Na GLO no Rio, as coisas boas não são novas, e as novas não são boas

Será que sempre precisaremos de fardados a nos tutelar?

Parafraseando o já finado Foro de Teresina, que deixará saudades como o melhor podcast em política já feito neste país, há coisas boas e coisas novas no plano de Lula para lidar com a crise de segurança pública no Rio de Janeiro, o que inclui o decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Acontece que as coisas boas não são novas, e as coisas novas não são boas. Vamos por partes, a iniciar pelas coisas boas e intencionalmente vagas no plano de dez pontos anunciado nesta quarta (1º).

Os pontos positivos não são novidade: fortalecer o controle de fronteiras, modernizar tecnologicamente as polícias e ampliar as ações de inteligência são, hoje, pressupostos no receituário policial. Embora tudo isso já esteja previsto (pontos 3, 6 e 10), o plano apresentado não vai além desses bordões; falta estabelecer indicadores e diretrizes para cumpri-los. Um bom avanço é o fortalecimento da inteligência no monitoramento financeiro sobre o crime organizado, o que pode dar resultados se implementado a contento.

As coisas novas, no entanto, não são boas. “Tivemos uma ideia de uma GLO diferente de todas as outras já feitas no Brasil. Na prática, esta GLO está incidindo sobre áreas federais”, explicou o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao anunciar uma GLO circunscrita a portos e aeroportos em São Paulo e Rio. Ou seja, Dino teve a ideia de repescar a pior ideia da história da segurança pública, esvaziá-la de sentido e empacotá-la como solução. O uso da Polícia Rodoviária Federal em policiamento ostensivo contribui, ademais, para sua militarização, em curso desde Bolsonaro.

Implantar GLO em área federal é medida ineficaz, porque as Forças Armadas nada sabem sobre defender portos e aeroportos do crime organizado; é perigosa, porque vende, como outrora, uma solução fácil que nada mais é do que infiltrar milicos em atividades para as quais nunca foram treinados —nem deveriam ser. Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América Latina, que sempre precisará de fardados a nos tutelar?

+ sobre o tema

Cresce número de empresas sem mulheres e negros em cargos de direção, mostra B3

A presença de mulheres e pessoas negras em cargos...

Filantropia comunitária e de justiça socioambiental para soluções locais

Nasci em um quintal grande, que até hoje é...

Macaé Evaristo manifesta preocupação com exposição excessiva às bets

Recém-empossada no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania,...

Liderança deve ir além das desgastadas divisões da esquerda e da direita

Muitos líderes preferem o caminho da enganação ao árduo...

para lembrar

Professor, ex-interno da Febem, denuncia prejuízos da redução da maioridade

O professor doutor Roberto da Silva, docente do Departamento...

10 desenhos infantis inteligentes e que promovem a igualdade

Helena tem um ano e oito meses, um bebê,...

Campinas: Exposição Cultura Negra no Poupatempo

Apreciar um quadro no escuro enquanto o observador...

Com mais de 90% de parlamentares brancos, Senado quer fixar cota racial nas eleições

Fonte: UOL Notícias - O Senado Federal, composto por 94%...

Desigualdade salarial: mulheres ganham 11% a menos no DF, mesmo com lei de equidade em vigor

A desigualdade salarial entre homens e mulheres no Distrito Federal é de 11,05%, de acordo com o 2º Relatório de Transparência Salarial do Ministério do Trabalho e...

No Brasil, 4,5 milhões de crianças precisam de uma vaga em creche

Em todo o país, 4,5 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão em grupos considerados mais vulneráveis e deveriam ter o direito...

Nordeste e Norte elegeram mais prefeitas mulheres nos últimos 20 anos

Mossoró, município de 265 mil habitantes no interior do Rio Grande do Norte, teve prefeitas por cinco vezes desde 2000, a maior marca brasileira entre cidades...
-+=