17 países europeus declaram apoio a ministra italiana alvo de racismo

 

Cécile Kyenge tem sido alvo de frequentes insultos desde que foi nomeada ministra para a Integração do Governo de Enrico Letta.

“Stop ao racismo, é preciso reafirmar os valores europeus”: num gesto inédito, 17 países europeus, incluindo Portugal, deram o seu apoio à ministra italiana Cécile Kyenge, alvo frequente de insultos racistas, numa “Declaração de Roma” assinada nesta segunda-feira.

Era preciso fazer “qualquer coisa rapidamente para dizer ‘basta, isto é inaceitável’, explicou à AFP a vice-primeira-ministra belga Joëlle Milquet, que foi a promotora da iniciativa.

Depois de ter sido nomeada ministra da Integração do Governo de Enrico Letta, Cécile Kyenge (que é originária da República Democrática do Congo) já foi chamada de orangotango por um ministro da Liga Norte, partido xenófobo que é contra a imigração, foram-lhe atiradas bananas durante um comício, e é alvo frequente de todo o tipo de insultos racistas nas redes sociais.

“Estou completamente chocada, enquanto mulher e democrata, de ver que em 2013 ainda se pode insultar uma ministra legitimamente eleita”, disse Milquet , que acumula a vice-presidência do seu país com a pasta do Interior. Para a responsável belga “era urgente reafirmar os valores da Europa” antes das eleições europeias de Maio de 2014.

Aos jornalistas, Cécile Kyenge disse apreciar o gesto dos seus colegas europeus, mesmo que “o problema não diga respeito apenas a mim”, mas também “às instituições”. Segundo a ministra italiana, o seu caso fez “ressurgir questões que pareciam enterradas mas que estão agora a ressurgir.”

“A Europa é feita de pessoas com cores de pele diferentes, com religiões diferentes, é feita de gente que nasceu no estrangeiro mas que escolheu este continente”, disse Kyenge.

O ministro grego do Interior, Ioannis Michelakis, que viajou até Roma “para apoiar a ministra”, sublinhou o empenho do seu país contra o racismo, a xenofobia e as descriminações”. Atenas, recordou o ministro, está actualmente a travar uma luta para ” destruir o partido neonazi Aurora Dourada, por detrás do qual se esconde uma organização criminosa do tipo paramilitar”.

“A Grécia não é um país racista”, sublinhou Michelakis, apelando à Europa para intervir rapidamente face a este “mal-estar social criado pela crise e pelo aumento em flecha do desemprego”.

A ministra Milquet relembrou que “em todos os países europeus, os partidos de extrema-direita têm vindo a crescer, sejam eles assumidos ou escondendo-se quando defendem a ‘preferência nacional’ ou quando estigmatizam as pessoas de origem estrangeira ou a sua confissão religiosa”.

A Declaração de Roma sublinha que os políticos têm “uma responsabilidade particular” em dar o exemplo na luta contra o racismo e a xenofobia, e pede-lhes que “mostrem determinação nessa luta, tanto nas palavras como nos gestos”.

Fonte: Público

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