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    Naruna Costa tem 15 anos de carreira como atriz de teatro, cinema e televisão (Bob Wolfenson/Netflix)

    Naruna Costa: “Para me proteger, evitei papéis que sexualizam mulher negra” 

    Karen Luise (Foto: Arquivo Pessoal)

    Mulheres negras: Um duplo desafio para o sistema de Justiça

    Maia Chaka, primeira árbitra negra da NFL (Foto: Denis Poroy/AAF/Getty Images)

    No mês das mulheres, NFL anuncia a contratação da primeira árbitra negra da sua história

    Arte: Rafael Werkema/CFESS

    Lideranças femininas falam sobre seus desafios no simpósio Mulheres, Poder e Sociedade

    Foto: Divulgação

    Lançamenro pesquisa viver em SP no Dia da Mulher

    (Ilustração: LINOCA SOUZA)

    Abismo feminino

    Adobe

    Por dia cinco mulheres foram vítimas de feminicídio em 2020, aponta estudo

    Ronda Maria da Penha, em Salvador, auxilia mulheres vítimas de violência — Foto: Alberto Maraux/ SSP-BA

    Mais de 180 mulheres foram mortas na BA em 2020: ‘É preciso entendimento social para mudar esses dados’, diz pesquisadora

    Reprodução/Facebook

    Março por Marielle: Instituto lança Agenda Colaborativa com ações que denunciam 3 anos de impunidade

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      Direitos Humanos para quem?

      Reunião da Secretaria da Juventude Carioca, criada pelo prefeito Eduardo Paes (DEM) - PerifaConnection

      Se não investir nos jovens, Rio pode criar população improdutiva no futuro

      Reprodução/Small Axe

      ‘Small Axe’ traz resiliência a histórias de racismo que poderiam ser apenas tristes

      Miriam Leitão (Imagem retirada do site Congresso em Foco)

      Um ano depois, a dúvida é sobre nós

      Goleiro Aranha, em sua segunda passagem pela Ponte Preta Imagem: Ale Cabral/AGIF

      Aranha reclama de racismo no futebol: ‘Era trocado pelo concorrente branco’

      Parem de nos matar (Portal Geledés)

      Pela afirmação da vida, pela liberdade e contra a brutalidade policial

      Foto: Pedro Kirilos/Riotur

      O Rio de janeiro continua… segregacionista

      Ashanti: nossa pretinha/Malê Mirim

      Literatura infantil para incentivar a autoestima em crianças negras

      Imagem: Frazer Harrison/Getty Images

      Globo de Ouro 2021: atores lamentam ausência de negros entre jurados

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      Ivanir Dos Santos (Foto: Arquivo Pessoal)

      Ivanir dos Santos: Ainda há esperança em prol da tolerância

      Bandeira do orgulho trans hasteada em São Francisco, nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/torbakhopper

      Brasil segue no topo de ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo

      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

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        (Foto por: Anna Maria Moura/ Coletivo Quariteré)

        Biblioteca comunitária dedicada à cultura africana e afro-brasileira é inaugurada em Cuiabá

        Divulgação

        Camila Pitanga estreia “Matriarquia em Processo” com primeira apresentação transmitida online direto de sua casa

        (Foto: Daryan Dornelles / Divulgação)

        Elza Soares lança single inédito, ‘Nós’, para homenagear as mulheres

        Foto: Divulgação

        Grandes cordelistas têm encontros marcados com os novos tempos, de 6 de março a 24 de abril

        Espetáculo Negra Palavra | Solano Trindade (Foto: Mariama Prieto)

        Identidades negra e indígena são tema do Palco Virtual de cênicas com leituras e espetáculos em construção de teatro e dança

        Beth Belisário (Foto: Divulgação)

        Beth Belisário, do bloco Ilú Obá de Min, abre série especial da coluna Um Certo Alguém em sinergia com a Ocupação Chiquinha Gonzaga

        Imagem 1 – Tear e poesia do fotógrafo Fernando Solidade

        Festival de Imagens Periféricas apresenta a multiplicidade cultural de São Paulo através da fotografia

        As mulheres usam a mandioca tradicionalmente para cozinhar e sabem prepará-la de várias maneiras.(Foto: TANIA LIEUW-A-SOE/CEDIDAS)

        As mulheres que cultivam mandioca no Suriname para vendê-la nos Países Baixos

        A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo (SP). (São Paulo (SP), 09.09.1960. (Foto: Acervo UH/Folhapress)

        Carolina Maria de Jesus ganha título de Doutora Honoris Causa da UFRJ

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              “O legado de Marielle é construído por cada mulher preta que se levanta, tira os pés da cama, e segue, porque isso é resistência”, diz Mônica Benício, viúva de Marielle

              19/08/2018
              em Geledés no Debate, Marielle Franco
              17 min.

              Fonte: Kátia Mello
              Leticiah Futata

              Leticiah Futata

              Há cinco meses, no dia 14 de março, a arquiteta Mônica Benício viveu sua maior tragédia: a execução no Rio de Janeiro de sua mulher Marielle Franco, vereadora do PSOL, que se tornou o símbolo internacional da luta dos Direitos Humanos. Desde então, Mônica tem se dedicado dia e noite à exigência do que chama ser a “resolução correta” para esse crime brutal e político que também matou o motorista da vereadora, Anderson Gomes. Mônica agarrou pelas mãos e coração todas as plataformas políticas a que Marielle se dedicava, tornando como missão manter o legado de seu grande amor.

              Mônica Benício / Arquivo Pessoal

              Em meio à uma agenda tribulada por inúmeros compromissos com a justiça e eventos de Direitos Humanos, por telefone, a viúva de Marielle concedeu gentilmente essa entrevista à coluna Geledés no Debate, em que falou sobre a relevância e a força das mulheres negras nas lutas contra todos os tipos de preconceitos, para que “nenhuma pessoa sinta mais as dores contra as quais Marielle lutava”.

              Mônica também relata como pediu proteção à Organização dos Estados Americanos (OEA), após ter sofrido ameaças presenciais e virtuais de morte. Ainda sob o impacto do assassinato de sua mulher, ela conta que mal consegue levar adiante seu mestrado na PUC (RJ) sobre justamente a influência da violência na relação do cidadão com sua moradia.

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              05/03/2021

              Geledés – Após cinco meses do brutal assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes, por que ainda não houve um desfecho sobre as execuções?

              Foi um crime muitíssimo bem executado e as investigações indicam, ao menos até agora, que se errou muito pouco em sua execução. Como ele foi muito bem executado, daí as dificuldades em dar respostas. É um crime muito sofisticado, sem precedente na história do Rio de Janeiro. Também é político, envolvendo agentes do Estado, políticos, pessoas com alto poder aquisitivo, e isso é muito grave. O Brasil está acostumado a ter situações como essas: crimes sem soluções, sem repostas, com envolvimento de agentes do estado. Por isso existe uma cobrança por justiça. Essa é a minha luta, e ela é muito séria. O mais importante é que a resposta seja correta e não seja qualquer resposta. Não queremos um laranja, um bode expiatório. O que eu quero saber é quem matou, quem mandou matar e qual foi a motivação desse crime.

              “Quero muitas Marielles no mundo da potência política, mulheres negras que se empoderam, que resolvem modificar as estruturas .  Marielles da população preta, pobres, feministas, que olham para si com orgulho e resolvam enfrentar o preconceito da sociedade. Não quero mais nenhuma Marielle sendo executada.”

              Mônica Benício / Arquivo Pessoal

              Geledés – Houve acusação de uma testemunha de que o vereador Marcello Siciliano (PHS) possa ser o mandante do crime, juntamente com o ex-policial e miliciano Orlando Oliveira de Araújo (o Orlando Curicia). Como analisa essa possibilidade?

              Sou arquiteta e não investigadora, mas o que o Siciliano se manifestou inicialmente era de que seria inocente e, inclusive, amigo da Marielle. Os amigos dela eu conhecia e eles frequentavam a minha casa. Eu tinha uma relação pessoal com eles e nunca fui apresentada ao vereador Siciliano. Mas também não há provas. E enquanto não existam provas de quem tenha sido o culpado, não dá para acusar ninguém.

              Geledés – Os três deputados estaduais MDB do Rio de Janeiro, Edson Albertassi, Paulo Melo e Jorge Picciani, este último ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (ALERJ), também estão sendo investigados. Como você vê esses novas acusações? 

              A minha resposta é na mesma linha da anterior. Infelizmente, ainda não temos provas. Até que se tenham provas concretas e seja possível dizer quem de fato cometeu esse crime, porque o fez e quem mandou fazê-lo, não dá para acusar ninguém. Porém acredito que todas as linhas que possam existir devam sim ser investigadas, não importa qual seja a origem das pistas. Essa situação do MDB foi levantada pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL), um companheiro de luta e amigo pessoal da Marielle, e que tem seus argumentos para construir essa linha de questionamento. É importante dizer que é um questionamento, e não uma acusação, em que Freixo constrói uma narrativa. Portanto, essa é uma possibilidade, assim como a do Siciliano, e que devem ser investigadas, como qualquer outra que possa esclarecer esse crime hediondo.

              “O 14 de março precisa ser para mim um dia de esperança, um dia em que as pessoas entendam o que a gente perdeu. E como a gente pode lutar para que não tenhamos mais a barbárie cometida em nenhum lugar do mundo”

              Nunah Alle / CHAMA

              Geledés – A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro recusaram novamente apoio da Polícia Federal para investigação.  Você confia na equipe de investigação? De que forma acompanha o caso?

              Na verdade, a Polícia Federal já apoia a investigação. A questão é, como o Raul Jungmann (ministro extraordinário da Segurança Pública) mesmo colocou, assumir a investigação caso ela seja federalizada. A federalização, dentro de um contexto de intervenção militar no Rio, me preocupa.  Eu quero que o resultado venha da melhor forma possível, mas me preocupa o fato de a investigação ficar longe do Rio de Janeiro. Além disso, existe um contexto de corrupção muito sério em nosso país, principalmente quando estão envolvidas figuras do Estado e agentes políticos. Eu confio no trabalho da Polícia Civil e tenho acompanhado de perto o que tem sido feito, tanto pelo delegado Fábio (Cardoso), quanto pelo delegado Geneton Lages (da Divisão de Homicídios). O Geneton é um delegado muito sério e está muito comprometido com o caso, e uma coisa que para mim é importante é o fato de ele não ter até aqui histórico de corrupção. Isso ajuda no avanço das investigações e faz com que tenhamos confiança em quem toca o caso. Tenho tido feedback, na medida do possível, já que as investigações ocorrem em sigilo. E acredito também que o sigilo seja essencial para o sucesso das investigações. Enfim, confio no trabalho deles e acho importante que o caso fique Rio de Janeiro, assim a família pode acompanhar de perto o desenrolar dos fatos.

              Geledés – Você solicitou pedido de proteção à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) após sofrer ameaças virtuais e presenciais. Como se deram essas ameaças? Teme, por exemplo, andar só nas ruas?

              Fiz uma solicitação de medida cautelar na Organização dos Estados Americanos (OEA) por conta de ameaças físicas, feitas pessoalmente.  As virtuais são causadas por discursos de ódio; essas me preocupam menos. Amigos e defensores de Direitos Humanos acharam interessante entrar com essa medida na OEA, uma vez que ela cobra do Estado brasileiro não só a minha segurança, mas também que seja investigado e solucionado o motivo pelo qual eu estou em risco, que nesse caso é o crime da Marielle.

              Geledés – Como foi a resposta do Ministério dos Direitos Humanos a seu pedido; você está sendo protegida? 

              As negociações vão ocorrer na próxima semana junto à Comissão de Direitos Humanos para ver em quais os programas posso me encaixar. O que me foi oferecido foi o Programa de Testemunhas, mas não sou testemunha de nada, então esse programa não se aplicaria a mim. Vou conversar com a comissão para saber quais são as possibilidades e como essa medida cautelar da OEA pode ser atendida pelo governo brasileiro.

              Geledés – Nas redes sociais, após cinco meses sem Marielle, você escreveu que “a dor é de quem tem. A saudade de mandar e receber mensagens a cada 10 minutos é diária”. Como é viver sem ela e como é o seu dia a dia?

              Como é a vida sem ela? Essa é a pergunta mais difícil (longa pausa) …Nunca pensei que eu fosse precisar viver sem ela. Alguns dias são mais difíceis que do que outros, mas nenhum deles é nada menos do insuportável. A parte mais difícil do dia é sempre acordar e encontrar força, motivação para poder enfrentar o vazio da cama. Isso é muito difícil. Meu dia a dia tem sido tomado por muitas agendas corridas, com muitos eventos, entrevistas, rodas de conversas com posicionamentos que antes eram feitos por Marielle, cobrança por justiça sobre o caso Marielle. Enfim, tudo gira em torno disso hoje. Minha vida profissional foi colocada de lado. Nesse momento, quero garantir que a luta dela tenha continuidade. Eu tinha um curso acadêmico que não estou conseguindo tocar; deveria ter chegado à qualificação em julho. Tenho tentado levar adiante, mesmo com dificuldade. O curso  é importante não só por ser um projeto pessoal, mas também porque era um investimento da Marielle em mim. Larguei o emprego quando ela se elegeu vereadora para me dedicar exclusivamente à família, à casa e a fazer o mestrado. Meu projeto de vida era seguir a carreira acadêmica, mas foi interrompido pela dor. Com coragem e ousadia me mantenho hoje.

              Geledés – Colegas de Marielle do PSOL prometeram seguir com suas propostas, sendo que algumas já foram aprovadas. Como  estão elas?

              A Marielle tinha seis projetos para irem à votação. O único retirado já na primeira eleição foi um dia de luta LGBT que entraria no calendário da cidade do Rio. Esse caiu por ter sido muito polêmico. Lamentavelmente e não surpreendentemente, considerando-se a bancada fundamentalista, racista e LGBTfóbica, esse projeto não foi à votação. Houve também um projeto extra das vereadoras da Câmara dos Deputados,em que foi feita uma homenagem à Marielle Franco, nomeando a tribuna com seu nome.  Portanto, o legado de Marielle foi sim devidamente respeitado com a aprovação desses projetos de lei. Porém, precisamos entender isso como não mais que a obrigação da Câmara em seu compromisso com o povo. Infelizmente, tivemos que ter a vida dela retirada para que esses projetos fossem aprovados, uma vez que em outro momento, eles haviam sido negados justamente por terem sido considerados modelos polêmicos. Enfim, são todos projetos por uma sociedade mais justa e igualitária, lutas de Marielle em todos os seus campos, tanto em sua vida pessoal como na afetiva.

              “A parte mais difícil do dia é sempre acordar e encontrar força, motivação para poder enfrentar o vazio da cama”.

              Mônica Benício / Arquivo Pessoal

              Geledés – Como fazer com que esse legado continue? 

              A aprovação desses projetos de lei é uma garantia do legado dela. Mas também o legado de Marielle é construído por cada mulher preta que se levanta, tira os pés da cama e segue, porque isso é resistência. É o legado de cada mulher feminista que luta contra o patriarcado, que luta por todas nossas populações periféricas e faveladas, mesmo tendo seus direitos negados e retirados diariamente por esse governo golpista, por essa sociedade machista, LGTBfóbica, racista. Cada pessoa que se levanta contra as injustiças sociais é hoje para mim o grande legado de Marielle.  

              Geledés – Marielle, uma mulher negra da favela da Maré, no Rio, se tornou um símbolo internacional da luta pelos Direitos Humanos e inspiração para  jovens negras. Como vê esse fenômeno e o que diria a essas jovens?

              Marielle sim se tornou um símbolo da luta internacional pelos Direitos Humanos e que bom que assim foi, porque a gente precisa resignificar o 14 de março para que não seja só um dia de barbárie, um dia de violência, um dia de dor. O 14 de março precisa ser para mim um dia de esperança, um dia em que as pessoas entendam o que a gente perdeu.  E como a gente pode lutar para que não tenhamos mais essa barbárie em nenhum lugar do mundo. Que nenhuma pessoa sinta mais as dores contra as quais Marielle lutava e nem a dor que eu sinto hoje. Quero muitas Marielles no mundo da potência política, mulheres negras que se empoderam, que resolvem modificar as estruturas, Marielles da população preta, pobres, feministas, que olhem para si com orgulho e resolvam enfrentar o preconceito da sociedade. Não quero mais nenhuma Marielle sendo executada, como a barbárie que aconteceu no Rio de Janeiro por ser uma mulher negra, violada, lésbica, pobre. Hoje isso não pode mais acontecer; e é por isso que a gente tem que continuar lutando. E que bom que ela se tornou uma expressão nesse sentido. Que outras Marielles nasçam, mas que nenhuma mais morra.

              Geledés – Papo Franco é o site que vai reunir as ideias de Marielle e outras temas, inclusive com vídeos da vereadora. Quais outros projetos estão em andamento? Ouve-se também falar em uma associação que leve o nome dela. É isso?

              O vídeo do Papo Franco tinha sido feito pela Marielle como uma prestação de contas, onde se abordariam os temas mais polêmicos, que inclusive ela estava discutindo e que estavam em pauta na sociedade,  para que ela se posicionasse. Teve um único vídeo produzido que foi sobre a maioridade penal. Esse vídeo foi mostrado pela irmã da Marielle, a Anielle, que com uma amiga da família, a Cris Araújo, idealizou esse projeto. Mas o projeto não é essa prestação de contas da Marielle; ele é apenas um start para o projeto. Sobre outras iniciativas, sei que existem algumas pesquisas e instituições que se movimentam em torno do nome de Marielle, mas não estou envolvida com isso. Meu projeto hoje é de militância pelas pautas de Direitos Humanos e um ativismo ainda mais intenso pelo direito à vida da população LGBT.

              Em meio à uma agenda tribulada por inúmeros compromissos com a justiça e eventos de Direitos Humanos, por telefone, a viúva de Marielle concedeu gentilmente essa entrevista à coluna Geledés no Debate, em que falou sobre a relevância e a força das mulheres negras nas lutas contra todos os tipos de preconceitos, para que “nenhuma pessoa sinta mais as dores contra as quais Marielle lutava”.

              Mônica também relata como pediu proteção à Organização dos Estados Americanos (OEA), após ter sofrido ameaças presenciais e virtuais de morte. Ainda sob o impacto do assassinato de sua mulher, ela que mal consegue levar adiante seu mestrado na PUC (RJ) sobre justamente a influência da violência na relação do cidadão com sua moradia.

              Geledés – Após cinco meses do brutal assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes, por que ainda não houve um desfecho sobre as execuções?

              Foi um crime muitíssimo bem executado e as investigações indicam, ao menos até agora, que se errou muito pouco em sua execução. Como ele foi muito bem executado, daí as dificuldades em dar respostas. É um crime muito sofisticado, sem precedente na história do Rio de Janeiro. Também é político, envolvendo agentes do Estado, políticos, pessoas com alto poder aquisitivo, e isso é muito grave. O Brasil está acostumado a ter situações como essas: crimes sem soluções, sem repostas, com envolvimento de agentes do estado. Por isso existe uma cobrança por justiça. Essa é a minha luta, e ela é muito séria. O mais importante é que a resposta seja correta e não seja qualquer resposta. Não queremos um laranja, um bode expiatório. O que eu quero saber é quem matou, quem mandou matar e qual foi a motivação desse crime.

              Geledés – Houve acusação de uma testemunha de que o vereador Marcello Siciliano (PHS) possa ser o mandante do crime, juntamente com o ex-policial e miliciano Orlando Oliveira de Araújo (o Orlando Curicia). Como analisa essa possibilidade?

              Sou arquiteta e não investigadora, mas o que o Siciliano se manifestou inicialmente era de que seria inocente e, inclusive, amigo da Marielle. Os amigos dela eu conhecia e eles frequentavam a minha casa. Eu tinha uma relação pessoal com eles e nunca fui apresentada ao vereador Siciliano. Mas também não há provas. E enquanto não existam provas de quem tenha sido o culpado, não dá para acusar ninguém.

              Geledés – Os três deputados estaduais MDB do Rio de Janeiro, Edson Albertassi, Paulo Melo e Jorge Picciani, este último ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (ALERJ), também estão sendo investigados. Como você vê esses novas acusações? 

              A minha resposta é na mesma linha da anterior. Infelizmente, ainda não temos provas. Até que se tenham provas concretas e seja possível dizer quem de fato cometeu esse crime, porque o fez e quem mandou fazê-lo, não dá para acusar ninguém. Porém acredito que todas as linhas que possam existir devam sim ser investigadas, não importa qual seja a origem das pistas. Essa situação do MDB foi levantada pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL), um companheiro de luta e amigo pessoal da Marielle, e que tem seus argumentos para construir essa linha de questionamento. É importante dizer que é um questionamento, e não uma acusação, em que Freixo constrói uma narrativa. Portanto, essa é uma possibilidade, assim como a do Siciliano, e que devem ser investigadas, como qualquer outra que possa esclarecer esse crime hediondo.

              Geledés – A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro recusaram novamente apoio da Polícia Federal para investigação.  Você confia na equipe de investigação? De que forma acompanha o caso?

              Na verdade, a Polícia Federal já apoia a investigação. A questão é, como o Raul Jungmann (ministro extraordinário da Segurança Pública) mesmo colocou, assumir a investigação caso ela seja federalizada. A federalização, dentro de um contexto de intervenção militar no Rio, me preocupa.  Eu quero que o resultado venha da melhor forma possível, mas me preocupa o fato de a investigação ficar longe do Rio de Janeiro. Além disso, existe um contexto de corrupção muito sério em nosso país, principalmente quando estão envolvidas figuras do Estado e agentes políticos. Eu confio no trabalho da Polícia Civil e tenho acompanhado de perto o que tem sido feito, tanto pelo delegado Fábio (Cardoso), quanto pelo delegado Geneton Lages (da Divisão de Homicídios). O Geneton é um delegado muito sério e está muito comprometido com o caso, e uma coisa que para mim é importante é o fato de ele não ter até aqui histórico de corrupção. Isso ajuda no avanço das investigações e faz com que tenhamos confiança em quem toca o caso. Tenho tido feedback, na medida do possível, já que as investigações ocorrem em sigilo. E acredito também que o sigilo seja essencial para o sucesso das investigações. Enfim, confio no trabalho deles e acho importante que o caso fique Rio de Janeiro, assim a família pode acompanhar de perto o desenrolar dos fatos.

              Geledés – Você solicitou pedido de proteção à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) após sofrer ameaças virtuais e presenciais. Como se deram essas ameaças? Teme, por exemplo, andar só nas ruas?

              Fiz uma solicitação de medida cautelar na Organização dos Estados Americanos (OEA) por conta de ameaças físicas, feitas pessoalmente.  As virtuais são causadas por discursos de ódio; essas me preocupam menos. Amigos e defensores de Direitos Humanos acharam interessante entrar com essa medida na OEA, uma vez que ela cobra do Estado brasileiro não só a minha segurança, mas também que seja investigado e solucionado o motivo pelo qual eu estou em risco, que nesse caso é o crime da Marielle.

              Geledés – Como foi a resposta do Ministério dos Direitos Humanos a seu pedido; você está sendo protegida? 

              As negociações vão ocorrer na próxima semana junto à Comissão de Direitos Humanos para ver em quais os programas posso me encaixar. O que me foi oferecido foi o Programa de Testemunhas, mas não sou testemunha de nada, então esse programa não se aplicaria a mim. Vou conversar com a comissão para saber quais são as possibilidades e como essa medida cautelar da OEA pode ser atendida pelo governo brasileiro.

              Geledés – Nas redes sociais, após cinco meses sem Marielle, você escreveu que “a dor é de quem tem. A saudade de mandar e receber mensagens a cada 10 minutos é diária”. Como é viver sem ela e como é o seu dia a dia?

              Como é a vida sem ela? Essa é a pergunta mais difícil (longa pausa) …Nunca pensei que eu fosse precisar viver sem ela. Alguns dias são mais difíceis que do que outros, mas nenhum deles é nada menos do insuportável. A parte mais difícil do dia é sempre acordar e encontrar força, motivação para poder enfrentar o vazio da cama. Isso é muito difícil. Meu dia a dia tem sido tomado por muitas agendas corridas, com muitos eventos, entrevistas, rodas de conversas com posicionamentos que antes eram feitos por Marielle, cobrança por justiça sobre o caso Marielle. Enfim, tudo gira em torno disso hoje. Minha vida profissional foi colocada de lado. Nesse momento, quero garantir que a luta dela tenha continuidade. Eu tinha um curso acadêmico que não estou conseguindo tocar; deveria ter chegado à qualificação em julho. Tenho tentado levar adiante, mesmo com dificuldade. O curso  é importante não só por ser um projeto pessoal, mas também porque era um investimento da Marielle em mim. Larguei o emprego quando ela se elegeu vereadora para me dedicar exclusivamente à família, à casa e a fazer o mestrado. Meu projeto de vida era seguir a carreira acadêmica, mas foi interrompido pela dor. Com coragem e ousadia me mantenho hoje.

              Geledés – Colegas de Marielle do PSOL prometeram seguir com suas propostas, sendo que algumas já foram aprovadas. Como  estão elas?

              A Marielle tinha seis projetos para irem à votação. O único retirado já na primeira eleição foi um dia de luta LGBT que entraria no calendário da cidade do Rio. Esse caiu por ter sido muito polêmico. Lamentavelmente e não surpreendentemente, considerando-se a bancada fundamentalista, racista e LGBTfóbica, esse projeto não foi à votação. Houve também um projeto extra das vereadoras da Câmara dos Deputados,em que foi feita uma homenagem à Marielle Franco, nomeando a tribuna com seu nome.  Portanto, o legado de Marielle foi sim devidamente respeitado com a aprovação desses projetos de lei. Porém, precisamos entender isso como não mais que a obrigação da Câmara em seu compromisso com o povo. Infelizmente, tivemos que ter a vida dela retirada para que esses projetos fossem aprovados, uma vez que em outro momento, eles haviam sido negados justamente por terem sido considerados modelos polêmicos. Enfim, são todos projetos por uma sociedade mais justa e igualitária, lutas de Marielle em todos os seus campos, tanto em sua vida pessoal como na afetiva.

              Geledés – Como fazer com que esse legado continue? 

              A aprovação desses projetos de lei é uma garantia do legado dela. Mas também o legado de Marielle é construído por cada mulher preta que se levanta, tira os pés da cama e segue, porque isso é resistência. É o legado de cada mulher feminista que luta contra o patriarcado, que luta por todas nossas populações periféricas e faveladas, mesmo tendo seus direitos negados e retirados diariamente por esse governo golpista, por essa sociedade machista, LGTBfóbica, racista. Cada pessoa que se levanta contra as injustiças sociais é hoje para mim o grande legado de Marielle.  

              “É um crime (assassinato de Marielle) muito sofisticado, sem precedente na história do Rio de Janeiro.  É um crime político, que envolve agentes do Estado, políticos, pessoas com alto poder aquisitivo, e isso é muito grave.

              Annelise Tozzeto

              Geledés – Marielle, uma mulher negra da favela da Maré, no Rio, se tornou um símbolo internacional da luta pelos Direitos Humanos e inspiração para  jovens negras. Como vê esse fenômeno e o que diria a essas jovens?

              Marielle sim se tornou um símbolo da luta internacional pelos Direitos Humanos e que bom que assim foi, porque a gente precisa resignificar o 14 de março para que não seja só um dia de barbárie, um dia de violência, um dia de dor. O 14 de março precisa ser para mim um dia de esperança, um dia em que as pessoas entendam o que a gente perdeu.  E como a gente pode lutar para que não tenhamos mais essa barbárie em nenhum lugar do mundo. Que nenhuma pessoa sinta mais as dores contra as quais Marielle lutava e nem a dor que eu sinto hoje. Quero muitas Marielles no mundo da potência política, mulheres negras que se empoderam, que resolvem modificar as estruturas, Marielles da população preta, pobres, feministas, que olhem para si com orgulho e resolvam enfrentar o preconceito da sociedade. Não quero mais nenhuma Marielle sendo executada, como a barbárie que aconteceu no Rio de Janeiro por ser uma mulher negra, violada, lésbica, pobre. Hoje isso não pode mais acontecer; e é por isso que a gente tem que continuar lutando. E que bom que ela se tornou uma expressão nesse sentido. Que outras Marielles nasçam, mas que nenhuma mais morra.

               

              Geledés – Papo Franco é o site que vai reunir as ideias de Marielle e outras temas, inclusive com vídeos da vereadora. Quais outros projetos estão em andamento? Ouve-se também falar em uma associação que leve o nome dela. É isso?

              O vídeo do Papo Franco tinha sido feito pela Marielle como uma prestação de contas, onde se abordariam os temas mais polêmicos, que inclusive ela estava discutindo e que estavam em pauta na sociedade,  para que ela se posicionasse. Teve um único vídeo produzido que foi sobre a maioridade penal. Esse vídeo foi mostrado pela irmã da Marielle, a Anielle, que com uma amiga da família, a Cris Araújo, idealizou esse projeto. Mas o projeto não é essa prestação de contas da Marielle; ele é apenas um start para o projeto. Sobre outras iniciativas, sei que existem algumas pesquisas e instituições que se movimentam em torno do nome de Marielle, mas não estou envolvida com isso. Meu projeto hoje é de militância pelas pautas de Direitos Humanos e um ativismo ainda mais intenso pelo direito à vida da população LGBT.

               

              Tags: #GeledésnoDebatefeminicídioMarielle FrancoMulher Negraviolência racial e policial
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              • No próximo dia 07 de março, às 19h, Camila Pitanga (@caiapitanga) estreia “Matriarquia em Processo”, espetáculo solocom transmissão online dentro da plataforma“ #emcasacomosesc”, do Sesc São Paulo (@sescsp). Criado por Camila, pela preparadora vocal Lucia Gayotto, pela dramaturga e roteirista Dione Carlose pela diretora Cristina Moura, Matriarquia é um encontro de mulheres e é deste encontro – ou “sistema social liderado por mulheres” – que o trabalho surge. “Matriarquia é sobre o encontro dessas mulheres, é sobre o meu encontro com minhas vivências e percepções, bem como minha experiência neste mundo que atravessa uma pandemia”, explica Camila.
              • A seção Coletiva Negras que Movem (@negrasquemovem), integrada à área colaborativa “Guest Post”, volta em 2021 com artigos de integrantes do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá (@fundobaoba). Confira um trecho do artigo da Clara Marinho Pereira"No contexto da pandemia provocada pelo novo coronavírus, o conjunto desses desafios tem se agravado, renovando em bases ainda mais complexas o desafio de lutar por um padrão civilizatório em que a interseccionalidade seja vista como ponto de partida incontornável da ação estatal e social, e não como mero recorte." Leia o artigo completo em: www.geledes.org.br
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              • Março por Marielle: Instituto lança Agenda Colaborativa com ações que denunciam 3 anos de impunidade O Instituto Marielle Franco (@institutomariellefranco), criado pela família da vereadora, abriu um chamado para ONG’s,  coletivos, associações, sindicatos e indivíduos que queiram participar da Agenda Colaborativa de  Ações. A atividade faz parte da programação do #MarçoPorMarielleEAnderson – movimento  criado pelo Instituto para lembrar o crime ocorrido em 14 de março de 2018.   📷Reprodução/Facebook
              • #Repost @amnboficial • • • • • • Março chegou! E com ele, o nosso Março de Lutas! O Março de Lutas é uma agenda coletiva para reafirmar a resistência negra no Brasil. O objetivo é que as mulheres negras brasileiras protagonizem uma chamada para compartilhar práticas, experiências e viabilizar denúncias que fortaleçam o enfrentamento ao racismo, ao patriarcado, sexismo e LBTfobia que impactam a vida das pessoas negras, especialmente as mulheres. #MarçodeLutas é a forma de celebrar o legado dos homens e mulheres negras que morreram lutando pela humanidade, cidadania e direitos reconhecidos e assegurados para a população negra. É uma ação que vai reafirmar a denúncia contra as violações de direitos humanos protagonizadas pelo Estado brasileiro, bem como, visa reforçar os debates sobre a importância da vida das mulheres negras no que diz respeito ao enfrentamento a violência doméstica, o feminicídio, o racismo religioso e a violência política política intensificadas pelo contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil. Acesse o nosso site: amnb.org.br/marcodelutas
              • A coluna Um Certo Alguém, do site do Itaú Cultural (@itaucultural) , abre o mês de março com uma série de cinco edições que tem como convidadas artistas que narram textos da dramaturga Maria Shu na Ocupação Chiquinha Gonzaga, em cartaz na organização. No dia 4, quinta-feira, a estreia acontece com a participação de Beth Belisário, presidente do Bloco Afro Ilú Obá de Min, sediado na capital paulista, fundado por ela e a também percussionista Adriana Aragão.
              • #Repost @midianinja • • • • • @portalgeledes e @midianinja divulgam Retratos da Pandemia Série traz histórias de como os moradores das periferias estão enfrentando a batalha contra a covid-19. São relatos que capturam a humanização do cuidado, a solidariedade e a organização nas comunidades em prol dos mais afetados pela doença infecciosa. Video: @mariasylvia.oliveira #retratosdapandemia
              • Para abrir o mês de março, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Ivangilda Bispo dos Santos, que nos convida a pensar sobre as resistências de intelectuais negros à colonização portuguesa em Moçambique. Confira um trecho do artigo do artigo"Reações ao mito da democracia racial no contexto moçambicano (Sec.XX)"."Entre os combatentes ao mito da democracia racial, podemos mencionar, além de Eduardo Mondlane, o gôes Aquino de Bragança e os angolanos Mário Pinto de Andrade e Agostinho Neto. Interessante notar que todas as pessoas africanas mencionadas acima eram consideradas pelo governo colonial “assimiladas” à cultura portuguesa. No entanto, tal enquadramento não lhes garantia a igualdade de oportunidades e de tratamento, fator poderoso para a contestação da situação colonial e da discriminação racial vigente". Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Moçambique #ResistênciaIntelectualNegra #ColonizaçãoPortuguesaEmÁfrica #Antirracismo #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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              Naruna Costa tem 15 anos de carreira como atriz de teatro, cinema e televisão (Bob Wolfenson/Netflix)

              Naruna Costa: “Para me proteger, evitei papéis que sexualizam mulher negra” 

              07/03/2021
              Karen Luise (Foto: Arquivo Pessoal)

              Mulheres negras: Um duplo desafio para o sistema de Justiça

              07/03/2021
              Imagem: Getty Images

              Boletim de Análise Político-Institucional nº 26, março 2021

              07/03/2021

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