Em 25 de julho se comemora o Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra: a data que celebra a líder que comandou o quilombo de Quariterê, no século 18, é o ponto alto do calendário do “Julho das Pretas”, agenda coletiva que traz atividades voltadas para “o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade”. Em 2022, o evento chega a sua décima edição, com 427 atividades sendo realizadas por mais de 200 organizações de mulheres negras em 18 estados do Brasil, e uma atividade realizada em Paris, na França.
O Julho das Pretas é uma ação criada em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra pela superação da desigualdade de gênero e raça, colocando a luta das mulheres negras como centro do debate. A 10ª edição retoma as atividades presenciais com o tema “Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver”, com atos e manifestações em todo o país. Além dos dez anos, serão celebrados em 2022 os 30 anos desde que foi declarado pela ONU, em 1992, o 25 de Julho também como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
Além das manifestações, acontecerão exposições, aberturas, rodas de conversa, cineclubes, oficinas, lançamentos e muito mais, incluindo diversas atividades virtuais. Os eventos se darão ao longo do mês pelos estados da Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Distrito Federal, Sergipe, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Piauí, São Paulo, Pará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Santa Catarina. A agenda completa dos eventos pode ser acessada no site do Instituto Odara.
O dia 25 de julho foi decretado em 2014 como Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra pela presidente Dilma Rousseff, para celebrar a vida e a luta de Tereza, que foi reconhecida como rainha ao liderar o Quilombo de Quariterê, no atual estado de Mato Grosso, por mais de duas décadas. A rainha utilizava um sistema parlamentar, que se reunia semanalmente para tomar as decisões sobre o local, e ainda desenvolvia agricultura de algodão e fabricava tecidos comercializados fora do quilombo.
O Quilombo foi destruído em junho de 1770 pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho, mas a luta e a liderança de Tereza reluzem até hoje como exemplo da força e da importância da mulher negra na história do Brasil – e no combate ao racismo e a escravidão no mundo.