“O povo Brasileiro precisa, como os estrangeiros que aqui aportam, antes mesmo destes, ser “imigrado” à posse da sua terra e ao gozo dos seus bens”.
(1) Alberto Torres, Ministro do STF, escandalizado com a dação de terra e recursos vários ao japonês.
por André Pessego via Guest Post para o Portal Geledés
A abolição e a imigração, diametralmente opostas, são os dois calcanhares de aquilhes da nação brasileiro. A “abolição” sai a custo zero para o não negro, no geral; enquanto para o negro vem sendo pior que a escravidão. A imigração no Brasil, em todas as épocas, é feita para salvar a Europa de suas crises cíclicas, daí chega à nocividade. Os recursos dados ao imigrante europeu/japonês são tirados do negro. Isto faz da “abolição” um crime de lesa humanidade; e da imigração no Brasil, um crime de lesa pátria.
Estatísticas: Toda estatística no Brasil é azeitada: Tabulada numa planilha viciada para esconder estes dois crimes: O da abolição e o da imigração. Todo dado estatístico se refere ao negro isolado e não dentro da população, para suprimir a verdade sobre ele, o nego, e mascarar a verdade dos privilégios dados ao imigrante europeu /japonês. Alguns exemplos.
Estatística 1: 1850, população livre, 5.520.000; escravos, 2 500.000, 31%; 1887, população livre, 13.278.616; escravos, 5%, 723.419, (2). – Por que decréscimo tão assustador naqueles 37 anos? O negro não pariu?
Estatística (2), 1882: “São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro: era esta a população: Trabalhadores livres, 1.433.170; trabalhadores escravos, 656,540; desocupados, 2.822.583”
(3)Pergunta: Quem eram os desocupados? Imigrantes? Tinha dos suíços de 1818 ou dos alemães de 1819/21 algum desocupado? Outra série: Estatística (3), 2015: “…2002, … Naquele ano, 19.840 jovens afrodescendentes foram mortos, ante 6.503 brancos”.
(4) Engodo: Nos 6.503 brancos engloba o japonês, o coreano, o chinês? Quantos deles foram assassinados, no todo e ou isolado? Estão ou não no rol dos brancos? E o nordestino, não negro, está onde? Em pé de “igualdade” com quem? Ao imigrante europeu/japonês? Ao negro? Em que “base”: Na cor da pele não preta, ou no nível de privilégios?
Estatística (4): População carcerária. “…Jovens entre 18 e 29 anos presos, os negros representam 275 mil, quase 60% do total, de acordo com o Depen (5).
Manipulação: Dentre os japoneses, quantos estão na cadeia, em 2015. Quantos são os nordestinos não negro? Qual o percentual de “alemães”, “suíços”, … na cadeia nos últimos 100 anos? Que fração de terra foi dada ao negro nos mesmos 100 anos?
A verdade é que é inversamente proporcional a relação “posse da terra”/assassinados e ou presos. (ET: A “terra quilombola” é de propriedade da União, reserva para ser dada ao imigrante europeu/japonês a qualquer momento).
REFORMA AGRÁRIA DESTINADA AO NEGRO
A escravidão dá ao negro o trabalhar, o sofrer e o morrer. A imigração europeia/ japonesa tira, do negro brasileiro, o trabalhar deixa apenas o sofrer e o morrer. Tira-lhe a terra e o direito de ter terra. Ao tirar a terra, cria o enorme fosso da fraqueza. Enfraquecido o negro perde toda mobilidade social e econômica progressiva”. (5)
Metade da terra dada ao imigrante europeu/japonês e a sucessores pertence ao negro brasileiro. Parte, pela lógica da nacionalidade; parte, pelos 350 anos de trabalho forçado, trabalho prestado e que terá de ser pago.
Os dois lados da mesma questão:
A) – O Brasil precisa devolver ao negro a terra usurpada;
B) o Brasil não pode mais desmatar, por qualquer razão. De onde sairá a terra a ser devolvida ao negro? –
“Desapropriação”.
Tem dois tipos de posse da terra a ser desapropriada:
1) parte da terra usurpada pelo estado e dada ao imigrante;
2) a terra grilada, em “Xs” épocas, com aval do Estado.
Ao negro nunca foi dado um metro de terra; ao negro nunca foi permitido a grilagem de um centímetro quadrado que tenha sido.
Estes os dois assuntos entrelaçados tabus no Brasil: Reforma Agrária já derrubou governos e regimes.
Privilégio ao imigrante europeu/japonês também já derrubou governos, e ambos matam diariamente no Brasil. Mas isto não é tão grave, por não ser o produto de ambos.
A injustiça é que é o produto.
A injustiça mata centenas todos os dias. A injustiça nos dá 600 mil presos, por falta de vagas. A injustiça está levando criança de onze anos a empunhar um revolver. E o que há é o resultado de uma escolha errada: Ao trocar, o brasileiro no geral, (negro, mulato, mameluco, cafuzo) e privilegiar ao imigrante para atender a interesses de expansão do capital europeu, inglês em especial, o Brasil adiou, apenas adiou a correção que terá de vir.
Leia também: Os cotistas desagradecidos
Referencial: (1) Alberto Torres, O Problema Nacional Brasileiro, pag. 65; (2 e 3) Clovis Moura, Rebeliões da Senzala, pag. 46 e seguintes. (4) Dados DEPEN, Dep. Penitenciário Nacional. (5) André Pessego, O Negro Brasileiro, Quota ou Indenização?.