Diálogo Brasil debate a apropriação cultural

Mulheres brancas podem ou não usar turbante? Usar adereços indígenas sem considerar a tradição daqueles povos é correto? Interrogações como estas norteiam o debate com a psicanalista Maria de Lourdes Teodoro e a professora de Comunicação Ane Molina

Por Manuela Castro Do EBC

O Diálogo Brasil recebe a psicanalista e doutora em Literatura Comparada com tese sobre identidade cultural e diversidade étnica Maria de Lourdes Teodoro e a professora de comunicação social da Universidade Católica de Brasília, Ane Molina. A psicanalista defende que o povo negro, e outras minorias, desde sempre tiveram suas culturas suprimidas, por isso, segundo ela, o debate da apropriação cultural deve ser muito mais sobre uma questão de supressão de direitos. “A expropriação tem consequências. A nossa luta política é sistematicamente minada por poderes midiáticos. Não é mimimi, não é vitimismo. Não é não. É um esforço hercúleo para reconstruir um pertencimento, uma identidade cultural neste Brasil podendo trazer a nossa ancestralidade africana como um bem, como algo positivo. É uma luta nesse sentido”, afirma Maria de Lourdes Teodoro.

Ana Molina também defende que em muitos momentos existe um uso desrespeitoso e monetarizado de culturas que são historicamente oprimidas. Mas para ela, que já trabalhou o tema com seus alunos em suas aulas de fotografia, às vezes é preciso ver o uso de elementos de uma outra cultura por outro ângulo, que não o da apropriação. “Se a gente fosse mudar a lente e colocar outra lente eu poderia estar reverenciando uma determinada cultura que me é cara. E a da forma que a gente se distribui hoje no planeta, que é praticamente sem paredes, sem fronteiras, sem a barreira da língua é praticamente impossível que isso não aconteça”, argumenta a professora.

O Diálogo Brasil vai ao ar toda segunda-feira, às 22h.

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