No próximo dia 25 celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha no Brasil, e em homenagem à data, desde esta sexta (7/7) até domingo (9/7), está acontecendo a 16ª edição do Festival Latinidades. Neste sábado (8/7), Flora Matos Dama, BellaDona, Buika, DJ Beat Milla e Letícia Fialho se apresentam a partir das 19h no Museu Nacional.
Considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, é uma iniciativa contínua de promoção de equidade de raça, gênero e plataforma de formação e impulsionamento de trajetórias de mulheres negras nos mais diversos campos de atuação. O evento é também um grande palco de discussão do tema e conta com a presença das ministras Margareth Menezes e Anielle Franco. Participam, ainda, Beth de Oxum, Carla Akotirene, as artistas Bixarte, Brisa Flow como palestrantes durante esses quatro dias de programação. No domingo, a Mestra Martinha do coco fecha o o Festival Latinidades.
O tema deste ano é a noção de Bem Viver, que tem a ascendência mais conhecida nos povos originários Aymara e Kichwa, povos da floresta e povos tradicionais da América Latina. O conceito de bem viver vem ganhando força em toda a região nos países latinos por confrontar diretamente o modelo vigente desenvolvimentista e exploratório da natureza e dos seres humanos. Para representar uma luta por representatividade, a celebração do costume latino americano original, o festival escolheu a dedo artistas negras do Brasil para festejar.
A headline Flora Matos era apenas uma garotinha que dormia embaixo da bateria para não precisar dormir no Fusca do pai, Renato Matos. Sempre levava a filha, ainda bebê, para participar dos shows de sua banda Acarajazz, em Brasília. Antes dos quatro anos, a menina já tocava instrumentos e cantava. E foi a partir dessas experiências que decidiu ser cantora. O Rap e o Afrobeat são os ritmos que a artista brinca e encanta. Com rimas de ancestralidade, pertencimento e empoderamento, Flora anima a festa.
O pagode baiano também é destaque na festa, a cantora A Dama leva toda sua energia ao palco do Latinidades. Moradora do bairro de São Marcos, na periferia de Salvador, como a maioria das garotas do subúrbio da cidade faz, começou a frequentar ainda na adolescência os bailes das favelas onde o pagodão dominava. O gênero nasceu no início da década de 90 com É o Tchan. A cantora ressalta que o gênero é dominado por cantores homens, e levantar suas bandeiras para o Latinidades é uma forma linda de dar visibilidade às mulheres pretas. “Espaços como esse mostram que estamos ganhando cada vez mais força e avançando no debate de nossas pautas. E é muito importante que a nossa diversidade cultural e artística esteja presente, por isso estou preparando um show especial e incrível, para colocar todo mundo para balançar ao som do pagode baiano”, promete a artista.
A brasiliense Cinthia Santos trabalha há sete anos como produtora cultural. É a assistente de direção geral do festival e comenta sobre a importância dos shows deste ano. “A programação como um todo, com as palestras, talkes, mesas e debates, acaba tocando em assuntos sensíveis, mas, no festival, mesmo em meio à dor, o povo negro celebra a vida e a existência com festa, todos juntos.” Sobre a ideia de bem viver, ela destaca. “Quando fala de bem viver, a gente tá falando dessa busca de retomar tudo que era nosso que não nos foi permitido”, finaliza Cinthia
Serviço
Festival Latinidades
De 6 a 9 de julho no Museu Nacional, Brasília-DF. Entrada Gratuita. Evento livre para todos os públicos.
Noite de shows no sábado, a partir das 19h.
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