A burguesia sem charme, sem finesse, machista e despudorada

“Eu não vou me deixar atemorizar por xingamentos que não podem ser nem sequer escutados pelas crianças e pelas famílias. Aliás, na minha vida pessoal, eu quero lembrar que enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Eu suportei não foram agressões verbais, mas agressões físicas. E nada me tirou do meu rumo”.

por Fátima Oliviera no O Tempo

Palavras da nossa presidente Dilma Rousseff em resposta aos xingamentos de baixo calão dos VIPs do Itaquerão, que não são os “finos” que se acham, são apenas toscos. Isso tem nome: machismo absoluto! E virou festa, pois tudo o que Dilma fala vira algo de conotação sexual contra ela!

Em 23 de junho passado, no lançamento dos primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, a presidente disse: “Então, aqui, hoje, eu estou saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”. Isso motivou o deputado da bancada ruralista Nilson Aparecido Leitão (PSDB-MT) a criar tumulto no plenário da Câmara, quando, entre outras coisas impublicáveis, declarou: “Dilma está enfiando uma mandioca na população do Brasil com o fim da desoneração da folha de pagamentos”.

A burguesia brasileira e seu apêndice cecal, os novos-ricos, evidenciam uma fixação vitoriana na sexualidade das mulheres no poder como forma de degradar a figura da mulher. De todas as mulheres! Até a própria Dilma, que não é nenhuma feminista de carteirinha, já se deu conta do tratamento machista dos “contra” ao seu governo!

Após seis meses de tentativas de tomar o poder do país de assalto, já que não conseguiram pelo voto nem brecha para a promoção de um impeachment, voltam a atacar pela via da desmoralização sexual.

A exemplo da venda de adesivos no Mercado Livre – que já retirou a brutalidade do ciberespaço –, produzidos em Recife, que dizem que serviriam para protestar contra o preço da gasolina e mostrava a presidente de pernas abertas. “Com 60 por 40 centímetros, o adesivo foi produzido para ser colado na entrada do tanque de gasolina dos carros. Quando do abastecimento, a ideia que seria passada era que a bomba estaria penetrando sexualmente a presidente Dilma”. Sem palavras!

A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Política para as Mulheres, “encaminhou uma denúncia ao Ministério Público Federal, à Advocacia Geral da União e ao Ministério da Justiça, pedindo providências”.

Em visita à Universidade Stanford, na Califórnia, em 1º de julho, a presidente Dilma foi atacada verbalmente por um jovem brasileiro que a chamou de “pilantra, vagabunda”, vocábulo que, bem sabemos, quando dirigido a uma mulher, significa “mulher da difícil vida fácil”.

O agressor saiu de lá como entrou: livre, leve, solto, lépido e fagueiro e postou o vídeo no Facebook! O maior perigo à integridade física e à vida de Dilma Rousseff é a insegurança ao seu redor, pois ela não recebe a proteção que o cargo exige!

O agressor, Igor Gilly Teles de Oliveira, dizem que é ativista do Revoltados Online e da conservadora Ordem Demolay, exclusivamente masculina, “um braço jovem” da maçonaria, com 200 mil filiados no Brasil. Ele declarou que se infiltrou na comitiva presidencial acompanhado de Lucas, Marcos e Maria Rita, que, segundo Igor, dormiu no hotel onde a presidente estava hospedada “e de manhã me ligou dizendo que tinha pegado Dilma no café da manhã e já feito um panelaço”!

A pergunta é: como a segurança presidencial não se deu conta de tanta gente? Ora, me compre um bode!

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