Com mais de 70 mil mulheres reunidas em marcha, a defesa da democracia foi uma das pautas da Marcha das Margaridas, além de manifestações de apoio à presidenta Dilma Rousseff.
Por Mariana Tripode
Fechando mais de seis faixas na avenida no sentido do Congresso, e com uma abertura que seguiu ao ritmo dos vários gritos de mulheres do campo, da floresta e das águas, que mostraram que os ideais de Margarida Alves continuam vivos, mesmo depois dos 33 anos de seu brutal assassinato e o repasse das emissoras ao público brasileiro só poderia ser visto, caso os telespectadores não piscassem os olhos.
A Marcha floriu Brasília. A Marcha é pela dignidade Feminina. A Marcha é por mulheres que vivem escondidas em seus cantinhos e que sofrem a exploração do poder masculino e do machismo a cada dia. A Marcha é pelas mulheres negras, e a Marcha dessas mulheres guerreiras tornou-se apoio decisivo à Presidenta Dilma e ao ex-presidente Lula.
Uma manifestação linda de se ver, que defende direitos sociais e a democracia.
As Margaridas estão nas ruas levando a voz de todo o Brasil, a voz de todas as mulheres, não só do campo, mas das cidades, dos becos, das comunidades, das periferias, das escolas. Em defesa da não redução de direitos da classe trabalhadora, elas estão, acima de tudo, defendendo a igualdade de gênero, um país mais justo, soberano e igualitário entre homens e mulheres.
Representantes do movimento se deslocaram de seus estados no último sábado. Do Acre, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Goiás, enfim, estados de todo o Brasil. Algumas levaram mais de 40 horas para chegar a Brasília.
A indignação não somente minha, mas de várias mulheres, toma conta de nossos corações, porque uma manifestação que foi potencializada pela histeria midiática dos últimos dias e que levou mulheres nuas às ruas aos gritos de “Fora Dilma, Fora PT, quero um País melhor, sem corrupção” foi reproduzida pela emissora a cada piscada de olho dos telespectadores.
E qual seria a razão da TV Globo ao não mostrar a Marcha das Margaridas em apoio à presidenta Dilma? Será por que não havia mulher pelada? Censuraram o bom senso?
Todo esse processo culmina com a manifestação de nossa dignidade histórica, nossa condição social, nosso grito de luta para que a sociedade não mais silencie diante da exploração, dos modelos de poder que são impostos a nós mulheres, em todas as frentes em que atuamos.
E que principalmente, aqueles que fingem ou negam ver essa força política, saibam que estamos nas ruas, nas casas, nas escolas, nos bairros, nas igrejas, nas favelas, nas praças, nos parlamentos, nos nossos trabalhos e não nos cansaremos mais, nem seremos caladas.