandas.

No encontro, a ministra Anielle Franco destacou o trabalho de Geledés de longa data no combate ao racismo e ressaltou a “ausência de textos dos ODSs em relação ao Plano de Durban”. Neste cenário, a ministra anunciou a intenção do governo brasileiro em “avançar no desenho de um novo ODS, o 18º”, com recorte racial. Sublinhou ainda a temática do encontro promovido por Geledés ao dizer que “não há sustentabilidade para todos se não houver o combate ao racismo em todas as suas manifestações”. “Acredito na luta coletiva e só com ela a gente muda esse mundão”, disse Anielle Franco sobre o esforço em conjunto de organizações internacionais em abordar o racismo sistêmico.

Hawa Diallo, que falou após a ministra, com sua experiência em Major Groups, abordou a necessidade de haver a interseccionalidade de raça e gênero nos ODSs. Relatou a ausência de populações negras e indígenas nos processos de realização dos Objetivos Sustentáveis e a necessidade de haver intervenção nesta situação com urgência para se construir um novo caminho. “Se não for agora, quando será? Este é o momento oportuno”, disse Diallo.

Já Maria Gabriela Feitosa, que destacou a participação das juventudes em sua fala, entrelaçou a transição energética com as questões do combate ao racismo. Feitosa apontou a necessidade destas populações de gerar suas próprias energias.

O último a discursar foi Carl Murrel, representante da Comunidade Bahá’í dos Estados Unidos, que elegeu a ampliação da justiça como principal tema. Ressaltou a interdependência dos membros da sociedade na promoção do bem-estar e o propósito de se estabelecer uma justiça climática que possa beneficiar a todos.

No final, a representante de Letícia Loebet agradeceu as contribuições e reafirmou o compromisso de Geledés com estas discussões e na criação de um Major Group de Afrodescendentes.

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Geledés Instituto da Mulher Negra
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