A cada movimento da MPB, Alaíde se via obrigada a superar obstáculos. Mulher e negra, ela se deparou com duplo preconceito. “Negra cantar esse tipo de música?”, ouvia, a respeito de seu repertório. “Me cobraram muito. Era tudo muito velado, mas havia certo preconceito racial. Queriam me ver cantando sambão, rebolando”, relembra.
Para a artista, aliás, existem sambas e sambas. “Os de Paulinho da Viola e Elton Medeiros, por exemplo, são do tipo que posso cantar. Mas tem outros que nem a língua ajuda”, avisa.
Dancing
Sempre no palco, “fazendo um showzinho aqui, outro ali”, a intérprete diz que a bossa nova foi importantíssima, pois ela sempre cantou de um jeito mais suave. Alaíde se cansou de ouvir coisas do tipo “canta bem, mas não tem voz”. Entretanto, seu timbre quase sussurrado acabou se transformando em marca registrada.
Alaíde Costa se impôs no mundo que exigia vozeirões. No início da carreira, ela passou pelo crivo de programas de calouro. “Quando Ary Barroso viu aquela menina de 16 anos, magérrima e não tão bem-vestida, perguntou: ‘O que vai cantar?’. Respondi: “‘Noturno em tempo de samba’, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, uma canção bonita, mas muito difícil’”. Foi assim que a mocinha ganhou nota máxima do exigente radialista mineiro, famoso compositor.
SALVE RAINHAS
Com Alaíde Costa. Talk show. Sábado e domingo, às 19h. Funarte MG, Rua Januária, 68, Floresta. Ingressos: R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). Informações: (31) 3213-3084.
Fonte: Divirta-Se