“A tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ainda está vivo!”

Na semana que passou, uma frase dita por meu filho me inspirou para a construção deste artigo. Curiosamente, por acaso (será?) fui ler o enunciado que apresenta o objetivo da existência desta coluna, Comunidade em Pauta, e vi que a importância de participar de um projeto que acompanha o processo de avanços que a população das favelas e periferias obtiveram, ampliando estas vozes para além dos tradicionais meios comunitários (extremamente importantes) tem sido fundamental e inovador, ou vice-versa.

Por Mônica Francisco, do Jornal do Brasil  

Embora tenha havido esse avanço, o componente dramático disso tudo é que na maioria das vezes, não há a possibilidade de se dar de maneira digna, voz e vez a esse público, quando se tem parte da mídia que reforça de maneira irresponsável a cristalização de estereótipos que nestas áreas custam a vida destas pessoas.

Me peguei fazendo uma reflexão em voz alta sobre a menção nada equitativa das mortes de duas cidadãs do estado do Rio de Janeiro por um veículo de comunicação, e foi nesse momento que meu filho fez o comentário do qual me referi inicialmente. Ele disse que moradores e moradoras destas áreas, favelas e periferias, como queiram, nunca têm biografias, ou melhor, são tratados como se nunca as tivessem tido, ou existido.

Sim, precisamos de mais espaços que dignifiquem a existência de uma população que vem sendo tratada como cidadã de segunda classe, mas ainda sim, o pior não é o serem tratadas dessa maneira, o pior é serem encarados como pessoas descartáveis,detentores de uma existência tão descartável e insignificante, que suas biografias não tem importância. Suas mortes não importam, e importar-se, ou ter o outro como importante, é o máximo exercício de empatia, é importar o outro para dentro de si mesmo, vê-lo(a) com importante.

Há uma sensação estranha, como se algo tivesse sido quebrado no curso de nossa trajetória por aqui por estas paragens. Uma sensação de que as pessoas, as pessoas são o que na verdade menos importam. É triste ver a perda da capacidade de amar o semelhante com todas e a despeito de nossas diferenças, ou pelo menos respeitar a sua humanidade.

Me lembrei de uma frase que anotei durante uma palestra (já viram que gosto muito de frases né), e compartilho com todos e todas vocês neste artigo para meditarmos, até!

“A tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo!”(Albert Schweitzer)

* Mônica Santos Francisco – Consultora na ONG ASPLANDE, Colunista no Jornal do Brasil. Coordenadora do Grupo Arteiras

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