Investigadora defende criação de comissões de verdade para abordar questão colonial

A 9.ª edição do congresso, com o tema “África Hoje”, tem como objetivo encontrar “outros olhares e versões sobre África”, um “continente muito complexo e não homogéneo”

 A investigadora Maria Paula Meneses defendeu hoje a criação de comissões de verdade e reconciliação que abordem a questão colonial, assim como a criação de um projeto de interconhecimento dinamizado pela comunidade dos países lusófonos.

“É necessário compreender o impacto colonial e as violências que a história esconde”, defendeu Maria Paula Meneses, investigadora da Universidade de Coimbra, considerando que “as raízes dos problemas atuais são em parte resultado de conflitualidades do passado”.

A História “é uma questão muito sensível”, mas seria importante abordar “a relação colonial, que foi um momento de violência brutal”, sublinhou.

“Houve ali intervenções profundas que marcaram o continente”, frisou Maria Paula Meneses, que é também uma das organizadoras do Congresso Ibérico de Estudos Africanos, que terá lugar em Coimbra, entre 11 e 13 de setembro, e que pretende ajudar “a desempacotar a história e a compreender” os processos de transição.

A 9.ª edição do congresso, com o tema “África Hoje”, tem como objetivo encontrar “outros olhares e versões sobre África”, um “continente muito complexo e não homogéneo”.

Face à necessidade de diferentes olhares sobre África, a investigadora recorda que ainda é necessária “uma descolonização mental”, apontando para narrativas diferentes: “em Portugal, fala-se em guerra colonial, em África fala-se de luta de libertação. A narrativa não coincide”.

“É necessário criar um espaço e tempo comum”, disse à agência Lusa Maria Paula Meneses, defendendo a criação de um projeto educativo por parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que “combata estereótipos”.

A CPLP, apesar de muito ativa, “está muito cingida a projetos políticos e deveria haver uma tradução mais efetiva de interconhecimento, porque o olhar colonial passa pelos manuais de história, de português, de filosofia”, construindo-se “uma ideia colonial sobre África, como se fosse toda homogénea”.

Segundo a investigadora, “há muito para fazer no campo do conhecimento. Temos que saber o que nos une e o que nos separa, porque de outra forma não se consegue criar uma base comum de entendimento”, realçou.

O Congresso de Estudos Ibéricos, que se vai realizar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, pretende debater “o que aconteceu nos últimos 40 anos” em África, através de temas como os desafios económicos, a violência, a organização política, os recursos naturais ou os desafios na saúde.

O evento conta com a presença de Lídia Brito, ex-ministra de Moçambique e membro da UNESCO, Carlos Cardoso, investigador da Guiné Bissau e membro do Conselho para o Desenvolvimento das Ciências Sociais em África (CODESRIA), o escritor cabo-verdiano José Hopffer Almada, a são-tomense Inocência Mata, docente na Universidade de Lisboa e o economista angolano Manuel Ennes Ferreira, entre outros oradores.

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa

 

Fonte: Jornal i

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