Por: ITALO NOGUEIRA
Apuração aponta gangues como responsáveis por ataques na zona sul, em Nova Iguaçu e em Niterói
Para polícia, grupo pode ter ligação com tortura e morte de garoto de 14 anos em São Gonçalo, duas semanas atrás
Cartazes em defesa do “orgulho hétero” e cartilhas contra o projeto que criminaliza a homofobia foram espalhados pela periferia do Rio por grupos de skinheads.
Para a polícia do Rio, essas gangues são responsáveis por uma série de ataques a homossexuais da zona sul do Rio, em Nova Iguaçu, São Gonçalo e Niterói.
A polícia diz não saber quantos gays foram vítimas dos skinheads, que se organizam pela web. Mas apura se Alexandre Ivo, 14, torturado e morto há duas semanas em São Gonçalo, foi vítima de ataque homofóbico.
Ele e amigos participavam de uma festa quando começou uma discussão com outro grupo. Após a briga, com agressões verbais e físicas, os amigos de Alexandre foram à delegacia registrar queixa e voltaram para a festa.
Por volta de 1h30, o menino foi embora sozinho. Não foi mais visto. No dia seguinte, seu corpo foi achado em um terreno baldio. Havia sido asfixiado e tinha lesões no crânio, possivelmente causadas por pedradas e agressões com barras de ferro.
A polícia chegou aos suspeitos pelo Disque-Denúncia. Apura se o crime foi motivado por homofobia ou pela briga. Para a mãe de Ivo, Angélica Vidal Ivo, 40, ele “sofreu a agressão por conviver com homossexuais”.
Os três envolvidos, Allan Siqueira de Freitas, 22, André Luiz Maçole, 23, Eric DeBruim, 22, presos preventivamente, negam o crime e ligação com skinheads.
A Secretaria Estadual de Direitos Humanos do Rio acompanha as investigações e ONGs organizaram passeata contra o crime. Amigos de Ivo dizem, porém, que foram ameaçados. “Uma pessoa me ligou e disse que ia me matar se eu viesse”, disse um rapaz.
A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática diz fazer rondas sistemáticas para tirar do ar sites que defendam a homofobia.
“Conseguimos tirar quando há defesa clara a agressões ou assassinatos, por ser incitação ao crime. Mas uma lei contra a homofobia, como existe contra o racismo, facilitaria nossa ação”, diz a delegada Helen Sardenberg.
HOMOSSEXUALISMO
Por e-mail, um representante carioca do grupo Carecas do Brasil (presente em ao menos nove Estados) disse à Folha não sentir ódio de homossexuais, mas “tanta intolerância quanto a de qualquer católico ou evangélico”. O grupo nega ter envolvimento na morte de Ivo.
“Nossa posição é contra o homossexualismo, e não contra homossexuais.”
Fonte: Folha de S.Paulo