Se estivese viva, nesta quinta-feira (2), Mãe Stella de Oxóssi completaria 94 anos. Nesse mesmo dia, às 18h, a ialorixá receberá uma homenagem na sede da Academia de Letras da Bahia, bairro de Nazaré, em Salvador. Na sessão especial, que será declarada a vacância da cadeira, a oradora será a também acadêmica Yeda Pessoa de Castro.
Desde 2013 na academia, Mãe Stella ocupou a cadeira 33, cujo patrono é o poeta Castro Alves (1847-1871) e teve como último ocupante o historiador Ubiratan Castro (1949- 2013), de quem era amiga.
“Mãe Stella assumiu sua cadeira na academia numa quinta-feira [dia dedicado a Oxóssi, seu orixá] em que comemorava seu aniversário de ordenação do candomblé. Hoje, também numa quinta-feira, e no dia em que ela faria aniversário será homenageada. Não é coincidência. É coisa de orixá”, diz o presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá, responsável pela manutenção do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Ribamar Daniel. Mãe Stella morreu em dezembro do ano passado.
De enfermeira a zeladora do axé
Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayodé, foi a quinta ialorixá a comandar o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá fundado em 1910 por Eugênia Anna dos Santos, Mãe Aninha. Ela nasceu Maria Stella de Azevedo Santos, em 2 de maio de 1925.
Enfermeira de formação e também escritora, publicou seu primeiro livro em 1988. Chamado E daí Aconteceu o Encanto, o livro foi escrito em parceria com Cléo Martins e traz histórias sobre as origens do Opô Afonjá e das primeiras ialorixás que comandaram a casa.
Mãe Stella também é autora dos volumes Meu tempo é agora (1993); Òsósi – O caçador de alegrias (2006) que traz ìtans (narrativas míticas) de Oxóssi, seu orixá regente; Òwe-Provérbios (2007), uma coletânea de ditos em Iorubá e brasileiros acompanhados das interpretações da escritora; o infantil Epé laiyé – terra viva (2009), que narra a história de uma árvore que ganha pernas; e Opinião (2012), reunião de crônicas selecionadas entre as que a ialorixá publicou na imprensa baiana.