Gênero, raça e espaço: trajetórias de mulheres negras

A matéria prima dessa comunicação se compõe de trajetórias de mulheres negras obtidas a partir de fontes diferenciadas:

1. Aquelas retomadas em pesquisas e levantamentos que abordam inteira ou parcialmente as trajetórias de mulheres negras, publicadas em livros e artigos;

2. Aquelas rememoradas por mulheres negras em artigos de seu próprio punho ou em entrevistas publicadas;

3. Aquelas observadas em trabalhos de campo por nós efetuados ou acompanhados como orientador e colaborador, realizados em agrupamentos negros rurais e urbanos.

O fio condutor dessa proposta de análise se delineia a partir dos deslocamentos de mulheres negras, ou seja, comporta os seus trajetos, não somente geométricos, entre agrupamentos negros rurais e urbanos e entre espaços públicos e privados, que correspondem a um trânsito por âmbitos sócio-raciais diferenciados.

Por Alecsandro JP Ratts, do Anpocs

Dentre os pressupostos do trabalho é necessário evidenciar que considero que as relações raciais têm uma nítida dimensão espacial, assim como as relações de gênero são construídas em âmbitos espaciais sobremaneira definidos. Dizendo de outra maneira, os espaços privados e públicos são vividos diferencial e desigualmente por homens e mulheres, qualificando uns de masculinos e outros de femininos, e por negros e brancos. Na sociedade brasileira algumas dessas distinções não são exclusivas, o que não quer dizer que não existam.

Proponho, portanto, a intercessão “controlada” dessas três variáveis – gênero, raça e espaço – que têm conceituações e derivações historicamente diversas no pensamento científico. A partir desse ponto de vista observa-se que há espaços aos quais estamos habituados(as) e outros que nos parecem estranhos, sobre os quais nos dizem que não é nosso lugar ou nos quais nem sonhamos em adentrar. Em decorrência, é possível indagar: Como se configura para a mulher negra a relação com o espaço? Onde ela é vista habitualmente? Onde ela não é vista?

 

Gênero, raça e espaço: trajetórias de mulheres negras

 

+ sobre o tema

Prostitutas na Austrália postam selfies para mostrar ‘outra face’ da profissão

Jovens garotas de programa na Austrália estão perdendo a...

Descriminalização do aborto até 12 semanas entra na pauta de julgamento do Supremo Tribunal Federal

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, marcou...

Club Athletico Paulistano é processado por discriminação sexual

Um dos mais tradicionais clubes de São Paulo recusou...

“Ele atirou, riu e foi embora”, diz irmão de vítima morta em Goiânia

Isadora era tetracampeã de capoeira e foi uma das...

para lembrar

Mulheres da Paraíba exigem ética da mídia local

Só este ano, 73 mulheres foram assassinadas na Paraíba....

Ser mãe e lésbica é ser invisível duas vezes

Dia 29 de Agosto, celebra-se o Dia Nacional da Visibilidade...

Postura de Marília Mendonça foi libertadora para as mulheres

Marília Mendonça sonhou que fazia shows gratuitos em praças nas...

Não se nasce mulher. Torna-se

Não se nasce mulher. Torna-se no Cartazes & Tirinhas LGBT
spot_imgspot_img

O mapa da LGBTfobia em São Paulo

970%: este foi o aumento da violência contra pessoas LGBTQIA+ na cidade de São Paulo entre 2015 e 2023, segundo os registros dos serviços de saúde. Trata-se de...

Grupos LGBT do Peru criticam decreto que classifica transexualidade como doença

A comunidade LGBTQIA+ no Peru criticou um decreto do Ministério da Saúde do país sul-americano que qualifica a transexualidade e outras categorias de identidade de gênero...

TSE realiza primeira sessão na história com duas ministras negras

O TSE realizou nesta quinta (9) a primeira sessão de sua história com participação de duas ministras negras e a quarta com mais ministras...
-+=