25 de Maio, A Luta pela independência de África continua…

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Por Ynnamiléh N’Kosi Djonnu via Guest Post para o Portal Geledés

Há 53 anos em Adis Abeba capital da Etiópia, reuniram-se um grupo de 30 líderes africanos com o propósito de erradicar o colonialismo e promover a plena emancipação dos Estados africanos das garras imperialistas e usurpadoras da Europa. A cimeira que durou de 22 a 26 de Maio de 63 resultou na criação da Organização da Unidade Africana (OUA) que teve como principal pauta a retomada das terras e aceleração do processo da descolonização por qualquer meio necessário.

Naquele ano, uma boa parte do continente ainda estava sob domínio europeu e a necessidade de enfrentamento para garantia de decisão do próprio destino do povo africano era algo inevitável. E o OUA cumprindo seus objetivos, promoveu sistemas de financiamento aos países que só viam na luta armada o único meio de libertação. Dentre os anfitriões da cimeira, estavam figuras importantes como Kwame Nkrumah (primeiro presidente do Gana) que apostava na integração, federalismo e na criação dos Estados Unidos de África, Sekou Touré (Guiné Conacry) que também defendia a mesma ideia e Haile Selassie (Imperador da Etíopia) que compartilhava do mesmo ideal.

O Pan-Africanismo no continente estava nos seus anos de ouro e isso sem sombra de dúvida não era notícia agradável aos racistas histéricos portadores do síndrome de “quero tudo, me dá tudo,tudo é meu, preciso destruir tudo”. As mudanças eram reais e estavam diretamente ameaçando aquele sistema enquanto a proposta da cimeira seguia rumo às suas finalidades como é o caso de muitos países como Guiné-Bissau, Angola, Moçambique que se tornaram independentes nos anos seguintes sob comando dos líderes totalmente formados no viés pan-africano e não socialista nem comunista como tem se pronunciado alguns “esquerdopatas”.

Os africanos não precisam reivindicar e nem tomarem para si aquilo que não condiz com as suas próprias realidades. E, em se tratando do socialismo europeu, o próprio conceito socialista já é inerente à realidade das sociedades africanas tornando-o assim dispensável de importação e assimilação como dizia o Diop.

No entanto, voltando à questão central do texto, a OUA que atualmente é UA (Unidade Africana) ainda é e continuará sendo uma valiosa ferramenta do empoderamento e fortalecimento enquanto nações dotadas de instituições fortes e decisivas do continente africano. É só através dela que poderemos de fato ver um continente emancipado com países sem medo de embargos da FMI, Banco Mundial, julgamentos pela TPI e de todo resto.


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