Fazer uma massagem, ajudar com o filho, oferecer orientação jurídica. Essas são algumas das doações oferecidas pelo projeto “Mais amor entre nós”. Criado pela jornalista baiana Sueide Kintê, o objetivo é espalhar a sororidade, termo usado por mulheres que significa solidariedade.
“O ‘Mais amor entre nós’ não inova. A gente aprende desde menina que nossa sobrevivência está ligada à ajuda a outra mulher negra
Para Sueide, o exercício de se doar foi algo que o Brasil aprendeu com as mulheres negras (Sueide Kintê/Acervo Pessoal)
“É meu dever como mulher negra, jornalista que saiu do útero de uma mulher de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo da Bahia, reproduzir a ampliar esse jeito de fazer que é nosso”, diz a jornalista. “E nossas mídias precisam ter a nossa cara. Eu cansei nas mídias tradicionais de querer integrar algo que não é nosso. Essas mídias também precisam entender que somos universais. É dizer ‘se você é mulher e precisa de algo que eu listei abaixo, me procure’. E compartilhar com outra mulher o que eu gosto de fazer. É um mito as mulheres serem rivais, é uma invenção do capital que só serve para produzir dogmas imprestáveis e crenças inúteis, limitantes”.
Além das doações, as mulheres se encontram presencialmente para discutir questões referentes a mercado de trabalho, empoderamento e estão trabalhando na construção de um aplicativo.
O projeto pode ser resumido com um ditado africano lembrado por Sueide: “Mulher é que nem água, sempre encontra um caminho”.
Para quem quiser participar e doar, é só clicar aqui.
. Desde uma xícara de café, açúcar, até compartilhar comida e a defesa, a gente se mete em briga pra defender a outra. A única coisa que eu fiz foi pegar esse aprendizado tão ancestral e colocar no Facebook, que é uma ferramenta que eu uso como jornalista e que serve para ampliar nossas vozes nesses tempos em que as violências também são ampliadas nas redes sociais. É um contra-ataque assertivo”, diz a jornalista.
Nascido como uma página no Facebook, o projeto hoje existe também como site e plataforma. Para além da Bahia, está presente atualmente em São Paulo, Acre, Rio de Janeiro, Brasília. O crescimento da ideia também se dá além do Brasil, em países como Argentina, Espanha, Angola, Cabo Verde e Inglaterra (Londres).
Importante ressaltar que o objetivo não é a troca, mas a doação. Sueide reforça que esse exercício de se doar foi algo que o Brasil aprendeu com as mulheres negras.
Dessa forma, o projeto funciona como uma ponte entre quem oferece a ajuda e quem precisa.