Rota da Independência passará por Cachoeira e São Félix nesta semana

As cidades-irmãs do recôncavo baiano, Cachoeira e São Félix, receberão na quarta e quinta-feira (15 e 16), a Rota da Independência. A Rota passará por diferentes municípios, ressaltando a importância de cada local na luta pela Independência da Bahia e oferecendo diversas atividades culturais e históricas.

Do Fundação Pedro Calmon Enviado para o Portal Geledés

O projeto é promovido pela Fundação Pedro Calmon, em parceria da Fundação Cultural da Bahia (Funceb) e o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac) – unidades vinculadas à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).

O secretário de Cultura de Cachoeira, André Reis, fala sobre a importância da Rota para os baianos: “É essencial reforçar a importância dos municípios envolvidos na Independência do Brasil na Bahia. Esse projeto está vinculado à memória, que é importante para reflexão da nossa cultura identitária. É interessante demarcar essa relação dos municípios e reforçarmos essas datas. Além disso, a forma de segmento do roteiro de maneira linear de acontecimentos contribui na reconstituição da história”.

Nesse mesmo sentido, o diretor do Centro de Memória da Bahia, Rafael Fontes, destaca que ambas as cidades foram palco de grandes debates para a consolidação da emancipação do Brasil. “A memória do 2 de Julho é muito viva na cidade, na população e para o poder público local. Cachoeira é muito vaidosa ao falar do processo de independência do Brasil na Bahia, e está correta em ser. Levar a Rota da Independência a essas localidades, é reconhecer essa importância”, aponta Rafael.

Cachoeira é a segunda capital do Estado, de acordo com a Lei Estadual 10695/07. Todos os anos, no dia 25 de junho, o governo estadual é transferido para a cidade em reconhecimento histórico pelos feitos da cidade em prol do país.

Programação – As atividades da Rota da Independência acontecem em parceria com a Fundação Cultural da Bahia (Funceb) e do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac). Na quarta-feira (15), das 9h às 18h, haverá visita na Biblioteca de Extensão (Bibex) e do Estande Móvel da Biblioteca Virtual Consuelo Pondé (BVCP) – unidades vinculadas à Fundação Pedro Calmon/ Secretaria de Cultura do Estado.

Nas atividades, que serão no Cine Theatro Cachoeirano, a Bibex oferecerá além do acervo ao ar livre, brincadeiras e leituras com a equipe da biblioteca; e o projeto Família Verde Plantão, uma banda lúdica de palhaços que tem alunos da rede pública de ensino como jovens produtores. Já a BVCP, através do estande móvel, oferecerá ao público acesso guiado ao site da unidade, divulgando especialmente conteúdos relacionados à luta da independência do Brasil na Bahia.

Ainda em Cachoeira, no Arquivo Público Municipal e na Câmara de Vereadores, acontecerá exposição sobre o 25 de Junho / 2 de Julho, das 9h às 17h. Pela tarde, haverá exibição de documentário sobre o 2 de Julho no Cine Theatro Cachoeirano.

Já na quinta-feira (16), o Centro Cultural Dannemann, em São Félix, receberá a visita da Bibex e da BVCP. Além disso, também haverá encontro do Plano Municipal do Livro, Leitura e Biblioteca e Encontro Territorial dos Arquivos. Na programação, ainda haverá aula-espetáculo sobre o 2 de Julho com a Cia de Teatro Finos Trapos. As atividades estão programadas das 9h às 12h.

Pela tarde, as atividades seguem em Cachoeira das 13h às 18h. No Cine Theatro Cachoeirano haverá participação da Bibex, a apresentação artística da Funceb com a coreografia Bufyo, com assinatura da coreógrafa Roquidélia, que retrata a transformação de Yansã para Búfalo. Bufyo será apresentado por Luan, Eliosvaldo, Tuago, Juca, Rafael e Sergio Reis.

Logo após, haverá aula-espetáculo, Histórias Estoriósas da Independência da Bahia, ministrada pela Cia de Teatro Finos Trapos sobre a importância da celebração da Independência do Brasil na Bahia. Usando a arte como linguagem, o grupo também apresenta os personagens históricos e míticos mostrando ao público a importância destes para os diversos segmentos sociais presentes na celebração. No final, haverá Conserto à Liberdade com a Filarmônica Lyra Ceciliana.

Contexto Histórico – Cachoeira recebeu o status de cidade heroica pela participação decisiva nas lutas pela independência, e não é para menos. No século XIX, na semana seguinte da assinatura da ata de vereança em Santo Amaro, o coronel de milícias José Garcia Pacheco reuniu cem homens armados em Santo Amaro e marchou para a vizinha vila de Cachoeira, sendo recebido com entusiasmo pela população. Novos grupos de voluntários se juntaram ao improvisado destacamento militar.

Na manhã de 25 de junho de 1822, o engenheiro Antônio Rebouças, um dos líderes do movimento, aclamou D. Pedro I como “Defensor perpétuo e Constitucional do Brasil”, o que despertou a ira do general Inácio Luís Madeira de Melo, militar português que ocupava o cargo de “Governador das Armas”. Enquanto os moradores se reuniram para comemorar na atual Praça da Aclamação, onde foi feita a leitura da ata seguida de um Te Deum (hino cristão) na Igreja Matriz, Madeira de Melo atacou a cidade com canhões e logo no início conseguiu matar o comandante das tropas cachoeiranas, o soldado Manoel Soledade, conhecido como Tambor Soledade.

A canhoneira lusitana estava estacionada no Rio Paraguaçu, em frente à cidade, e haviam portugueses entrincheirados em suas casas atirando contra as pessoas que se aglomeravam nas ruas. Na primeira noite, os portugueses atacaram as casas dos brasileiros. A situação se inverteu na manhã seguinte quando uma improvisada e pequena frota de canoas e pequenos barcos de pesca, vinda também de São Félix, cercou a canhoneira de todos os lados. Na falta de equipamentos mais modernos, os nativos usavam espingardas de caça e um canhão antiguíssimo, exibido até então como relíquia em Praça de Cachoeira.

Conhecida como cidade-irmã de Cachoeira, São Félix prestou importantes serviços lutando ao lado da cidade vizinha, à qual era vinculada administrativamente. Naquele lendário mês de junho, São Félix também se transformou numa praça de guerra e entrou em luta em prol de uma causa comum. Muitas embarcações foram estraçalhadas pela fuzilaria da escuna portuguesa, tendo jazido muitos no Rio Paraguaçu. Após três dias intensos de guerra, de Cachoeira e São Félix as tropas seguiram para Salvador.

Na tarde do dia 28 de junho, o comandante português e seus 26 marinheiros finalmente se renderam, por estarem sem comida e munições. Como assinala o jornalista e escritor Laurentino Gomes – que escreveu os livros 1808, 1822 e 1889 sobre a história do Brasil – foi a mais singela e talvez a mais heroica de todas as batalhas navais da independência brasileira.

#RotadaIndependência – Realizada pela Fundação Pedro Calmon/SecultBA, a Rota visa reforçar na memória dos municípios que participaram das lutas pela Independência do Brasil na Bahia, seus respectivos papéis no processo, fortalecendo o senso cívico e cultural dos mesmos. Com o tema 2 de Julho é todo ano, 2 de Julho é todo dia, a Rota 2016 conta com a parceria da Fundação Cultural da Bahia (Funceb) e do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac) e revisita algumas dessas cidade, levando uma programação com música, arte e oficinas de leitura, de 13 a 30 de junho. Os municípios de Santo Amaro (13), São Francisco do Conde (14), Cachoeira (15), São Felix (16), Maragogipe (17), Itaparica (20) e Caetité (29) receberão a Rota da Independência, que este ano, celebra nove anos. Todas as informações e atividades estão disponíveis no site www.fpc.ba.gov.br.

Acompanhe tudo sobre a Rota da Independência

Mais informações:

Assessoria de Comunicação

Fundação Pedro Calmon | SecultBA

Tels: (71) 3116-6918 / 6919

www.fpc.ba.gov.br

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