Manifesto: 5 anos da Chacina de Osasco e Barueri

No dia 13 de agosto fez cinco anos que a polícia paulista marcou para sempre a vida de dezenas de famílias, quando assassinou 23 pessoas numa chacina brutal, supostamente em represália à morte de um guarda civil e de um PM.

‘Todos eram inocentes. Nenhuma das vítimas tinha relação com a morte do PM e do guarda civil’, afirmou o então secretário de Segurança Pública de SP na época, Alexandre de Moraes.

Cinco anos se passaram da terrível noite do dia 13 de agosto e as mães e familiares continuam lutando por  justiça para seus mortos, assassinados pela polícia do Estado. Mães e familiares que continuam vivendo em estado de dor e indignação, sufocadas pela incompetência de um sistema de justiça racista que, ao não punir agressores, estimulam uma violência descontrolada contra a população negra e favelada.

A mesma justiça que nunca chegou para as mães de Acari, as mães de Cabula, as mães de Maio, as Mães da este, as Mães de Mogi, a mãe da Luana Barbosa, as mães de Paraisópolis e mães e familiares de tantos outros jovens negros e pobres que têm sido mortos cotidianamente no Brasil, pela bala, pelo racismo, pelo encarceramento, e pela certeza da impunidade.

Em 2020, passados cinco anos da Chacina de Osasco e Barueri, o Brasil continua liderando o ranking de assassinatos em ações nas quebradas e favelas, mas também dentro de suas casas, promovendo um verdadeiro genocídio contra a população negra e pobre, deixando um rastro de dor, abandono e indignação. E como sempre, o Estado tem feito pouco ou nada por esta população.

É por esta razão que nós mães e familiares das vítimas desta terrível chacina, mesmo em meio ao agravamento da pandemia do coronavírus e a necessidade de isolamento social, estamos nos manifestando publicamente para exigir justiça e para denunciar o genocídio do povo preto e periférico nas suas muitas formas de nos matar e para denunciar o descaso do Estado com nossa população e nossas comunidades.

Estamos aqui reafirmando que vidas negras importam, e que nossos mortos jamais serão esquecidos. Seguimos e continuaremos dizendo: enquanto viver eu luto! E que não vamos parar de lutar, até que a justiça seja feita para todas e para todos.

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