Grupos neonazistas proliferam na Alemanha diante política frouxa do governo e da polícia

A comissão parlamentar responsável por investigar os crimes da organização neonazista alemã Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão) apresentou um informe de quase 1,5 mil páginas classificando como “fiasco histórico” a tentativa das autoridades de combater a violência de extrema direita na Alemanha. Deputados de todos os partidos alemães com representantes na Bundestag (Câmara dos Deputados) analisaram durante 16 meses os nove assassinatos cometidos pela NSU nos últimos dez anos e como seus fundadores, Beate Zschäpe, Uwe Böhnhardt e Uwe Mundlos, escaparam impunes. Segundo esses parlamentares, os investigadores dos crimes tiveram um “fracasso massivo”. Eles acrescentaram que carecem de indícios de que os terroristas foram acobertados pela polícia ou pelos serviços secretos alemães.

Além dos crimes racistas e dos vários atentados a bomba, a NSU também atirou em uma agente da polícia e assaltou mais de dez bancos. O grupo só foi descoberto em 2011, quando Böhnhardt e Mundlos foram encontrados mortos em um trailer. Beate Zschäpe se entregou à polícia e está sendo julgada em Munique com outros quatro supostos cúmplices. Durante os seis anos de investigação sobre as mortes das nove pessoas assassinadas, a maioria turcas, as autoridades se esforçaram em atribuir os crimes a organizações mafiosas, nunca com motivações xenófobas. Segundo o presidente da comissão de deputados, Sebastian Edathy, a polícia “assumiu que turcos matam turcos” e estabeleceu como suspeitos os próprios familiares das vítimas.

As forças de segurança da Alemanha utilizaram diversos mecanismos de vigilância, busca e captura para desvendar os crimes, mas todos esses artifícios falharam. Nas cidades de Colônia e Hamburgo, as autoridades chegaram a consultar, respectivamente, uma “adivinha” e um médium. Mais do que as críticas às investigações, a comissão parlamentar apresentou também uma série de 47 recomendações para evitar novas ondas de violência nazista. Os partidos A Esquerda e Os Verdes pediram a supressão definitiva dos serviços secretos internos, denominados Ofício Federal para a Proteção da Constituição. Edathy admitiu que esse órgão não tem cumprido a função de proteger a ordem constitucional alemã.

Já os partidos que formam a coalizão governista, cristão-democratas e liberais, assim como o principal opositor, o SPD (Partido Social-Democrata), chegaram a um consenso dentro da comissão, que não recomenda excluir as agências de espionagem, mas sim promover “reformas” para banir definitivamente o racismo na Alemanha e impedir novos atos terroristas.

 

 

Fonte: Correio do Brasil 

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