Douglas Belchior: “Segurança pública no Brasil é genocida”

Para coordenador da UNEafro Brasil, o sistema atual favorece a seletividade e racismo das polícias; ele é um dos participantes do seminário sobre cultura periférica organizado pela Fórum na sexta-feira (14)

Foto: Gabriel Brito/Correio da Cidadania

Por Guilherme Franco no, Revista Fórum 

A violência policial que vitima as periferias brasileiras aumenta a importância do debate acerca da revisão do modelo de segurança pública brasileiro. Além da repressão em série, o despreparo das polícias será tema da segunda mesa do seminário “A Periferia no Centro: cultura, narrativas e disputas”, realizado pela Revista Fórum, na próxima sexta-feira (14), no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

O padrão de segurança pública implementado atualmente é “militarizado e genocida”, segundo Douglas Belchior, professor, cordenador da UNEafro Brasil e debatedor no seminário. Para ele, a tendência de armar as guardas municipais impede o respeito aos direitos humanos. “Há uma ação planejada em todas as esferas que acaba naturalizando uma política de repressão que tem como alvo os pobres e os negros”, explica.

Belchior acredita que a revisão na segurança pública é a única forma de acabar com essa situação alarmante e revelada por diversos estudos. Levantamento divulgado pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar) aponta que a PM assassinou, em 2011, três vezes mais negros do que brancos, sendo em sua maioria jovens entre 24 e 30 anos e moradores de periferias.

Durante as manifestações de junho, a bandeira pela “desmilitarização” uniu diversos movimentos sociais. De acordo com Belchior, esta é apenas uma pauta a ser discutida no setor da segurança pública. “Uma polícia desmilitarizada não necessariamente deixa de ser uma polícia injusta, racista. Neste sentido, a demanda eleitoral não deu conta de botar na mesa de debate a questão da segurança pública como um todo”, garante. “A discussão sobre o tema será ainda mais difícil tanto no Parlamento, que parece que será ainda mais conservador, mas também do ponto de vista do Executivo”, completa o professor, que foi candidato a deputado federal  pelo PSOL de São Paulo nas últimas eleições.

Belchior destaca ainda a importância em debater a cultura de periferia. “A cultura da periferia é fruto da sua própria resistência. Quanto mais valorizarmos essas organizações culturais, mais fortaleceremos a nossa luta”, finaliza.

O seminário “A Periferia no Centro: cultura, narrativas e disputas” terá entrada gratuita. Para participar, basta se inscrever em: www.revistaforum.com.br/periferia.

+ sobre o tema

Quando você mata dez milhões de africanos, você não é chamado de “Hitler”

O seguinte texto foi escrito por Liam O’Ceallaigh para...

Jandira celebra votação contra ‘autos de resistência’

A deputada Jandir Feghali (PCdoB-RJ comemorou o acordo para...

Juventus e Inter podem interromper partida em caso de racismo

Fonte: Estadão.com Por Mark Meadows - Reuters     MILÃO - O jogo...

para lembrar

Inesc: Racismo e Igualdade – vídeo

Apresentamos o programa "Racismo e Igualdade”, no qual...

21 pessoas contam em que momento perceberam que eram negras

"Aos 5 anos, quando ouvi: 'não brinque com eles....
spot_imgspot_img

Número de pessoas mortas pela PM paulista cresceu 138% no 1º trimestre

Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo mostram que o número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no...

Livro continua a ser o melhor investimento de uma pessoa

Em janeiro de 2017, o mundo já era bastante confuso e acelerado. Mal sabíamos o que o futuro nos reservava. Parece até que estou falando...

Seu antirracismo é de fachada?

"Eu não tive a intenção, agora entendo que minhas atitudes são consequências do racismo estrutural." Não foram exatamente essas as palavras que uma cantora branca de sucesso...
-+=