Jamaica possui programa exemplar de prevenção e apoio à gravidez na adolescência, afirma ONU

O relatório deste ano sobre população mundial será lançado no dia 30 de outubro e lidará com a questão da gravidez na adolescência. Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Centro das Mulheres da Fundação Jamaicaé um programa bem-sucedido e deve ser replicado em todos os países que possuem uma taxa alta de gravidez na adolescência.

 

Conversar com adolescentes sobre relações sexuais é importante mas às vezes desconfortável.

“Ficar grávida tão jovem foi uma experiência aterrorizante. Eu não sabia o que fazer quando eu descobri”, disse Joelle, de 17 anos. “Seria o meu último ano no colégio. Eu teria me formado e deixado meus pais orgulhosos”, lembrou a menina. “Eu estava tão horrorizada, envergonhada e arrasada ao ver que todas as coisas que eu queria não iam acontecer.” Para Joelle, a organização e os conselheiros que a ajudaram foram “como bombeiros que me resgataram de um prédio em chamas”.

Joelle foi uma das duas meninas que compartilharam suas experiências com a primeira-dama de Burkina Faso, Chantal Compaoré, e sua equipe que estavam na Jamaica para aprender sobre as estratégias do governo para enfrentar o problema da gravidez na adolescência.

O Programa para Mães Adolescentes da Centro das Mulheres da Fundação Jamaica que Joelle participa é uma das principais estratégias do governo e, de acordo com o UNFPA, um modelo a ser seguido por outros países.

A taxa de gravidez na adolescência na Jamaica caiu de 31% em 1978 para 18% em 2008. “Nós facilitamos as visitas de delegações de muitos países à Jamaica para que elas possam explorar o modelo e reproduzi-lo em seus países”, disse a representante assistente do UNFPA na Jamaica, Melissa McNeil-Barrett.

Na Jamaica, a consequência imediata da gravidez na adolescência é a expulsão da escola, e muitas instituições reservavam o direito de manter essas meninas fora da escola mesmo após o nascimento do bebê por medo de que elas pudessem ser uma “influência negativa” para os outros alunos. Por isso, conseguir a reintegração de mães adolescentes nas escolas tem sido uma prioridade para o programa desde o seu início em 1978, e que foi finalmente atingida neste ano.

A nova “’Política de Reintegração de Mães Adolescentes no Sistema Formal de Ensino” foi aprovada pelo Conselho de Ministros em maio de 2013 e entrará em vigor em setembro. Ela foi liderada pela Fundação autora do projeto e pelo Ministério da Educação, com o apoio do UNFPA, e permitirá que todas as mães que ainda são estudantes possam continuar a sua educação durante e após o nascimento de seu filho na sua escola de preferência.

“A educação das nossas meninas é um ponto forte da cultura jamaicana e da nossa história”, disse o Ministro da Educação da Jamaica, Ronald Thwaites. “Queremos dar a cada menina, não importa quais são as suas circunstâncias, a melhor oportunidade. Nós somos uma nação de segundas chances.”

A Fundação possui sete centros principais e nove unidades de extensão em toda a Jamaica. Em 2011 e 2012 a entidade já forneceu a continuação de estudos para 1.402 mães adolescentes, nas quais, mais de metade retornaram com êxito às escolas.

O Centro também oferece outros serviços, como creches – que também acolhem bebês de mães que não estão inscritas no programa, possibilitando que as mulheres estudem e trabalhem despreocupadas –, o aconselhamento para mulheres e homens de todas as idades, sem hora marcada, e o planejamento familiar, um elemento fundamental para prevenir o risco de uma segunda gravidez indesejada – a taxa atual das mães inscritas no programa que tiveram uma segunda gravidez está abaixo de 2%.

Com o consentimento de seus pais, as jovens mães têm acesso à informações sobre saúde sexual e reprodutiva e métodos contraceptivos de sua escolha, o que as ajuda a prevenir uma segunda gravidez e completar sua educação.

De acordo com o UNFPA, através do trabalho de organizações como o Centro das Mulheres, a Jamaica é cada vez mais reconhecida como um modelo a ser seguido no quesito da gravidez na adolescência e no apoio aos jovens que engravidam ainda na escola.

 

 

 

Fonte: ONU

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