Conflito na Líbia deixa imigrantes pobres presos em Trípoli

Com pouca comida e água, trabalhadores da África subsaariana acampam perto de aeroporto, sem esperança ou ajuda para deixar o país


Enquanto as nações mais ricas enviam barcos e aviões para resgatar seus cidadãos da violência na Líbia, uma nova crise de refugiados está tomando corpo nos arredores de Trípoli, onde milhares de trabalhadores imigrantes da África subsaariana estão presos com pouca comida e água, sem ajuda internacional e pouca esperança de escapar.

Os imigrantes – muitos deles ilegais vindos de Gana e da Nigéria, que há muito constituíam uma classe social considerada inferior na Líbia – têm vivido em meio a pilhas de lixo, dormido em tendas improvisadas feitas com cobertores amarrados a cercas e árvores, e respirado os vapores de uma trincheira de excrementos que marca a divisão entre o seu acampamento e o estacionamento do aeroporto de Trípoli. Muitos deles insistem que têm visto mortes por fome e doenças todas as noites.

Os refugiados do aeroporto, juntamente com milhares de outros imigrantes que tiveram sorte o suficiente para atravessar a fronteira da Tunísia, são os mais desesperados de um imenso êxodo que já enviou quase 200 mil pessoas para fora do país desde a eclosão da revolta popular contra Muamar Kadafi há quase três semanas.

Eles estão presos em parte porque a maioria não têm passaportes ou outros documentos necessários para embarcar em um avião ou cruzar a fronteira. Poucos podem pagar por um bilhete de avião qualquer. Eles dizem que estão com medo de deixar o aeroporto ou tentar a sorte nas estradas até a fronteira por medo de agressões por parte dos cidadãos líbios ou das milícias.

Eles se queixam amargamente de traição por parte de seus governos, que não conseguiram ajudar na sua evacuação como fizeram os governos do Egito, Bangladesh e China, que resgataram trabalhadores imigrantes que lotavam o aeroporto há uma semana.

A violência em Trípoli, que teve início por volta do dia 20 de fevereiro fez com que imigrantes de todos os tipos lotassem o aeroporto. Até recentemente, hordas desesperadas de todas as nacionalidades dormiam no chão dos terminais ou nos campos e estacionamento ao seu redor. Guardas com chicotes e paus os obrigavam a abrir caminho na entrada do prédio.

Xenofobia

Apesar da retórica fraternal de Kadafi, a xenofobia é comum no país. Muitos libaneses, etnicamente árabes, menosprezam chineses, bengaleses e africanos de pele escura, nessa ordem. Muitos refugiados africanos em Trípoli e na fronteira com a Tunísia dizem que os líbios frequentemente os tratam como “abd”, ou escravos.

Cerca de 100 mil refugiados, na sua maioria de origem africana subsaariana, chegaram aos campos da Tunísia, onde grupos como o Crescente Vermelho, o equivalente muçulmano da Cruz Vermelha, cuidam dos doentes. Os Estados Unidos emprestaram aviões para levar refugiados egípcios da Tunísia para casa.

Mas a multidão que permanece no aeroporto agora é quase exclusivamente africana e não tem esse apoio. Alguns estão lá há duas semanas ou mais.

*Por David D. Kirkpatrick e Scott Sayare

 

Fonte: iG


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