A Controladoria-Geral da União informa que o gasto público com a Copa do Mundo será de R$ 26,6 bilhões. Disso, uns R$ 18 bilhões deverão ser gastos em obras de mobilidade urbana, aeroportos, telecomunicações, sistemas de segurança, saúde…
Muitas das obras e serviços não ficarão prontos a tempo da Copa. Mas, se não roubarem antes ou durante, são obras úteis, com ou sem Copa. Desde que sem expulsão de comunidades, é gasto público que atende às cidades.
O grande problema está nos 12 estádios, que custarão R$ 7,1 bilhões. Todos terão dinheiro público. Como se construiu esse problema?
Quando o Brasil disputou o direito de fazer Copa e Olimpíadas, mais de 80% da população foi a favor. Mesmo depois das manifestações, 71% seguem a favor da Copa no país.
E o que se viu à época foi uma briga de foice, com cada estado e capital querendo a Copa. Por isso as sedes são 12 e não as oito que a FIFA queria.
Ao contrário do que tantos alardeiam, e fazem de conta desconhecer, os gastos não são apenas do governo federal. Estados, e os grandes partidos, estão na farra dos estádios.
Brasília, Cuiabá, Manaus e Rio de Janeiro fizeram estádios só com dinheiro público. Belo Horizonte, Natal, Recife, Fortaleza e Salvador fizeram parcerias público-privadas; mas, no final, termina sendo público quase todo o dinheiro.
Governos do PT construíram os estádios de Brasília e Salvador. Brasília, R$ 1 bilhão e 200 milhões, Salvador, R$ 591 milhões. Pagos pelo contribuinte federal e pelos contribuintes de estado e município.
O Mineirão custou R$ 695 milhões. Dessa conta os cidadãos pagarão R$ 440 milhões. Dívida contraída pelos governos do PSDB.
Os contribuintes pernambucanos pagarão quase toda a conta de R$ 529 milhões. Governo do PSB. Também é do PSB o espeto de R$ 518 milhões no Ceará. O R$ 1,2 bilhão pendurado no Maracanã é cota do PMDB.
Os R$ 820 milhões do Itaquerão tem mais da metade em dinheiro público, além de outro tanto em renúncia fiscal. Todos estádios construídos por algumas das maiores empreiteiras do Brasil. Todos construídos por governadores de todos os grandes partidos do Brasil.
Em 2011 o sorteio para as Eliminatórias da Copa custou R$ 30 milhões. Pagos à GEO eventos, empresa que à época tinha Globo e RBS como sócias. A Prefeitura e governo do Rio pagaram a conta de R$ 30 milhões.
Em 1958 o jurista Raymundo Faoro publicou “Os Donos do Poder”. Um livro sobre o “Patrimonialismo oligárquico”. Esse clássico mostra como o capitalismo brasileiro vivia pendurado no Estado. Na prática, o que mudou foi apenas o discurso.