A gente sabe da importância em se combater o racismo estrutural e a cultura do assédio sexual, além do bullying, que estão enraizados na sociedade. Nesse sentido, uma pesquisa realizada no Reino Unido apontou que 66% dos profissionais na indústria da música já lidaram com alguma dessas questões.
Intitulado “Dignity at work 2: Discrimination in the music sector”, o relatório divulgado pelo jornal The Guardian e encomendado pelo ISM, órgão profissional do Reino Unido, constatou que “a prevalência de discriminação e comportamentos inadequados no setor musical só piorou”.
Em um dos casos revelados pelo periódico, uma mulher disse:
Me disseram que, como cantora, eu só avançaria na minha carreira se estivesse preparada para fazer favores sexuais.
Em outro caso, um homem contou:
Fui agredido sexualmente durante um show e me senti incapaz de contar a alguém, pois ainda tínhamos três meses de trabalho juntos. Foi um dos momentos mais difíceis para mim.
O The Guardian ainda relatou o depoimento de um músico clássico:
O maestro da orquestra disse que queria me beijar e, quando eu recusei, ele não me chamou de volta.
Todos eles descreveram a discriminação como “endêmica em toda a profissão musical”, lamentando que tais incidentes “com base no gênero e na origem étnica” criassem uma sensação de vitimização e prejudicassem as carreiras profissionais.
Triste!
Presidente do ISM se manifestou sobre os resultados da pesquisa
Vick Bain, presidente do ISM e coautora do relatório, se mostrou descontente com as descobertas do estudo, principalmente em comparação com dados anteriores:
Elas são incrivelmente assustadoras e deprimentes porque, quando lançamos o último relatório e pedimos que a indústria tomasse medidas, realmente pensamos que haveria algum movimento. Quase 700 indivíduos corajosos preencheram a pesquisa. Ver que as coisas ficaram ainda piores foi realmente muito chocante. Todo mundo merece estar seguro no trabalho e é um escândalo que nossa brilhante força de trabalho da música esteja sendo decepcionada dessa maneira.
Em sua conclusão, o relatório aponta:
Os resultados da pesquisa deixaram claro que a força de trabalho autônoma e freelancer está desprotegida no trabalho, pois muitas vezes não têm ninguém a quem denunciar a discriminação e também temem que levantar reclamações os leve ao ostracismo de futuras oportunidades de trabalho. Aqueles que estão empregados também não trazem queixas – e quando o fazem, muitos são vitimados ou punidos por fazê-lo.
No Brasil, o governo federal tem o Disque Direitos Humanos – Disque 100, que recebe denúncias de racismo e discriminação. Já os crimes de assédio podem ser denunciados através de sindicatos, delegacias do trabalho ou o Ministério Público do Trabalho.