05/12 – Dagoberto José Fonseca autografa o livro Você conhece aquela? na Livraria Martins

A piada, cujo intuito é provocar o riso e dissimular conflitos, explicita com jeitinho a fragilidade da democracia racial e social brasileira, tornando ainda transparente a tentativa padronizadora perpetrada pelo branqueamento. Aqui, o autor analisa como as piadas sobre negros contribuem para propagar o racismo e abre caminho para discutirmos mais profundamente as relações étnico-raciais em nosso país.

Dagoberto José Fonseca

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voce conhece aquelaA Selo Negro Edições e a Livraria Martins Fontes – Paulista promovem, em São Paulo, no dia 5 de dezembro, quarta-feira, das 18h30 às 21h30, a noite de autógrafos do livro Você conhece aquela? – A piada, o riso e o racismo à brasileira, do antropólogo Dagoberto José Fonseca. Às 19h, no piso superior, os professores doutores Josildeth Gomes Consorte (PUC/SP), Bader Burihan Sawaia (PUC/SP) e Kabengele Munanga (USP) fazem uma apresentação crítica do estudo que resultou na obra. Em seguida, acontece a sessão de autógrafos no piso térreo da livraria, que fica na Av. Paulista, 509 (próxima à estação Brigadeiro do metrô).

Vivemos a era do politicamente correto, mas as piadas ainda servem de instrumento de preconceito, discriminação e marginalização. Se hoje os chistes procuram se enquadrar em uma falsa democracia racial, as chamadas “piadas de preto” continuam sendo disseminadas na surdina. No livro, Fonseca cataloga diversas anedotas contadas no território brasileiro, interpretando-as à luz das relações raciais entre negros e brancos. Nesse percurso, ele descobre nas piadas novas e antigas manifestações sociais que ganham vida num universo engendrado pela produção cultural e pela história local, fazendo parte de um intercâmbio entre a língua, o poder, a força da palavra e de suas representações.

Trata-se de um estudo inédito nas ciências sociais visando analisar as mensagens transmitidas pelas piadas que difundem, consolidam e denunciam a existência do preconceito, da discriminação, da marginalização e dos estereótipos contra os afro-brasileiros na sociedade. Ao abordar o “racismo à brasileira” de modo amplo, o autor problematiza suas diferentes facetas partindo de piadas cujos protagonistas são os negros brasileiros.

Segundo Fonseca, as piadas racistas aparentemente diminuíram de intensidade, mas agora estão em ambientes mais reservados. “Além disso, muitos negros perceberam o ridículo a que eram submetidos e não deixam mais que zombem de si, de seus costumes e práticas culturais”, complementa o antropólogo.

Dividida em quatro capítulos, a obra traz um diálogo entre antropologia e história. No primeiro capítulo, o autor demonstra que o ato de rir é uma expressão universal situada no tempo e no espaço dos diversos grupos humanos. Retorna aos períodos medieval, renascentista e iluminista vividos pela sociedade ocidental europeia com o intuito de compreender a forma e a disposição que esse ato adquiriu na Europa. Além disso, ele busca na cultura e na cosmovisão nagô entender o riso entre os africanos e os afro-brasileiros. “Mesmo estando ciente de que a cultura nagô não abrange toda a África, considero valiosíssima sua contribuição cultural, política e psíquica para nossa sociedade”, complementa o autor.

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