No ano em que comemora seus 15 anos de ações e resistência através da dança e da arte, a Cia. Sansacroma realiza o projeto “Negritudes convergentes: danças independentes” que ocupa até dia 26 de novembro, a Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte SP (Edital de Ocupação) com diversas atividades que abordam parte do repertório da Cia em parceria com coletivos que dialogam com o eixo curatorial do projeto: “Corpos Marginais e pluralidades em Dança”.
A Companhia de dança foi criada no Capão Redondo, na periferia sul de São Paulo, e, para a diretora da Cia. Sansacroma, Gal Martins, a escolha do período é pertinente, uma vez que é no mês de novembro que se afirma o Mês da Consciência Negra. “Queremos levantar discussões e pautar trabalhos em dança que foquem e priorizem os corpos negros e periféricos. Corpos estes que estão em constante movimento e produção de conhecimento em dança, partindo do olhar plural da contemporaneidade”, conta a diretora.
A programação do projeto evidência um panorama artístico múltiplo, que questiona padrões hegemônicos relacionados à noção de corpo, processo e estética. “A dança protagoniza uma trama diversa na qual periferias e centros se encontram, se chocam e se retroalimentam, construindo um território que é multifacetado no que diz respeito aos percursos de concepção, pesquisa e criação artística, assim como distintas visões sobre conteúdos e contextos para o fazer arte”, explica Gal.
PROGRAMAÇÃO
15 de Novembro, às 20h30 – Espetáculo: “Vênus Negra, um manual de como engolir o mundo” (Projeto Zona Agbara) Duração: 60 minutos Faixa Etária: 12 anos – Sala René Gumiel
Através de uma singela homenagem à Saartjie, a Vênus Negra, mulher africana que há dois séculos foi exibida em uma jaula na Europa por ter proporções avantajadas, o espetáculo propõe exorcizar a condição vivida por ela, transpondo essa problemática para o nosso tempo. Corpos que se desnudam e se lançam na experiência singular de traduzir os processos que tangem suas existências e suas relações sociais. Vênus Negras de hoje, do agora e do depois. Corpos em constante afirmação e protesto, corpos que demarcam espaços simbólicos e geográficos. A Zona Agbara é um grupo de que consiste na visibilidade e valorização da produção artística de mulheres pretas e gordas utilizando a criação em dança como principal ferramenta de transgressão e afirmação estética e social.
Divulgação
FICHA TÉCNICA
Concepção e Direção: Gal Martins Intérpretes Criadoras: Fabiana Pimenta, Dandara Gomes, Luciane Barros e Gal Martins Participação Especial e Preparação Corporal: Rosângela Alves Musicista Convidada: Analu Barbosa Figurino: Wellington All Letras Musicais: Fabiana Pimenta Texto: Gal Martins Edição de Trilha Sonora: Piu Dominó e Erico Santos Colaboração em Arranjos Musicais: Luana Bayô Iluminação: Natália Tavares Fotografia: Sheila Signário Assistente de Produção: Piu Dominó Assessoria de Imprensa: Lau Francisco
16 de Novembro, às 20h30 “Mostra de Processos do Primeiro Fórum de Criação Convivial: A Dança da Indignação”
Participantes: Jo Pereira, Luiza Meira, Inessa Silva, Wellington All, Conrado Carmven, Urubatan Miranda e Marcio Dantas
Duração: 60 minutos Faixa Etária: livre
A Cia Sansacroma durante o primeiro semestre de 2017 abriu seu espaço, para receber 14 artistas independentes, de várias regiões e periferias com o intuito de compartilhar seus processos e metodologia de criação intitulada “Dança da Indignação”. A proposta foi de encontrar estratégias de aproximar esses artistas, entre eles jovens, acadêmicos, docentes, bailarinos e atores, mulheres, homens, negros, brancas, bichas, lésbicas e héteros, à metodologia que permeiam as criações artísticas-politicas e sociais enquanto (re)existência no cenário da dança negra paulistana. Aqui pretende-se compartilhar com o público todo esse processo, ato necessário na medida em que os mesmos se tornam protagonistas de seus processos e precisam compreender na troca e na relação com o outro, os impactos, transformações, fragilidades e potências do que foi construído.
17 e 18 de novembro, às 21h00 Espetáculo: “Corredeira” (Nave Gris Cia. Cênica) Duração: 30 minutos Faixa Etária: livre
Corredeira nasce da percepção das águas que correm para o mar e da relação do poder ancestral ligado às aguas no corpo feminino. É água que inunda o corpo e o faz mover em busca de espaços locados na memória ancestral que se presentifica no acontecimento da dança.
FICHA TÉCNICA
Concepção, criação e interpretação: Kanzelumuka Colaboração artística: Murilo De Paula Iluminação: Diogo Cardoso Arte sonora: Vagner Cruz Figurino: Éder Lopes Produção: Guria Q Produz Realização: Nave Gris Cia. Cênica
17 de novembro às 18h e 18 de Novembro às 16h
Apresentação Infanto-juvenil – Praga da Dança – Coletivo Desvelo
Duração: 1 hora Faixa Etária: livre Local: área externa
No século XVI, a cidade francesa de Estrasburgo viveu uma inexplicável epidemia que matou centenas de pessoas, que dançaram sem descanso por dias seguidos até seus corpos não suportarem mais. Mito ou verdade, esta referência histórica permeia o espetáculo, que propõe uma contaminação de movimentos entre os corpos dos artistas e os das pessoas que transitam pelo espaço onde eles se apresentam. Com o olhar ou o toque, os dançarinos lançam convites para o público, que pode se juntar a eles e dançar junto a percussão da trilha sonora. O fim da apresentação, ao contrário da história original, é uma grande celebração.
FICHA TÉCNICA
Direção e Concepção: Djalma Moura Intérpretes criadores: Erico Santos, Juliana Nascimento, Mônica Caldeira, Victor Amaro, Heloisa Amazonas, Piu Dominó e Renato Almeida. Criação musical: Leandro Perez Figurino: Coletivo Desvelo Produção: Djalma Moura
18 de novembro, às 17h00 – Mesa: Saúde Mental da População Negra
Cássia Rosário (mediação), Lucila Faustino e Telma Gomes
Psicólogas convidadas: Cássia Rosario CRP 06/124087, Lucila Faustino CRP 06/ 110110, Telma Gomes CRP 06/123686
Duração: 90 minutos Faixa Etária: livre
Vamos falar sobre saúde mental da população negra? O racismo e outros tipos de violência vem causando sentimentos, situações de conflitos internos e externos e em muitos casos, sofrimento mental. Essa mesa propõe apresentar a necessidade do diálogo, do compartilhar as dores e sofrimentos que são comuns para a população negra e que as psicologias nem sempre se mostraram sensíveis.
19 de novembro, às 16h00 Espetáculo: Girar (Grupo Batakerê)
Duração: 60 minutos Faixa Etária: livre Local: Área externa
Girar é a encruzilhada entre a memória e presente, sagrado e profano. O Espetáculo apresenta o encontro de amigos que tem em comum em comum a Capoeira e que pelas estradas da vida beberam de outras fontes: o Samba de Roda, o Tambor de Criola e o Jongo expressões de resistências poéticas e políticas. A oralidade e o corpo fundem-se para transmitir a festa, espaço de troca da experiência como contrapartida como contraponto nas durezas da vida. O público presente nas ruas, nas praças, feiras será convidado à dança, em uma só alegria.
FICHA TÉCNICA
Direção: Pedro Peu Assistente de Direção: Silvana de de Jesus Músicos: Dominique Vieira e Josué Bob Dançarinos: Talita Bonfim, Cintia Ribeiro, Taíze Sá, Nancy Teixeira, Rafael Oliveira, Yasmin Ribeiro Produção: Verinha Curado Assistente de produção e Fotografo: André Piranda
19 de novembro, às 18h30, espetáculo: RisKo, de Morgana Sousa
Duração: 35 minutos Faixa Etária: 12 anos Sala Renné Gumiel
Por um trajeto de luz, uma mulher negra revive memórias de seus afetos pela cidade e, em meio a este percurso, prossegue (re) descobrindo maneiras de (re)desenhar escolhas. Para dialogar com este novo cenário, ela persiste transitando entre o claro e o escuro, arriscando-se em novas possibilidades. Construindo a seu tempo e sua maneira novas formas e desenhos em sua corporeidade.
FICHA TÉCNICA
Concepção, Direção, Dança e Light-Painting: Morgana Sousa Registros Fotográficos Light-Painting: Ilma Guideroli e Fábio Minagawa Vídeo-Projeção: Padre Art Trilha Sonora: Tiago Amorim Operadora de Luz: Gabriella Russo/ Aline
21 de Novembro, às 14h “Oficina Formativa para escolas e instituições | Dança e a Lei 10.639”, com Ciça Coutinho e Érico Santos
Duração: 120 minutos Faixa Etária: 4 a 14 anos
As oficinas têm como objetivo geral aproximar os participantes da linguagem artística dança, trabalhando a expressão corporal e a convivência. A metodologia tem base na relação entre a prática da dança e o processo reflexivo sobre o fazer. As aulas sempre serão intercaladas com leitura de textos e diálogos provados pelos mediadores. A abordagem pretender ter uma relação direta com a aplicação efetiva da Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, alterou a Lei nº. 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial das escolas de ensino fundamental e médio de todo o país a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”.
21 de Novembro, às 16h “Oficina Dança Negra Contemporânea”, com Djalma Moura
Duração: 120 minutos Faixa Etária: 14 anos
Oficina de Dança organizada pelos pilares técnica de chão e pulsação das danças Afro-brasileiras pretende desvelar outras maneiras de preparar o corpo para sua imersão no espaço e na relação com o outro
Dia 22 de novembro, às 19h30 – Espetáculo: Encruzilhada – (Fragmento Urbano) Duração: 55 minutos Faixa Etária: Livre Local: Área externa
Atividade integrante da XI Mostra de Fomento à Dança.
“Encruzilhada” é um espetáculo de dança sobre a atualidade, a ressignificação da ancestralidade, os espaços urbanos e propostas de numa nova consciência corporal e política, em movimento propõe um ato de resistência das periferias, dos mestres da cultura popular e do Hip Hop pouco reconhecidos. O Grupo Fragmento Urbano é um grupo de dança que nasceu em 2009 da inquietude de jovens advindos da periferia da Zona Leste de SP que traziam como ponto de interesse comum a criação de espetáculos a partir da linguagem das Danças Urbanas (Hip Hop) para intervenção urbana.
Dia 24 e 25 de novembro, às 21h00
Dia 26 de novembro, às 18h30
Espetáculo: “Sociedade dos Improdutivos” – Cia. Sansacroma
Duração: 50 minutos Faixa Etária: 14 anos Total de lugares: 40
Sala Renée Gumiel (22 e 24 de novembro (Atividade integrante da XI Mostra de Fomento à Dança)
O questionamento central do espetáculo contrapõe o corpo que é socialmente invalidado ao corpo que é socialmente produtivo. O primeiro é marginal portador de algum tipo de loucura. O segundo é medicado, incluído e sujeitado ao modo de vida capitalístico – corpo explorado até o esgotamento das suas capacidades produtivas. Trata-se da invalidez da reprodução. Força invisível chamada de loucura, transcender coletivo. A não-adequação social produtiva. É solidão. É a história, um itinerário da loucura em fusão para um embate contra o capital. O controle ocidental contrapondo a corporeidade do imaginário africano. São vozes potentes, negras, de territórios e seus povoamentos. Um cotidiano dos que estão à margem e dos que não estão. São vozes da “Sociedade dos Improdutivos”.
FICHA TÉCNICA
Direção e Concepção: Gal Martins Intérpretes Criadores: Djalma Moura, Ciça Coutinho, Flip Couto, Érico Santos, Malu Avelar e Aysha Nascimento Orientador de Pesquisa e Provocação Cênica: Rodrigo Reis Orientador de Pesquisa de Campo: Rodrigo Dias Assistente de Direção: Djalma Moura Composição e Arranjos Musicais: Cláudio Miranda Direção Musical: Melvin Santhana Figurinos e Adereços: Mariana Farcetta Concepção de Luz: Almir Rosa Montagem e Operação de Luz: Piu Dominó Preparação Corporal: Mônica Teodósio, Djalma Moura e Verônica Santos Cenotécnico e técnico de áudio: Fábio Miranda Direção de Produção: João Simões Assistente de Produção: Dandara Gomes Assessoria de Imprensa: Marcelo Dalla Pria Fotografia: Raphael Poesia e Leonardo Brito Colaboradores: Denise Dias Barros Agradecimentos: Caps Jd.Lídia, Secretária Municipal de Saúde e Valéria Ribeiro
Dias 22 e 23 de novembro, das 20h30 às 21h00
Espetáculo: Sangue , de Flip Couto
Duração: 30 minutos
Tendo como ponto de partida o ambiente dos Bailes Black dos anos 70, festas de bairros, reuniões de famílias negras e as diversas relações presentes no dinâmico cotidiano das cidades, a obra busca criar um ambiente relacional tendo o auto depoimento como disparador de sensações, sonoridades, gestos, imagens e ritmos. Estímulos esses que criam um fluxo de improvisação através da troca de contaminações, culminando assim em um resgate/transformação das memórias de cada um. O processo da obra traz como poética a experiência dos vínculos pré estabelecidos entre público e obra que se encontram e se diluem em um mesmo espaço, podendo se transformar numa coisa só.
Dias 22 e 23 de novembro, das 21h00 às 21h30
“Sentir na Pele” – Tiago S. Meira (Boogaloo Begins)
Faixa etária: Livre Local: Sala Renee Gumiel
Corpo negro, corpo este que por ações opressoras transformou-se, e em sua negritude afirmou-se. Sentir na pele, é o negro do passado no presente, o ancestral no descendente, e questiona este corpo na sociedade em que vive. Tiago S. Meira ou como é conhecido no ambiente artístico “Boogaloo Begins”, licenciado em dança, pesquisador e arte-educador em dança. Integra o grupo Chemical Funk desde 2006. Atualmente também desenvolve um trabalho como arte-educador no programa Fábricas de Cultura, ministrando aulas de Danças Urbanas para turmas de crianças, adolescentes e adultos.
Dia 24 de novembro, às 10h
Oficina: Dança materna para mães e bebês de colo e engatinhantes
Com : Priscila Obaci
30 vagas Duração: 120 minutos gratuito Local: Sala Renée Gumiel
Não há necessidade de inscrição prévia.
A oficina propõe, mais que colocar um bebê no sling e sair dançando, trazer um olhar sobre a experiência estética vivenciada pela mãe e pelo bebê, para os cuidados com a mulher pós-parto e com o bebê, sob os aspectos físicos, emocionais, do vínculo com sua mãe e da interação e das brincadeiras entre ele e outros bebês. O contexto de cada participante é considerado em toda a sua complexidade e delicadeza e o momento da dança é o auge nesta teia de sentidos e relações.Destinado a mães e ou pais com bebês a partir de 1 mês (em caso de parto normal), a partir de 1 mês e meio (em casa de parto cesariana), sempre com o uso de algum tipo de carregador de bebê (sling, wrap, canguru, entre outros), trazido pelo participante.Priscila Obaci é bacharel em Comunicação das Artes do Corpo com habilitação em teatro pela PUC-SP, onde também estudou dança. Além de atriz e dançarina, é poeta, e co-fundadora da Capulanas Cia. de Arte Negra e da Umoja, que realizam criações cênicas híbridas com base na pesquisa de culturas de matrizes africanas. Com arte-educadora desde 2005, ministrou aulas de expressão corporal para mães no Instituto Gabi e após o nascimento de seu filho, fortaleceu sua pesquisa sobre a relação a mães e crianças que a aproximou do projeto Dança Materna.
SERVIÇO
“Negritudes convergentes: danças independentes”
Realização: Cia. Sansacroma
Quando: até 26 de novembro de 2017
Onde: Complexo Cultural Funarte SP Sala Renée Gumiel, à Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos (próximo ao metrô Marechal Deodoro)
Telefone: (11) 3662-5177
Valores: Espetáculos sala Renée Gumiel (R$ 10/ inteira, R$ 5/ meia, gratuidade para moradores da região dos Campos Elísios com comprovante de residência)
Espetáculos externos e oficinas: gratuito
Mesa: Saúde mental da população negra: gratuito
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