PF suspeita que dupla racista planejava massacre na UnB

A Polícia Federal viu no site mantido por Marcelo Mello e Emerson Rodrigues indícios de que a dupla planejava fazer na Universidade de Brasília (UnB) um massacre semelhante ao ocorrido em uma escola pública do bairro do Realengo, no Rio. O alvo seriam estudantes do curso de Ciências Sociais, considerados “esquerdistas” por Mello. Eles ainda insinuam que Wellington Menezes de Oliveira, autor das mortes das 12 crianças em 7 de abril no ano passado, teria obtido toda a orientação deles, antes de cometer o crime. A polícia ainda não conseguiu confirmar essa conexão.

No material apreendido em Brasília, foi encontrado um mapa de uma casa de festas próxima do câmpus da UnB. Nos seus posts, Mello condena sobretudo a política de cotas raciais da universidade, em favor dos que chama de “afro-dez-sem-dentes”.

O delegado do Núcleo de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Fúlvio Cardinelli Garcia, acredita que os dois presos ontem em Curitiba podem realmente ter trocado informações com Oliveira. “Essa ‘seita’ pregava o extermínio daquelas pessoas que não eram fieis à causa, e o que nos chama a atenção são veiculações nesse site de mensagens referentes ao massacre de Realengo”, afirmou. “Eles disseram a Wellington que ele tinha duas saídas: ou permanecia calado e se conformava com a situação ou teria de tomar uma atitude em nome da causa.”

Submetralhadora. Mas o que realmente serviu de alerta para a polícia foi a ostentação de submetralhadoras em uma das páginas, no momento em que supostamente estariam planejando um massacre na UnB. “Eles manifestaram esse intento (de um atentado na universidade) e até mesmo postaram no site imagens de submetralhadoras e afirmaram que só não fariam o ato até o carnaval porque queriam o maior número possível de estudantes no local”, disse o delegado. No site, um deles não esconde os sentimentos. “A cada dia que se passa fico mais ansioso, conto as balas, sonho com os gritos das vagabundas e esquerdistas chorando, implorando para viver.”

O site ainda não foi retirado do ar, pois, de acordo com a polícia, está hospedado na Malásia, necessitando de uma comunicação ao governo de lá. De acordo com a PF, o nome que consta do site é represália a uma pessoa que teria expulsado Rodrigues de um fórum virtual – em que se debatia o feminismo -, por causa de opiniões abertamente preconceituosas.

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