Aula pública no Masp inaugura em São Paulo discussão Que Polícia Queremos?

 

Bruno Bocchini

São Paulo – Diversas entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e à segurança pública inauguraram hoje (6) um fórum de discussão que pretende debater a polícia em espaços públicos e nas redes sociais. Com o tema Que Polícia Queremos?, as discussões se iniciaram com uma aula pública no vão livre do Museu de Arte de São Paulo, o Masp.

“A gente decidiu fazer essa aula pública aqui no Masp para tentar engajar outras pessoas. A questão de uma polícia mais compatível com a democracia não pode ficar restrita aos muros das universidades, das organizações não governamentais, mas deve ser um debate público, porque as respostas não são fáceis e, quanto mais gente participar, mais fácil vai ficar encontrar as respostas”, disse a diretora executiva da Conectas Direitos Humanos, Lúcia Nader.

Os organizadores da aula de hoje foram a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Instituto Sou da Paz, a Conectas Direitos Humanos e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o professor Oscar Vilhena Vieira, da Escola de Direito da FGV, o direito à segurança no Brasil é mal distribuído e não há uma política de segurança que seja capaz de assegurar a vida e a liberdade de forma igualitária a todos da população.

“Não é verdade que no Brasil não exista segurança. O problema é que a segurança é desigualmente distribuída. Sou um branco de terno, de cinquenta anos, e a polícia tem uma relação amistosa comigo. Se eu sou um jovem, negro, da periferia, com 17 anos, essa relação não será amistosa”, disse na aula.

Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança, disse que as polícias no Brasil foram estruturadas antes da Constituição Federal de 1988 e trazem traços da ditadura militar. Para ele, as forças de segurança têm de se reorganizar para construírem o respeito para com elas.

“Não é só desmilitarizar, tirar a relação com as Forças Armadas, mas é repensar a forma como elas se organizam e, em vez de fazer uma defesa do Estado, tal como hoje elas são concebidas, fazer uma defesa da sociedade”, disse. “[Precisamos de uma polícia onde] policiais possam trabalhar em outra chave, em uma chave mais de aproximação com a sociedade, com a comunidade e, com isso, angariar o respeito e também construir o respeito”.

 

Fonte: Agência Brasil

+ sobre o tema

A conversa de Snowden com ativista contra a discriminação racial

Edward Snowden declarou recentemente estar disponível para cumprir pena...

Assédio é tão comum no Carnaval quanto confete e serpentina

Do fiu fiu à misoginia: desfilando pelo Carnaval, os...

Crimes de injúria racial cresceram em quase 40% em um ano; relembre casos recentes de racismo no RJ

"Volta pra favela", "macaca suja", "cabelo de macaco", "preto...

Câmara aprova por unanimidade moção de repúdio a atos de racismo contra Vini Jr.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (23), por unanimidade, moções...

para lembrar

Intelectuais negros pensam a Independência em novo livro do selo Sueli Carneiro

Foi lançado nesta semana o livro "A Resistência Negra...

“Autodeclaração é critério correto, mas não pode operar sozinho”

Uma conversa sobre cotas raciais no serviço público com...

Afropotências: Não só luta contra o preconceito, mas poder para o povo preto!

Uma negritude protagonista, com poder para ser o que...

Opinião: O sistema penal não pode proteger as mulheres da violência

Pesquisadora pergunta de que maneira o feminismo pode abordar...
spot_imgspot_img

Marca de maquiagem é criticada ao vender “tinta preta” para tom mais escuro de base

"De qual lado do meu rosto está a tinta preta e a base Youthforia?". Com cada metade do rosto coberto com um produto preto,...

Aluna é vítima de racismo e gordofobia em jogo de queimada na escola

A família de uma adolescente de 15 anos estudante do 9º ano do Colégio Pódion, na 713 Norte, denunciou um caso de racismo e preconceito sofridos...

Atriz Samara Felippo presta depoimento em delegacia sobre caso de racismo contra filha em escola de SP

A atriz Samara Felippo chegou por volta das 10h desta terça-feira (30) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Centro de São Paulo. Assista o...
-+=