luta pela terra no Brasil, aliás, a luta por um cantinho para produzir alimentos para si e para os seus, é muito antiga.
Por Lelê Teles Enviado para o Portal Geledés
remonta aos nossos primeiros momentos.
e nasce ali, nos quilombos.
que foram muitos e se espalharam por todo o país. eles mostram, também, a luta do povo negro contra o opressor, ao contrário do mito que prega o negro passivo e submisso. (CLÓVIS MOURA, 1959. Rebeliões da Senzala, quilombos, insurreições, guerrilhas).
ali, nos quilombos, trabalhadores sem terra – é bom que se diga – ocuparam densas áreas improdutivas e passaram a plantar e a colher.
e diversificaram a produção agrícola na colônia viciada em monocultura.
além de nos deixarem o legado da técnica da aragem, do cultivo e do preparo de alimentos, fundamentais para a nossa formatação cultural.
nas terras ocupadas, os negros (além de índios e brancos) viviam em regime de comunalismo, tudo era de todos.
não havia mais a fome imposta pelos brancos e nem os castigos desumanos apoiados pela santa igreja.
resistiram bravamente, esses deficientes cívicos quilombolas, por um século, de 1595 a 1695, às investidas brutais do exército.
foram, ao todo, 27 guerras perpetradas por portugueses e holandeses, para tomada da posse da terra.
que seria entregue, logo em seguida, a algum latifundiário monoculturista, que ia plantar para alimentar os brancos nas estranjas e fazer a máquina colonial funcionar.
nada mudou.
ainda hoje os brancos têm a posse das terras, mesmo invadindo e grilando.
devastam a vegetação, assoreiam rios, entopem nascentes, poluem tudo ao redor e plantam soja para servir de ração ao animal europeu.
ou criam animais para alimentar as barrigas brancas.
para tanto, seguem matando os que pretendem quilombar.
e matam, também, qualquer um que os queiram ajudar.
que Deus guarde a alma de Chico Mendes e Dorothy Stang e mantenha Stédile vivo.
porque os nossos John Waynes seguem a atirar em índios, como se gente humana não fossem, para “limpar” o caminho.
e continuam assassinando qualquer trabalhador de pele escura que ouse plantar um grão de feijão.
terra, à vista ou em suaves prestações, só para os brancos.
com mil diabos.
nunca se esqueçam, a primeira morte no campo se deu entre um pecuarista e um agricultor: Caim e Abel.
não parou nunca mais.
assassinos por natureza, de chapéu e fivelão no cinto, ainda hoje mandam e desmandam; matam e desmatam.
palavra da salvação.
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