Desmond Tutu, consagrado pela luta contra o apartheid, irá se dedicar mais à família
O Prêmio Nobel da Paz e arcebispo sul-africano Desmond Tutu começou oficialmente nesta quinta-feira (7) sua retirada da vida pública, por ocasião de seu 79º aniversário, celebrado em uma cerimônia particular na Cidade do Cabo, após uma vida dedicada à luta contra a injustiça e a violação dos direitos humanos.
O ex-arcebispo da Cidade do Cabo, homenageado pela Academia do Nobel em 1984 por seu papel no combate ao regime racista do apartheid, havia anunciado em julho a intenção de deixar a vida pública para dedicar mais tempo à família.
Até agora, manteve todos os compromissos, mas a partir de hoje pretende rejeitar “os novos pedidos”, anunciou Dan Vaughan, um porta-voz da Fundação Tutu.
– Ele realmente quer diminuir o ritmo.
Tutu já havia anunciado uma aposentadoria parcial em 2000, motivada por um câncer de próstata, após a conclusão dos trabalhos da Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC). O órgão foi criado depois da queda do governo de apartheid para passar a limpo os horrores cometidos pelo regime de segregação racial.
Mas este homem, conhecido por seu humor, humildade e vitalidade não resistiu às inúmeras solicitações e manteve-se muito presente na cena nacional, como apóstolo da reconciliação e denunciando os desvios do poder, assim como em zonas de conflito no exterior.
Sua decisão não foi levada muito a sério na África do Sul, onde nenhum meio de comunicação se dedicou a noticiar sua retirada nesta quinta-feira. Tutu é considerado “a consciência moral” do país. O comentarista político Chris Maroleng disse duvidar de tal retiro.
– Acho que ele sentiu a necessidade de descansar após ter dedicado sua vida aos demais. Mas, dada sua determinação, me pergunto se será capaz de retirar-se totalmente.
Tutu afirmou que pretende manter a presidência do grupo de reflexão The Elders (Os Anciões), que reúne antigos líderes mundiais a serviço da paz, como o ex-presidente americano Jimmy Carter e o ex-secretário geral da ONU Kofi Annan, além do ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso.
Além disso, também seguirá desenvolvendo o Centro Desmond Tutu pela Paz, instalado na Cidade do Cabo, que está sendo ampliado.
Recentemente, manifestou-se para pedir à comunidade internacional que apoie as vítimas das inundações no Paquistão e condene a caça ilegal de rinocerontes na África do Sul.
Em julho, Tutu havia prometido a sua mulher, Leah, com quem se casou em 1955 e mãe de seus quatro filhos, que ela seria a partir de agora sua principal causa.
– Me casar com ela foi a melhor decisão da minha vida.
Ele prometeu servir à companheira todos os dias “uma xícara de chocolate quente na cama, como todo marido dedicado deve fazer”.
Fonte: R7