O número de sul-africanos de raça negra formado nas universidades públicas da África do Sul aumentou 334 por cento entre 1991 e 2008, revela um estudo efetuado pelo Instituto Sul-Africano das Relações Raciais (SAIRR).
Segundo o estudo, 8.514 estudantes negros formaram-se nas universidades da África do Sul em 1991 (quando o “apartheid” começou a ser desmantelado), tendo esse número subido para 36.970 em 2008.
Por outro lado, o número de brancos formados nas universidades sul-africanas cresceu apenas 4 por cento no mesmo período, passando de 27.619 em 1991 para 31.527 em 2008, revela o estudo do Instituto Sul-Africano de Relações Raciais.
A análise dos resultados das universidades públicas revela ainda que entre alunos mestiços o aumento de formações universitárias cifrou-se em 125 por cento, tendo passado de 2.347 em 1991 para 5.286 em 2008, enquanto o número de indianos que terminaram com sucesso cursos superiores passou de 2.333 em 1991 para 6.857 em 2008, um salto de 194 por cento.
Relativamente às fontes das formações universitárias, o SAIRR apurou que a Universidade da África do Sul (UNISA, a maior do mundo em cursos por correspondência) foi a que mais bacharelatos conferiu a todos os grupos étnicos em 2008, precisamente 12,8 por cento de todos os conferidos pelas 23 universidades e institutos superiores do país.
No mesmo ano a UNISA conferiu igualmente, segundo o estudo, 13,6 por cento de todos os mestrados e doutoramentos do país, sendo neste capítulo a Universidade de Pretória a que melhores resultados obteve, com 15,8 por cento de todos os mestrados e doutoramentos.
Uma das mais importantes conclusões deste estudo, para além das alterações demográficas e étnicas da população universitária do país desde o fim do “apartheid”, é que foram as instituições anteriormente reservadas aos brancos as que mais licenciados formou.
“Outras universidades, especialmente aquelas que foram criadas para os historicamente desfavorecidos (já existentes antes de 1991 e criadas a pensar nos grupos raciais não-brancos) necessitam de apoio especial para se tornarem centros de excelência por direito próprio e não à custa de universidades de sucesso”, referiu um dos autores do estudo, o investigador Marius Roodt.
Roodt esclareceu que entre as instituições criadas pelo regime do “apartheid” os padrões de ensino não são necessariamente maus, dando como exemplo de excelência a Universidade de Fort Hare, que foi em tempos um núcleo de resistência anti-“apartheid” e onde se formaram alguns dos atuais líderes e governantes da África do Sul.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico ***
Fonte: Correio do Minho