A coletânea “Brasil 200 anos – A resistência negra ao projeto de exclusão racial” foi lançada nesta segunda-feira (10), no Itaú Cultural, em São Paulo. Com 34 artigos escritos por 18 mulheres e 16 homens negros, a obra traz reflexões sobre a desigualdade social e racial a partir dos 200 anos da Independência do Brasil.
Nesta quarta-feira (12), o evento de divulgação do livro será no Rio de Janeiro.
Entre os nomes que deram contribuição à obra estão os de Ana Maria Gonçalves, Anielle Franco, Ana Flávia, Bianca Santana, Djamila Ribeiro, Edna Roland, Zélia Amador de Deus, Cida Bento e Michael França.
“Todos esses autores dedicam suas vidas a perscrutar a questão racial. O que nos unifica é não aceitar a exclusão racial no Brasil. A ambição ao escrevermos este livro foi a de ter um país democrático sem racismo“, afirmou Sueli Carneiro, doutora honoris causa pela UnB (Universidade de Brasília) e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra.
Organizador da coletânea, o professor Helio Santos conta que o livro foi escrito em apenas quatro meses por um coletivo negro com ativismo antirracista.
A iniciativa propõe um país mais justo, com equidade racial. “A Independência foi um grande fracasso se pensarmos na maioria da população brasileira. A desigualdade social tem cor e tem gênero. Somos resistência. Portanto, essa coletânea não é neutra, tem lado”, diz o professor.
Santos afirma que, graças ao movimento negro, hoje há uma percepção maior de que o racismo solapa o Brasil. “Mas ainda são necessárias políticas públicas sistemáticas para combatê-lo.”
Edna Roland, do Observatório do Racismo do Programa de Estudos pós-graduados de Ciências Sociais da PUC-SP, também comentou sobre a importância da militância negra e de como esse processo fez com que se pensasse quem é o negro e a negra no Brasil. “Hoje as pessoas reivindicam serem negras, fruto do que a minha geração realizou, que milita há mais de 30 anos.”
Roland chamou a atenção para as ações afirmativas e pontuou que um dos resultados mais importantes são as cotas raciais nas universidades públicas.
Já Nivia Luz, da comunidade Pirajá, mestra em Cultura pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), destacou a importância da representatividade. “Os autores dos livros que estão na minha prateleira eu os conheço, eles estão aqui hoje. Este livro é a narração de um país que tenta nos esquecer. Nós não somos minoria, somos maioria.”
“Resistência negra ao projeto de exclusão racial – Brasil 200 anos (1822-2022)”
- Organização de Helio Santos
- Editora Jandaíra
- 440 páginas
- R$ 90