Vencedora de prêmios tanto na carreira de cantora quanto na de atriz, Macy Gray parece chegar a 2012 muito tranquila com seu talento e potencial. Afinal, a mãe de três adolescentes – fato que considera “definitivamente mais difícil” do que cantar e atuar – não precisou lançar um disco de inéditas para chamar a atenção. Pelo contrário. No fim de março, botou na rua “Covered”, álbum no qual interpreta canções de artistas de gêneros distintos, como Radiohead, Metallica, Arcade Fire, Yeah Yeah Yeahs, Eurythmics, My Chemical Romance, Kanye West e Nina Simone.
O disco funciona bem, talvez por ter uma unidade sonora minimalista, eletrônica e orgânica que amarra tudo, mas também porque a voz rasgada da americana colabora. A novidade mais recente de Macy Gray, entretanto, não vem do universo musical. Além de ser a narradora, ela está no elenco – que ainda conta com Nicole Kidman, Matthew McConaughhey, Zac Efron e John Cusack – do longa “The paperboy”, de Lee Daniels, que estreou no Festival de Cannes no dia 24 de maio.
Em entrevista por telefone ao G1, Macy Gray fala sobre o novo álbum, a carreira de atriz que já tem mais de uma década e o que achou de ter participado do tapete vermelho de Cannes, apontando as diferenças do evento de cinema para os de música.
G1 – O disco “Covered” foi lançado no fim de março. Está feliz com esse trabalho?
Macy Gray – Sim, definitivamente. Eu amo esse álbum, acredito que ele esteja muito bonito.
G1 – Como foi o processo de selecionar essas canções?
Gray – Eram algumas de minhas músicas favoritas, mas o mais importante para mim eram as letras, que eu pudesse cantá-las e que soassem verdadeiras saindo de mim, que não fosse apenas eu cantando uma música de outra pessoa. Tinha que ser algo que eu cantasse do coração e que soasse muito sincero.
G1 – Cada música é diferente, embora no final tudo faça sentido como uma coisa só. Era essa a intenção? Quanto de trabalho você colocou na produção do disco?
Gray – O que faz tudo ser tão consistente é o fato de o álbum ter tido apenas um time de produtores, com o Hal Willner como o principal. Queríamos fazer um disco ao vivo, dá pra sentir que as músicas são tomadas reais do estúdio, quando todos estavam tocando ao mesmo tempo, tirando um ou outro overdub. Sinto que eu realmente consegui transformar músicas de rock em um disco de soul/pop. Todos entenderam isso e tudo foi feito de forma muito natural. Não nos sentamos e falamos sobre o assunto, mas estava bem claro o que nós queríamos fazer e acho que todo mundo foi a fundo nisso.
G1 – Mesmo minimalista e eletrônico, o som é fresco e orgânico.
Gray – Sim, é tudo muito natural. Tudo ao vivo.
G1 – Sendo mãe de três, você mudou a letra de “Teenagers” (My Chemical Romance) para que tivesse mais a ver com sua vida atual. O que é mais complicado: ser cantora, atriz ou cuidar de adolescentes?
Gray – Ser mãe de três adolescentes definitivamente é o mais difícil. Não há a menor dúvida.
G1 – Você passou pelo Festival de Cannes recentemente. Como foi o evento?
Gray – Me senti como se estivesse no espaço, nunca vi nada como aquilo. Fazer o tapete vermelho foi uma loucura total. Foi bem empolgante, pois foi a primeira vez que vi o filme [“The paperboy”] e esse era meu objetivo. Foi uma loucura ver aquele monte de gente, muitas festas rolando, muitas estrelas de cinema… foi mesmo bem maluco.
G1 – Qual é a diferença entre um evento de música e um de cinema?
Gray – É simplesmente um conjunto diferente de pessoas, sabe? Pessoas que fazem música são bem mais egocêntricas, há muito mais ego e elas festejam de um jeito diferente. Com o pessoal do cinema é como se eles não estivessem lá lutando para arrumar emprego em um próximo filme. É uma vibração diferente.
G1 – Como foi trabalhar com Lee Daniels, Nicole Kidman e John Cusack?
Gray – Foi realmente incrível. Não poderia imaginar que algum dia iria conhecer essas pessoas, nunca sonhei em conhecer Matthew McConaughey. Foi demais, aprendi muito sobre atuação, e eu realmente admirava o elenco e estou orgulhosa de poder dizer que fiz um filme com essas pessoas.
G1 – Você tem atuado desde 2000. Qual é o peso que isso tem em sua carreira?
Gray – Tem se tornado cada vez mais importante. No começo eu apenas me sentia uma sortuda por alguém ter me chamado para aparecer em seu filme, e não achava que daria frutos, mas agora acredito que é importante eu tentar melhorar na atuação e ser boa em tudo que eu faça.
G1 – Como serão os shows de “Covered”? Você toca apenas os covers ou mescla com antigos sucessos?
Gray – Tocamos o disco inteiro e depois apresentamos também os destaques dos outros álbuns.
G1 – Tem planos de trazer essa apresentação ao Brasil?
Gray – Voltaremos, sem dúvida. Acho que a turnê deve passar por aí na metade do segundo semestre.