Alaíde Costa derrotou o preconceito para se impor na MPB

 

Uma heroína. É assim que a carioca Alaíde Costa diz se sentir depois de mais de meio século de dedicação à MPB. “Passei por momentos muito difíceis, artisticamente falando”, revela a cantora e compositora, atração deste fim de semana do projeto Salve rainhas, na Funarte MG.

A cada movimento da MPB, Alaíde se via obrigada a superar obstáculos. Mulher e negra, ela se deparou com duplo preconceito. “Negra cantar esse tipo de música?”, ouvia, a respeito de seu repertório. “Me cobraram muito. Era tudo muito velado, mas havia certo preconceito racial. Queriam me ver cantando sambão, rebolando”, relembra.

Para a artista, aliás, existem sambas e sambas. “Os de Paulinho da Viola e Elton Medeiros, por exemplo, são do tipo que posso cantar. Mas tem outros que nem a língua ajuda”, avisa.

Na trajetória de Alaíde não faltaram os momentos em que ela teve de cantar onde não devia. “Mas vivo disso”, justifica, sem arrependimentos. “Nunca me acomodei”. Depois da bossa nova, que praticamente viu nascer, a carioca marcou presença no Clube da Esquina. Ao atender ao convite de Milton Nascimento para um dueto em ‘Me deixa em paz’, de Monsueto, as portas novamente se abriram para o sucesso. Ela gravou também músicas de Toninho Horta.

Dancing 

Acompanhada do pianista Giba Esteves, com quem se apresenta há mais de 20 anos, Alaíde volta a BH para reviver sua trajetória – desde a primeira gravação, ‘Tarde demais’ (Hélio Costa e Anita Andrade), em 1957. “Eu era crooner. Um técnico do som presente ao Dancing Avenida gostou da minha voz e perguntou se queria fazer teste na Odeon. Fui aceita lá”, conta ela.

Sempre no palco, “fazendo um showzinho aqui, outro ali”, a intérprete diz que a bossa nova foi importantíssima, pois ela sempre cantou de um jeito mais suave. Alaíde se cansou de ouvir coisas do tipo “canta bem, mas não tem voz”. Entretanto, seu timbre quase sussurrado acabou se transformando em marca registrada.

Alaíde Costa se impôs no mundo que exigia vozeirões. No início da carreira, ela passou pelo crivo de programas de calouro. “Quando Ary Barroso viu aquela menina de 16 anos, magérrima e não tão bem-vestida, perguntou: ‘O que vai cantar?’. Respondi: “‘Noturno em tempo de samba’, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, uma canção bonita, mas muito difícil’”. Foi assim que a mocinha ganhou nota máxima do exigente radialista mineiro, famoso compositor.

SALVE RAINHAS

Com Alaíde Costa. Talk show. Sábado e domingo, às 19h. Funarte MG, Rua Januária, 68, Floresta. Ingressos: R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). Informações: (31) 3213-3084.

 

Fonte: Divirta-Se

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