Inquérito “absolve” oficial da morte do pedreiro Amarildo

O mesmo laudo, entretanto, considerou o terceiro sargento José Augusto Lacerda, o soldado Newland Júnior e o soldado Bruno Athanázio como responsáveis pelo crime de corrupção a testemunhas

Do SPressoRJ

De acordo com reportagem do jornal O Dia, o Inquérito Policial Militar absolveu o major Edson dos Santos da acusação de ter cometido crime no caso do desaparecimento e morte do pedreiro Amarildo de Souza. Aos 48 anos,  Amarildo desapareceu no dia 14 de julho do ano passado, quando foi capturado e assassinado por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. O caso ganhou grande destaque na imprensa e criou uma crise na política de segurança pública estadual, sobretudo, nas UPP’s.

Chancelado pelo comandante da PM, José Luís Castro, o inquérito inocentou o major Edson, suspeito de ter participado da manipulação do depoimento de duas testemunhas que mentiram e sustentaram que Amarildo fora assassinado pelo tráfico de drogas. O mesmo laudo, entretanto, considerou o terceiro sargento José Augusto Lacerda, o soldado Newland Júnior e o soldado Bruno Athanázio como responsáveis pelo crime de corrupção a testemunhas.  Todos serão avaliados por um Processo Administrativo Disciplinar.

O inquérito determinou também que o homem de confiança do major Edson, o soldado Rodrigo Avelar, infiltrado na operação Paz Armada, que prendeu Amarildo, seja investigado pelo desaparecimento de cinco fuzis. Rodrigo é ex-comandante da Unidade da UPP da Rocinha e está preso com outros 12 PMs, acusados de envolvimento no crime. Ele responde por tortura, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e fraude processual, por ter agido em conjunto com os subordinados para subornar testemunhas.

A solução do inquérito vai passar pelo crivo do Ministério Público que atua junto à Auditoria de Justiça Militar e “na própria PM não houve consenso sobre a ‘absolvição’ do major Edson”.

Fuzis desaparecidos

Ainda segundo a reportagem, o soldado Rodrigo Avelar era um dos responsáveis pela operação Paz Armada, que tinha o objetivo de combater o tráfico de drogas na Rocinha. O soldado terá que dar explicações sobre o desaparecimento de cinco fuzis, que estariam em poder de traficantes.

(Foto de capa: Reprodução/SPressoRJ)

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Fonte: Revista Fórum 

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